Tributos asfixiam produção
Pedro J. Bondaczuk
A
carga de impostos – municipais, estaduais e federais – que recai
sobre as costas do atormentado contribuinte brasileiro é
assustadora. Mas o Poder Público ainda não está satisfeito e quer
tirar cada vez mais, mediante a elevação das alíquotas dos
tributos já existentes e a criação de novos, numa fúria
arrecadadora que raia a insânia.
Na
capital do Estado, o Imposto Predial e Territorial Urbano, o IPTU,
foi majorado em torno de 2.000% - em alguns casos até mais – em
média, isto acima da inflação. O Imposto sobre Propriedade de
Veículos Automotores, IPVA, de caráter estadual, não ficou atrás.
No
âmbito federal, o ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso,
para fazer valer o princípio da anualidade, edita, entre hoje e
amanhã, medida provisória elevando em 5% as alíquotas do IPI e do
IR, criando, inclusive, neste último caso, nova faixa para retenção
na fonte de 35% para os salários superiores a CR$ 2,4 milhões.
A
partir de janeiro, volta a ser cobrado o impopular e inflacionário
IPMF, além da Cofins, considerada constitucional, em recente decisão
do Supremo Tribunal Federal. Toda essa carga tributária recairá,
como sempre, sobre a cada vez mais massacrada classe média, que arca
com os delírios e as orgias de desperdício dos governos municipais,
estaduais e federal. É nela que os salários são mais corroídos e
ela é a consumidora por excelência. Portanto, é a burra que o
Poder Público crê inesgotável, à qual sempre recorre para cobrir
rombos orçamentários e déficits nunca explicados aos que no final
das contas os financiam.
Os
burocratas não se contentam com a mera correção pela inflação
acumulada. Entra ano, sai ano, os impostos são aumentados,
invariavelmente, acima dela. A carga tributária, com as novas
investidas do governo federal, terá uma elevação recorde, de 28,2%
do Produto Interno Bruto, superando a maior marca anterior, de 26,9%,
gerada pelo confisco determinado pelo malfadado Plano Collor.
Dura,
no entanto, é a constatação de que esse dinheiro finda por ser
malbaratado, não trazendo os benefícios sociais que seriam
necessários e obrigatórios. Sabe-se que os esquemas de corrupção
(os já conhecidos, pois estima-se que haja muitos ainda encobertos e
por desvendar) propiciam uma evasão de recursos da ordem de 20% do
PIB (e o brasileiro é o nono maior do mundo). Trata-se de uma
drenagem insana de divisas, que deixam de movimentar o comércio, a
indústria e o setor de serviços, para financiar mutretas e
maracutaias.
(Editorial
publicado na página 2, Opinião, do Correio Popular, em 30 de
dezembro de 1993).
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