Tuesday, September 25, 2018

DIRETO DO ARQUIVO - Ensino deficiente


Ensino deficiente



Pedro J. Bondaczuk


A evolução verificada no setor de educação no País, tão propalada pelo governo e que possivelmente vai ser o carro-chefe da campanha de reeleição do presidente Fernando Henrique Cardoso, está longe, muito distante, da excelência pretendida.

Prova disso, são as pesquisas de órgãos abalizados internacionais. A Unesco, por exemplo, em recente estudo, classifica o ensino brasileiro como um dos mais deficientes do mundo.

Conforme a organização, o analfabetismo atinge ainda 19,6% dos brasileiros acima dos sete anos, taxa intolerável mesmo para países emergentes. Vinte milhões de pessoas, com mais de 14 anos, são analfabetas. Cinquenta milhões de adultos não passaram da primeira série do primeiro grau e mal sabem "desenhar" seus nomes. Não podem, portanto, ser considerados alfabetizados.

O muito que já se conseguiu nesse campo não passa de gota de água num oceano. É preciso universalizar o ensino básico. É necessário alfabetizar os adultos. É indispensável que os investimentos em educação sejam os previstos na Constituição e que prefeitos e governadores os cumpram sem tentar burlar com artifícios o texto constitucional. Há um longo caminho ainda a percorrer para que o País possa festejar a existência de um ensino pelo menos "palatável".

(Editorial número dois, publicado na página 2, Opinião, do Correio Popular, em 11 de janeiro de 1998).


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