Painel
de ideias e de culturas
Pedro
J. Bondaczuk
O
Prêmio Príncipe das Astúrias de Letras e um dos mais cobiçados e
prestigiosos, dos tantos que há mundo afora. É sumamente
democrático e aceita a candidatura de todos os escritores,
independente de sua nacionalidade ou do idioma em que produzam suas
obras, desde que satisfaçam suas únicas condições, ou seja, “cujo
trabalho de criação ou de pesquisa represente uma contribuição
relevante à cultura universal nos campos da literatura e da
linguística”.
Dos
vários prêmios literários de que tenho conhecimento, este é um
dos que têm mais amplo caráter internacional. Seu âmbito de
abrangência é, virtualmente, ilimitado, o mundo. Provavelmente,
nesse aspecto, seja superado, apenas, pelo Nobel de Literatura.
Trata-se, pois, de um prêmio que qualquer escritor de sucesso
gostaria de incluir em seu currículo, pelo prestígio que dá.
Para
que vocês tenham uma ideia de sua abrangência, a edição de 2011,
por exemplo, contou, conforme li num despacho da agência de notícias
espanhola EFE, com 32 candidatos. Até aí, nada de mais. Há prêmios
com número superior de candidaturas. O que chama a atenção,
todavia, é o fato desses postulantes procederem de 25 países
diferentes, de todos os continentes.
As
localidades representadas foram: Argentina, Áustria, Austrália,
Bósnia, Brasil, Canadá, Cuba, Chile, China, Estados Unidos, França,
Guatemala, Grécia, Holanda, Irã, Itália, Líbano, Macedônia,
México, Portugal, Reino Unido, Romênia, República Checa, África
do Sul e Espanha.
Como
se vê, os 19 juradoa tiveram pela frente uma tarefa digna dos “doze
trabalhos de Hércules”. Tinham, diante de si, um painel das
principais tendências literárias do mundo na atualidade, com imensa
variedade de ideias, costumes, tradições, estilos, personagens,
enredos e formas de expressão os mais variados e complexos
possíveis. Lendo as obras dos escritores candidatos, teríamos um
painel praticamente completo do panorama literário mundial de hoje.
É uma tarefa complexa, não restam dúvidas, no entanto, fascinante.
Para
um julgamento que envolve tamanha multiplicidade, que, neste caso, é,
sobretudo, subjetivo, o júri conta com escritores, jornalistas,
professores de literatura, críticos literários e até mesmo um
empresário, no caso um banqueiro. Creio que a mescla foi inteligente
e suficientemente variada. Este, no meu entender, é um tipo de
disputa em que não há vencedores e nem vencidos. Claro que o
objetivo de todos os candidatos é o de obter o prêmio máximo. Mas
só o fato de participar de uma premiação de tamanha envergadura e
abrangência já é um ponto positivo para todos os 32, para
enriquecerem seus respectivos currículos.
A
propósito, o ganhador daquele ano foi um canadense. Foi o poeta e
cantor Leonard Cohen, autor, entre outros livros, do romance “O
jogo favorito” O ganhador do prêmio em 2010 havia sido Amin
Maalouf, escritor e jornalista (mantendo a tradição da nossa
profissão de produzir excelentes autores de ficção) libanês,
ex-chefe de redação da prestigiosa e reputada revista “Jeune
Afrique”, autor de vários livros de sucesso, como “Leão, o
africano”, “Samarcanda”, “Os jardins da luz”, “O périplo
de Baldassera”, “Origens” e “O amor de longe”, entre
outros.
Além
de literatura (com os 32 candidatos de 25 países de 2011 que citei
como exemplo), o Prêmio Príncipe das Astúrias, promovido pelo
Instituto de mesmo nome, em homenagem ao herdeiro da coroa espanhola,
tem, também, anualmente, as seguintes premiações, igualmente
atribuídas, desde 1983: Artes, Comunicação e Humanidades,
Cooperação Internacional, Ciências Sociais, Esportes, Pesquisa
científica e Técnica e Concórdia.
A
literatura brasileira, ao contrário do que ocorre com o Prêmio
Nobel, já foi contemplada, o que atesta sua inegável qualidade e a
alta criatividade dos nossos escritores. Quem ganhou essa premiação
para o Brasil foi a imortal da Academia Brasileira de Letras,
entidade que já chegou a presidir, a carioca Nélida Piñon, em
2005. Como se vê, fomos otimamente representados.
Entre
os nomes mais famosos, que já ganharam esse prêmio, estão alguns
ganhadores do Nobel. Os que chamam mais a atenção são: Juan Rulfo
(1983), Mário Vargas Llosa (1986, junto com Rafael Lapusa), Camilo
José Cela (1987), Carlos Fuentes (1994), Doris Lessing (2001),
Arthur Miller (2002), Susan Sontag (2003, junto com Fatama Memissi),
Paul Auster (2006), Amos Oz (2007) e Ismail Kadaré (2009).
Aos
vencedores, em todas as categorias, é oferecida, anualmente, uma
escultura do magnífico e genial artista catalão Joan Miró. Estarei
atento, estejam certos, ao resultado, notadamente da categoria
Literatura (a “nossa praia) e torcendo, sem dúvida alguma, pelo
sucesso do representante brasileiro (que infelizmente não consegui
apurar quem é).
Acompanhe-me pelo twitter: @bondaczuk
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