País precisa de ideias
Pedro J. Bondaczuk
O País, em pouco mais de dez
meses, terá um novo presidente, com a responsabilidade de queimar
etapas e corrigir distorções, além de preencher as omissões de
seus antecessores. O quadro sucessório ainda não está definido,
embora algumas campanhas já estejam nas ruas desde o ano passado.
Como em tantas ocasiões
anteriores, as atenções concentram-se em nomes (sempre as mesmas
"figurinhas carimbadas") e não em programas, propostas,
soluções, que é o que o Brasil precisa. Embora contando com uma
quantidade enorme de eleitores analfabetos, e portanto despreparados
para uma escolha desse porte, o brasileiro não tem mais o direito de
errar ao atribuir seu voto.
Tudo leva a crer, todavia, que
os candidatos vão lançar mão dos mesmos expedientes de eleições
anteriores. Ou seja, criticar a ação (ou, no caso de Itamar Franco,
inação) do governo, citar uma série de distorções e aberrações
socioeconômicas --- o que não é nada difícil --- e fazer
promessas mirabolantes, que qualquer um razoavelmente bem informado
poderá perceber que são vazias e irrealizáveis, mas que correm o
risco de mais uma vez empolgar os incautos, que infelizmente não
faltam neste País despreparado.
O eleitor deve atentar, no
entanto, para programas. Ao participar de comícios, não pode agir
como parte da plateia num show popular, aplaudindo, como macacas de
auditório que acompanham as claques, tudo o que os políticos
disserem. Deve questionar, argüir, debater e interferir em tudo o
quanto for dito.
Precisa ser o "examinador
severo", que só aprova um candidato quando este mostra
realmente conhecer a matéria. Basta de experiências no País! É
hora de acabar com essa atitude de transformar o Brasil num
"laboratório" e os brasileiros em meras cobaias.
Os postulantes à Presidência,
por sua vez, têm a obrigação de contar com propostas viáveis,
realistas, factíveis para resolver nossos problemas mais prementes.
Candidaturas não são impostas, pelo contrário. Rios de dinheiro
são gastos pelos que sonham em se eleger.
A presunção lógica,
portanto, é que os candidatos saibam o que estão fazendo. Percebam
o óbvio. Ou seja, que estão gerindo milhões de vidas, decidindo
futuros, administrando destinos. Que se livrem de teorias delirantes
e ideologias vazias e apostem, finalmente, no homem.
(Artigo publicado na página
2, Opinião, do Correio Popular, em 19 de fevereiro de 1994).
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