Wednesday, March 21, 2018

DIRETO DO ARQUIVO - Mobilização pela segurança


Mobilização pela segurança



Pedro J. Bondaczuk


O aumento da violência e da criminalidade em todo o País despertou, com razão, a mobilização crescente da sociedade, que não suporta mais conviver com o atual estado de coisas. Diversas pessoas e entidades civis vêm oferecendo, de variadas maneiras, inclusive pela Internet, sugestões práticas e factíveis, no afã de contribuir para a solução de tão grave problema. Muitas podem (e devem) ser aproveitadas, e postas imediatamente em execução. Outras, chegam a ser folclóricas, de tão fantasiosas, mas valem pelo engajamento dos cidadãos.

Uma das formas de prevenção à violência urbana é a que se refere ao reforço da iluminação pública das cidades, principalmente nos pontos mais sensíveis, onde o risco de ocorrerem delitos seja maior. O aumento do policiamento ostensivo, nos pontos mais sensíveis, consta de todas as propostas de reforço da segurança. Sugere-se, neste caso, a utilização das Guardas Municipais, mesmo com homens desarmados, para policiar locais considerados propícios à ocorrência de crimes.

Propõe-se, também, o uso de câmeras de TV nesses pontos, com estrutura adequada para a tomada de providências urgentes se notada a presença de pessoas suspeitas, ou se houver ocorrência que justifique imediata intervenção policial. Trata-se de medida relativamente barata e que pode dar excelentes resultados.

Reivindica-se, também, comunicação mais frequente entre a população e a Polícia, quer através do serviço "Disque Denúncia", quer por outros meios que eventualmente venham a ser criados. Mas que as pessoas não se limitem a comunicar às autoridades os fatos que "já ocorreram". Ajam, isso sim, em sentido preventivo, comunicando os perigos reais, para evitar que atos de violência venham a ser cometidos contra quem quer que seja. Afinal, já diziam nossos avós: "prevenir é melhor do que remediar".

Quanto ao trânsito, algumas cidades já estão reduzindo o tempo de parada dos veículos nos faróis, a partir de determinadas horas da noite. Sugere-se, inclusive, que os motoristas se acostumem a buzinar com insistência quando perceberem movimentos suspeitos em seu trajeto, para alertarem outros, que vierem atrás, para o perigo, e evitarem, dessa forma, assaltos e sequestros-relâmpagos.

Juntos, em estreita cooperação, Poder Público e sociedade podem senão acabar com a violência e a criminalidade (já que suas causas são muito mais profundas do que muitos querem admitir, extrapolando a mera esfera policial), pelo menos reduzir bastante seus índices.

Por isso, a população, principalmente nas grandes cidades do País, tem que se manter mobilizada, unida e atenta. Trata-se de uma guerra sem tréguas e sem quartel, tão, ou mais, importante do que aquela que os países do Primeiro Mundo, liderados pelos Estados Unidos, movem com tamanho estardalhaço contra o terrorismo internacional.

Nas grandes cidades brasileiras, morrem muito mais pessoas, diariamente, vítimas de homicídios, assaltos a mão armada, atropelamentos, etc., do que na maioria das guerras recentemente travadas nos pontos considerados mais violentos do Planeta, inclusive na recente invasão norte-americana ao território do Iraque. As vítimas são, em geral, jovens, o que aumenta ainda mais o prejuízo do País.

A cidade de Campinas, com um milhão de habitantes, registra, anualmente, mais homicídios, em termos absolutos, do que Nova York, por exemplo, que tem população superior a 12 milhões de pessoas. E está muito próxima, nesse aspecto, de alcançar Los Angeles, tida e havida como a cidade mais violenta dos Estados Unidos na atualidade. Se a comparação for entre Rio de Janeiro e São Paulo, por exemplo, com as mencionadas metrópoles norte-americanas, a diferença será brutal, em detrimento das capitais fluminense e paulista.

O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva está criando o Sistema Único de Segurança Pública, visando a integrar as polícias civil, militar, federal e até as guardas metropolitanas, principalmente no que diz respeito às ações de combate ao crime, em todo o País. O objetivo é o aproveitamento mais racional dos recursos disponíveis, evitando que corporações diferentes entrem em competição entre si.

O primeiro Estado a aderir ao programa foi o Rio de Janeiro, por motivos óbvios. A cidade atravessa, mais uma vez, um dos seus cíclicos climas de guerra civil, semelhante, ou até pior, do que o que protagonizou em meados dos anos 90, notadamente por causa de ataques, cada vez mais ousados e frequentes, de narcotraficantes, que vêm desafiando, há tempos, as autoridades e se impondo, a ferro e fogo, criando, na prática, um “Estado dentro do Estado”, em detrimento, logicamente, da apavorada população carioca.


(Editorial da Folha do Taquaral de 25 de setembro de 2003).


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