Rotina de goleadas
Pedro J. Bondaczuk
O
Palmeiras continua em sua rotina de goleadas no Campeonato Paulista, fazendo
nova vítima na quinta-feira: o União São João de Araras, ao qual impingiu
contundentes e humilhantes 5 a 0. Essa vitória teve dois sabores especiais para
a torcida palmeirense. O primeiro, foi o fator vingança. O time goleou a única
equipe que lhe roubou um ponto (um único e simples pontinho), no empate do
primeiro turno, que teve, diga-se de passagem, a mãozinha do árbitro, anulando
um gol legítimo do Verdão. O segundo, foi a ultrapassagem da marca dos cem gols
nesta temporada. Ou seja, em menos de quatro meses. Trata-se de um feito, senão
inédito, sem dúvida sensacional.
Dirigentes,
técnicos e adversários tentam descobrir qual é a "mágica", qual a
razão de tamanha eficiência desse Palmeiras arrasador. Olhando friamente no
papel, alguém que desconheça o desempenho palmeirense (se é que existe algum
sujeito que aprecie futebol e esteja alienado a esse ponto), não vai observar
nenhum craque "fora-de-série". São bons jogadores, não há dúvida. Mas
nenhum, convenhamos, pode ser chamado de "supercraque", do tipo Pelé,
Zico, Tostão, Rivelino ou Gerson.
Qual
o segredo então? A sorte? Não pode ser. Pelo menos não tanta. A ruindade dos
demais também está descartada. Ninguém pode afirmar, em sã consciência, que
Portuguesa, Corínthians, São Paulo ou mesmo o Mogi Mirim sejam times fracos. No
entanto, estão muito, muitíssimo abaixo do Verdão, em termos de desempenho,
como os números demonstram. O que, então, torna o Palmeiras esse time quase
invencível? Esquema de jogo? Em termos. Mas não se trata de nada novo. Não é
nada revolucionário, que já não tenha sido aplicado no passado. O time possui
excelente toque de bola, e sempre em sentido progressivo, nunca de lado como a
maioria faz. Além disso, o treinador Vanderlei Luxemburgo conseguiu os
jogadores certos para cada posição, incluindo os reservas.
Enquanto
os adversários bolam táticas mirabolantes, quadrados no meio de campo, líberos,
dois volantes e outras coisas do tipo, o técnico do Palmeiras aposta na
simplicidade. Na ocupação permanente dos espaços e em jogadas em sentido
progressivo. Ou seja, no óbvio. Além disso, à exceção, talvez, do miolo de zaga
(e logicamente de Veloso), os demais jogadores sabem executar --- e executam
--- dupla e às vezes tripla função: defendem, atacam e fazem lançamentos. E
isto é novo? Obviamente não! Mas exige grande ascendência do treinador sobre a
equipe, pois é desgastante. Vanderlei Luxemburgo, com o seu bom-senso, tem esse
Palmeiras "na mão".
Contudo
a grande virtude dessa máquina mortífera, provavelmente a maior, é a
consciência dos jogadores de que o melhor dos espetáculos é o gol. É a
"fome" de visitar as redes adversárias a todo momento. Não há
placar que satisfaça o time. Em momento algum, a meta do oponente deixa de ser
o objetivo, pouco importando quanto seja o resultado, se 1 a 0 ou 8 a 0. Desde
a extraordinária máquina de jogar bola do Santos, da década de 1960, não havia
tanta gana entre 11 jogadores em fazer (e não levar, pois a defesa palmeirense
é a menos vazada) gols. Por isso, desde o esquadrão santista de Pelé & Cia,
não há nenhum outro time que represente melhor a verdadeira magia do futebol
tetracampeão do mundo do que esse Palmeiras (do qual, aliás, não sou torcedor).
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