Insegurança que assusta
Pedro
J. Bondaczuk
A falta de
segurança em Campinas é um tema recorrente que, vira e mexe, vem à
baila, por se constituir, se não na maior, pelo menos em uma das
maiores preocupações do campineiro, ao lado das questões do
desemprego e do custo de vida. É verdade que as coisas já foram
piores, nesse aspecto. Mas ninguém, em sã consciência, tem
condições de afirmar, sem estar faltando à verdade, que se sente,
de fato, seguro nas ruas desta metrópole regional, ou mesmo em suas
casas.
É
certo que esse é um problema não somente local, mas nacional e até
mundial. Raras são as localidades em que os moradores podem dizer,
com convicção, que esta não é uma preocupação permanente do seu
dia a dia. Muito se tem discutido a respeito das causas desse
fenômeno da violência urbana e da criminalidade, sem que se chegue
a qualquer conclusão. Trata-se de uma soma de circunstâncias que
envolvem disciplinas tão diversas, como sociologia, antropologia,
economia e a ciência do comportamento, entre outras.
Recente
levantamento, divulgado pela imprensa local, realizado pelo Instituto
de Estudos Metropolitanos de São Caetano do Sul (município do ABC
que ostenta a melhor qualidade de vida do País), dá conta de que
Campinas é a segunda pior cidade do Estado de São Paulo para se
viver, quando o assunto é a segurança. Perde, apenas, (e ao
contrário do que muitos imaginam), não para a Capital, conforme se
supunha, mas para Praia Grande, no litoral paulista.
No
segundo semestre deste ano, inclusive, houve um discreto crescimento
da criminalidade entre nós, o que impõe a necessidade de se
redobrarem as medidas preventivas e a colaboração da população,
com a utilização, por exemplo, do serviço “Disque-Denúncia”,
que já trouxe palpáveis resultados até aqui. Sem essa importante
“arma” à disposição da sociedade, certamente os níveis de
violência teriam crescido ainda mais do que cresceram.
A
citada pesquisa, que avaliou apenas os 55 municípios paulistas de
maior relevância econômica (com o suporte de Instituto Fernand
Braudel de Economia Mundial), se baseou em dados referentes a três
categorias de crimes: homicídio doloso, roubo e furto de veículos
(categoria em que, proporcionalmente, Campinas detém a liderança no
Estado) e roubos e furtos em geral.
É
positivo, no entanto, o fato do tema nunca sair de foco. Trata-se de
uma forma das autoridades serem frequentemente cobradas, e da
comunidade manter o estado de mobilização, para que a integridade
física e patrimonial dos cidadãos não seja tão severamente
ameaçada. Só com a população e o Poder Público atuando em
conjunto será possível, se não acabar, pelo menos reduzir bastante
esse flagelo, que assusta e ameaça a todos.
(Editorial
da Folha do Taquaral de 27 de novembro de 2003).
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