Friday, October 20, 2017

País precisa de ideias


Pedro J. Bondaczuk


O País, em pouco mais de dez meses, terá um novo presidente, com a responsabilidade de queimar etapas e corrigir distorções, além de preencher as omissões de seus antecessores. O quadro sucessório ainda não está definido, embora algumas campanhas já estejam nas ruas desde o ano passado.

Como em tantas ocasiões anteriores, as atenções concentram-se em nomes (sempre as mesmas "figurinhas carimbadas") e não em programas, propostas, soluções, que é o que o Brasil precisa. Embora contando com uma quantidade enorme de eleitores analfabetos, e portanto despreparados para uma escolha desse porte, o brasileiro não tem mais o direito de errar ao atribuir seu voto.

Tudo leva a crer, todavia, que os candidatos vão lançar mão dos mesmos expedientes de eleições anteriores. Ou seja, criticar a ação (ou, no caso de Itamar Franco, inação) do governo, citar uma série de distorções e aberrações socioeconômicas --- o que não é nada difícil --- e fazer promessas mirabolantes, que qualquer um razoavelmente bem informado poderá perceber que são vazias e irrealizáveis, mas que correm o risco de mais uma vez empolgar os incautos, que infelizmente não faltam neste País despreparado.

O eleitor deve atentar, no entanto, para programas. Ao participar de comícios, não pode agir como parte da plateia num show popular, aplaudindo, como macacas de auditório que acompanham as claques, tudo o que os políticos disserem. Deve questionar, argüir, debater e interferir em tudo o quanto for dito.

Precisa ser o "examinador severo", que só aprova um candidato quando este mostra realmente conhecer a matéria. Basta de experiências no País! É hora de acabar com essa atitude de transformar o Brasil num "laboratório" e os brasileiros em meras cobaias.

Os postulantes à Presidência, por sua vez, têm a obrigação de contar com propostas viáveis, realistas, factíveis para resolver nossos problemas mais prementes. Candidaturas não são impostas, pelo contrário. Rios de dinheiro são gastos pelos que sonham em se eleger.

A presunção lógica, portanto, é que os candidatos saibam o que estão fazendo. Percebam o óbvio. Ou seja, que estão gerindo milhões de vidas, decidindo futuros, administrando destinos. Que se livrem de teorias delirantes e ideologias vazias e apostem, finalmente, no homem.

(Artigo publicado na página 2, Opinião, do Correio Popular, em 19 de fevereiro de 1994).



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