O nó político
Pedro J. Bondaczuk
O autêntico terremoto
político, provocado pelas denúncias do economista José Carlos
Alves dos Santos acerca do esquema de corrupção envolvendo a
elaboração dos orçamentos da União, com manipulação de verbas,
propinas pagas por empreiteiras e outras tantas mazelas, volta a
paralisar a economia.
Aliás, este amargo período,
iniciado com a eleição e posse de Fernando Collor e do atual
Congresso, foi todo marcado por escândalos. Daí, não ser possível
a solução de uma série de problemas urgentes, que continuam sendo
empurrados com a barriga. Enquanto isso, a inflação segue em seu
exercício de alpinismo, escalando picos cada vez mais altos.
A CPI da corrupção no
orçamento, por exemplo, embora indispensável, praticamente
paralisou os trabalhos da revisão constitucional. Pararam, também,
por conseqüência, os debates em torno do fundamental ajuste fiscal,
que se espera seja profundo, inteligente e, sobretudo, racional.
O ministro Fernando Henrique
Cardoso, em desespero de causa, ensaia a edição de um pacote,
elevando alíquotas de tributos já existentes. Não vai funcionar.
Uma “solução” desse tipo é o típico caso de uma “emenda
pior do que o soneto”.
As propostas mais comentadas
por aí são tão ruins, que desagradaram a gregos e troianos.
Oneram, apenas, a já depauperada classe média, que mal sabe se
ainda pode ser considerada como tal. E massacra os pobres, com novos
aumentos da inflação, que certamente produzirão.
(Artigo publicado na página
2, Opinião, do Correio Popular, em 25 de outubro de 1993)
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