Tuesday, October 10, 2017

O nó político



Pedro J. Bondaczuk


O autêntico terremoto político, provocado pelas denúncias do economista José Carlos Alves dos Santos acerca do esquema de corrupção envolvendo a elaboração dos orçamentos da União, com manipulação de verbas, propinas pagas por empreiteiras e outras tantas mazelas, volta a paralisar a economia.

Aliás, este amargo período, iniciado com a eleição e posse de Fernando Collor e do atual Congresso, foi todo marcado por escândalos. Daí, não ser possível a solução de uma série de problemas urgentes, que continuam sendo empurrados com a barriga. Enquanto isso, a inflação segue em seu exercício de alpinismo, escalando picos cada vez mais altos.

A CPI da corrupção no orçamento, por exemplo, embora indispensável, praticamente paralisou os trabalhos da revisão constitucional. Pararam, também, por conseqüência, os debates em torno do fundamental ajuste fiscal, que se espera seja profundo, inteligente e, sobretudo, racional.

O ministro Fernando Henrique Cardoso, em desespero de causa, ensaia a edição de um pacote, elevando alíquotas de tributos já existentes. Não vai funcionar. Uma “solução” desse tipo é o típico caso de uma “emenda pior do que o soneto”.

As propostas mais comentadas por aí são tão ruins, que desagradaram a gregos e troianos. Oneram, apenas, a já depauperada classe média, que mal sabe se ainda pode ser considerada como tal. E massacra os pobres, com novos aumentos da inflação, que certamente produzirão.

(Artigo publicado na página 2, Opinião, do Correio Popular, em 25 de outubro de 1993)


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