Otimismo está em alta
Pedro J. Bondaczuk
O Instituto Brasileiro de
Opinião Pública e Estatística (Ibope), em pesquisa divulgada na
segunda-feira, revelou que, se as eleições presidenciais fossem
hoje, o eleito seria Luís Inácio Lula da Silva, que goza da
preferência de 20% dos entrevistados. Até aí, nada de mais.
A constatação não causa
nenhuma surpresa se for levado em conta que o líder petista teve uma
performance notável no pleito de 1989, chegando, inclusive, ao
segundo turno. O surpreendente é a revelação que José Sarney
seria o segundo colocado, com 17%, à frente de Paulo Maluf (12%),
Leonel Brizola (11%), Orestes Quércia (6%) e Antônio Carlos
Magalhães (6%).
É claro que, fora de época
de campanha, esses resultados não garantem que o ex-presidente
viesse a obter essa segunda colocação se as eleições fossem hoje.
Mas a pesquisa indica uma tendência e demonstra que muitos
brasileiros estão tão desencantados com a política e,
principalmente, com os políticos, que veem no mentor do Plano
Cruzado uma das melhores opções para o País.
Trata-se de uma “ressurreição”
do senador maranhense que, ao deixar a Presidência, em 15 de março
de 1990, entregou o governo ao seu sucessor com uma inflação
recorde de 84% ao mês. O Ibope revelou, também, outros dados
interessantes. Por exemplo, 43% dos entrevistados confessaram que nem
esperam que o País venha a melhorar nos próximos anos e nem que
piore.
Creem que tudo continuará
como está. Vinte e nove por cento, porém, está otimista, o que não
deixa de ser um índice bastante positivo, dado o clima de desencanto
que toma conta da maioria dos brasileiros. Os pessimistas, aqueles
que acreditam num retrocesso ainda maior, principalmente em termos
econômicos e sociais, são 22% dos pesquisados, que não é uma taxa
muito elevada.
A pesquisa mostra que para a
maioria, ou seja, 27%, o combate à inflação deve ser a principal
tarefa do governo, vindo a seguir um problema intimamente
relacionado, que é o da luta contra a fome e a miséria, na opinião
de 22% dos que foram ouvidos. Como se observa, melhorou bastante o
humor do brasileiro e sua confiança no futuro, não fosse a
esperança a grande característica do nosso povo.
Isto chega a ser sintomático.
Caso a maré crescente de otimismo não venha a ser frustrada por
alguma ação desastrada do governo ou alguma das características
declarações intempestivas do presidente Itamar Franco, que nos
quase seis meses de sua gestão efetiva na Presidência têm sido as
detonadoras de crises, o momento da virada nacional pode estar
chegando.
As políticas recessivas
postas em prática desde 1984, a pretexto de combater a inflação,
apenas conseguiram empobrecer o País. Em 1990, por exemplo, a
população de pobres no Brasil superava, em muito, o número total
de habitantes de potências europeias, como a Grã-Bretanha e a
França, e era de 69,8 milhões de pessoas. E isto antes de sentirmos
os efeitos do flagelo, que foram os dois anos de governo, de
tristíssima memória, do ex-presidente Fernando Collor.
(Artigo publicado na página
2, Opinião, do Correio Popular, em 28 de maio de 1993).
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