Nosso candidato ao
Nobel de Literatura de 2015
Pedro
J. Bondaczuk
O candidato brasileiro
ao Prêmio Nobel de Literatura de 2015 – que deve ser anunciado entre hoje (7 de
outubro) e amanhã (dia 8) – é o professor universitário, cientista político e
historiador baiano (nasceu em Salvador, em 30 de dezembro de 1935), Luiz
Alberto de Vianna Moniz Bandeira. Sua candidatura foi lançada pela União
Brasileira de Escritores. Muita gente entende que, pelo fato de residir e atuar
na Alemanha (mora, atualmente, na cidade de Heidelberg) suas chances são
maiores do que, por exemplo, eram as de Ariano Suassuna, em 2012. Talvez... Com
todo o respeito ao ilustre mestre, não creio. Mas... quem sabe?!
A obra de Moniz
Bandeira, extensíssima, eclética e erudita, de cerca de 30 livros publicados,
entre história, ciência política e poesia, é mais conhecida nos círculos
acadêmicos. Conheço alguns de seus livros, pois sua principal especialidade
(posto que não a única) é a política exterior do Brasil e suas relações
internacionais, principalmente com a Argentina e os Estados Unidos. Como fui,
por algumas décadas, editor de política internacional em jornais nos quais
atuei, suas pesquisas e lições foram de grande valia em meu trabalho. Todavia,
poucos leitores, digamos “comuns” não especializados nas áreas em que atua, o
conhecem. Uma pena. Torço para que Moniz Bandeira seja o primeiro brasileiro a
conquistar o Nobel de Literatura. Todavia, reitero, não acredito que isso
ocorra. Tomara que eu esteja errado.
Entre os vários
“desafios” que os leitores me fazem, o mais recorrente, nos últimos dias,
depois de iniciar a presente série sobre o mais badalado prêmio literário do
mundo, é o seguinte: “Se você (no caso, eu) tivesse a prerrogativa de lançar
alguma candidatura brasileira, qual lançaria?” Bem, essa possibilidade teria
que me ser facultada por vários anos, pois meus candidatos são muitos. E isso,
entre os escritores “vivos”, pois o Nobel não é póstumo. Eu escolheria, até por
questão de lógica, os brasileiros ganhadores do Prêmio Camões que ainda estejam
entre nós e em atividade. Seriam os casos de: Antônio Cândido de Mello e Souza,
Rubem Fonseca, Lygia Fagundes Telles, Ferreira Gular e Alberto da Costa e
Silva. Entre os poetas (no caso, poetisas), acrescentaria os nomes de Adélia
Prado e Flora Figueiredo. O prêmio estaria em ótimas mãos com qualquer desses
escritores.
Porém, se me fosse
feita a pergunta sobre quais brasileiros considero que tenham sido os mais
injustiçados pela Academia Sueca, por nunca terem conquistado um Nobel de
Literatura, entre os já falecidos, minha lista seria quilométrica e preencheria
algumas páginas com seus nomes. Destacaria, no entanto, os seguintes, contra os
quais foi cometida a imperdoável injustiça das injustiças: Machado de Assis,
Jorge Amado, João Guimarães Rosa, Érico Veríssimo, Clarice Lispector, Rachel de
Queiroz, Autran Dourado, João Ubaldo Ribeiro e Moacyr Scliar. A essa relação
acrescentaria os poetas Carlos Drummond de Andrade, Manuel Bandeira, Mário
Quintana, Manoel de Barros, João Cabral de Mello Neto, Cecília Meirelles,
Vinícius de Moraes e Cora Coralina. Premiar esses escritores seria o mínimo que
a Academia Sueca deveria ter feito, mas não fez.
Poderia citar outras
categorias, mas não o farei, pois minha especialidade é a Literatura. E olhem
que há muitos, entre os quais Dom Helder Câmara, que chegou a ser cogitado para
o Prêmio Nobel da Paz, mas... Claro, não ganhou. Tomara que a Academia Sueca
comece a resgatar sua dívida centenária com o Brasil premiando Moniz Bandeira,
que foi preso no período da ditadura militar e destituído de sua cátedra, antes
de ser inocentado. Nosso candidato deste ano, além de sólida obra, tem história
na luta por um País livre, decente, esclarecido e democrático.
Leio, no site do jornal
“O Estado de São Paulo”, a justificativa do presidente da União Brasileira de
Escritores, Joaquim Maria Botelho, para bancar esta candidatura. Escreveu, em
um comunicado oficial: “Moniz Bandeira é um intelectual que vem repensando o
Brasil há mais de 50 anos. Com fundamentação absolutamente consistente, suas
narrativas são exercícios da literatura aplicada ao conhecimento dos meandros
da política exterior, não só do Brasil, mas de outros países cujas decisões
afetam, para o mal ou para o bem, a vida, a nacionalidade e a própria
identidade brasileira”. Boa sorte, pois, ao nosso candidato ao Prêmio Nobel de
Literatura de 2015.
Acompanhe-me pelo twitter: @bondaczuk
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