Mobilização pela segurança
Pedro J. Bondaczuk
O
aumento da violência e da criminalidade em todo o País despertou,
com razão, a mobilização crescente da sociedade, que não suporta
mais conviver com o atual estado de coisas. Diversas pessoas e
entidades civis vêm oferecendo, de variadas maneiras, inclusive pela
Internet, sugestões práticas e factíveis, no afã de contribuir
para a solução de tão grave problema. Muitas podem (e devem) ser
aproveitadas, e postas imediatamente em execução. Outras, chegam a
ser folclóricas, de tão fantasiosas, mas valem pelo engajamento dos
cidadãos.
Uma
das formas de prevenção à violência urbana é a que se refere ao
reforço da iluminação pública das cidades, principalmente nos
pontos mais sensíveis, onde o risco de ocorrerem delitos seja maior.
O aumento do policiamento ostensivo, nos pontos mais sensíveis,
consta de todas as propostas de reforço da segurança. Sugere-se,
neste caso, a utilização das Guardas Municipais, mesmo com homens
desarmados, para policiar locais considerados propícios à
ocorrência de crimes.
Propõe-se,
também, o uso de câmeras de TV nesses pontos, com estrutura
adequada para a tomada de providências urgentes se notada a presença
de pessoas suspeitas, ou se houver ocorrência que justifique
imediata intervenção policial. Trata-se de medida relativamente
barata e que pode dar excelentes resultados.
Reivindica-se,
também, comunicação mais frequente entre a população e a
Polícia, quer através do serviço "Disque Denúncia",
quer por outros meios que eventualmente venham a ser criados. Mas que
as pessoas não se limitem a comunicar às autoridades os fatos que
"já ocorreram". Ajam, isso sim, em sentido preventivo,
comunicando os perigos reais, para evitar que atos de violência
venham a ser cometidos contra quem quer que seja. Afinal, já diziam
nossos avós: "prevenir é melhor do que remediar".
Quanto
ao trânsito, algumas cidades já estão reduzindo o tempo de parada
dos veículos nos faróis, a partir de determinadas horas da noite.
Sugere-se, inclusive, que os motoristas se acostumem a buzinar com
insistência quando perceberem movimentos suspeitos em seu trajeto,
para alertarem outros, que vierem atrás, para o perigo, e evitarem,
dessa forma, assaltos e sequestros-relâmpagos.
Juntos,
em estreita cooperação, Poder Público e sociedade podem senão
acabar com a violência e a criminalidade (já que suas causas são
muito mais profundas do que muitos querem admitir, extrapolando a
mera esfera policial), pelo menos reduzir bastante seus índices.
Por isso, a
população, principalmente nas grandes cidades do País, tem que se
manter mobilizada, unida e atenta. Trata-se de uma guerra sem tréguas
e sem quartel, tão, ou mais, importante do que aquela que os países
do Primeiro Mundo, liderados pelos Estados Unidos, movem com tamanho
estardalhaço contra o terrorismo internacional.
Nas grandes
cidades brasileiras, morrem muito mais pessoas, diariamente, vítimas
de homicídios, assaltos a mão armada, atropelamentos, etc., do que
na maioria das guerras recentemente travadas nos pontos considerados
mais violentos do Planeta, inclusive na recente invasão
norte-americana ao território do Iraque. As vítimas são, em geral,
jovens, o que aumenta ainda mais o prejuízo do País.
A cidade de
Campinas, com um milhão de habitantes, registra, anualmente, mais
homicídios, em termos absolutos, do que Nova York, por exemplo, que
tem população superior a 12 milhões de pessoas. E está muito
próxima, nesse aspecto, de alcançar Los Angeles, tida e havida como
a cidade mais violenta dos Estados Unidos na atualidade. Se a
comparação for entre Rio de Janeiro e São Paulo, por exemplo, com
as mencionadas metrópoles norte-americanas, a diferença será
brutal, em detrimento das capitais fluminense e paulista.
O
governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva está criando o
Sistema Único de Segurança Pública, visando a integrar as polícias
civil, militar, federal e até as guardas metropolitanas,
principalmente no que diz respeito às ações de combate ao crime,
em todo o País. O objetivo é o aproveitamento mais racional dos
recursos disponíveis, evitando que corporações diferentes entrem
em competição entre si.
O
primeiro Estado a aderir ao programa foi o Rio de Janeiro, por
motivos óbvios. A cidade atravessa, mais uma vez, um dos seus
cíclicos climas de guerra civil, semelhante, ou até pior, do que o
que protagonizou em meados dos anos 90, notadamente por causa de
ataques, cada vez mais ousados e frequentes, de narcotraficantes, que
vêm desafiando, há tempos, as autoridades e se impondo, a ferro e
fogo, criando, na prática, um “Estado dentro do Estado”, em
detrimento, logicamente, da apavorada população carioca.
(Editorial
da Folha do Taquaral de 25 de setembro de 2003).
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