Brasileiro aprova o Real
Pedro J. Bondaczuk
A população, em sua grande
maioria, está aprovando o Plano Real --- embora meio na base da pura
esperança de que, finalmente, após tantas e frustradas
experiências, o País venha a ter uma moeda que mereça esse nome. A
aprovação foi constatada por duas pesquisas de opinião, em que o
apoio ficou bem caracterizado.
A primeira, de âmbito
nacional, é do Ibope e revela que 75% dos que foram consultados
afirmaram que o programa de estabilização vai dar certo. Os
pessimistas (ou, quem sabe, realistas), que acham que tudo vai acabar
como na época do Cruzado, são 16%. Nove por cento não souberam
responder.
A segunda pesquisa foi feita
em âmbito doméstico, em Campinas, pelo Instituto de Opinião
Pública e Planejamento da cidade. Os resultados foram mais ou menos
semelhantes à consulta do Ibope. Pouco mais de setenta e dois por
cento dos campineiros (72,3%) disseram que esperam um padrão de vida
melhor com a introdução do Real. A responsabilidade, portanto, dos
que elaboraram o plano, que se pretende de médio prazo, e
principalmente dos seus gestores, em especial do ministro da Fazenda,
Rubens Ricupero, é muito grande.
O brasileiro, que recém está
recuperando as esperanças e a autoestima, que estiveram em baixa, e
com toda a razão, por tanto tempo, não merece outra frustração,
das tantas que os homens públicos lhe impingiram desde a
redemocratização do País.
As decepções foram tanto no
terreno econômico, com as várias experiências feitas usando a
população como cobaia, quanto no da moralidade (os sucessivos
escândalos de corrupção, nenhum devidamente esclarecido e,
portanto, sem que seus protagonistas fossem punidos), da política,
etc.
A expectativa é que o plano
não seja mais um expediente eleitoreiro e que tenha continuidade. Ou
seja, que venha a receber, no devido tempo, os ajustes necessários,
seja quem for o próximo presidente. Não se trata --- ou pelo menos
não deveria se tratar --- de obra de um único homem, de um grupo ou
de um partido, mas de todos os brasileiros. Pelo menos é assim que
deve ser encarado.
Afinal, todos, tanto os que
confiam no êxito da nova moeda, quanto os que acham que será mais
uma, entre tantas, de uma forma ou de outra, deram a sua cota de
sacrifícios. O sucesso, portanto, se vier, será de todos. E o
fracasso também.
(Editorial publicado na página
2, Opinião, do Correio Popular, em 31 de julho de 1994).
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