Monday, January 08, 2018

O QUE É A VIDA? O QUE É A MORTE?

Pergunto a vocês (e a todo o momento faço esse mesmo questionamento a mim próprio): O que é a vida? O que é a morte? Por que nascermos, se um dia iremos morrer? Não se trata de uma incoerência, de um desperdício da natureza? Estou me aproximando dos 75 anos de idade (que completarei em 20 de janeiro) e ainda não consegui compreender todo esse processo de construção e destruição e, sobretudo, essa contradição de levar anos aprendendo a viver e, quando se supõe que se sabe... Está na hora de partir. Tanto a vida, quanto a morte, portanto, são insondáveis mistérios. Mais misterioso ainda, para mim, é saber que em determinadas circunstâncias Tanatos leva a melhor sobre Eros e algumas pessoas abreviam o fim com as próprias mãos. Que desencanto, que sofrimento psicológico, que desespero é este que leva tanta gente a se destruir?!


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DIFERENÇA ENTRE VIVER E “SOBREVIVER”

A vida é muito mais do que meros conjuntos de aminoácidos combinando para formar proteínas componentes de células, tecidos, órgãos, estruturas completas etc. Biologicamente é isso. Mas a vida extrapola a questão biológica e entra em uma dimensão muito mais misteriosa, nebulosa e sutil, que os filósofos costumam denominar de “metafísica” e os religiosos de “espiritual”. Há, de fato, algo impalpável que anatomista algum consegue detectar e dissecar que nos comanda e caracteriza. Há uma essência que nenhum cientista, por mais perito que seja, jamais conseguiu isolar, separar ou mesmo descrever com precisão, posto que é imaterial. A palavra “viver” traz, implícita, dezenas de outros verbos vinculados, como amar, sofrer, sorrir, chorar, lutar, vencer e tantos e tantos outros. E morrer? Quais verbos se lhe associam? Apodrecer? Se decompor? Desaparecer? Sei lá! Há, todavia, não sei por que cargas d’água (é outra coisa que jamais consegui entender) pessoas que virtualmente não vivem, mas se limitam a “existir”, o que é bem diferente. Fogem dos sentimentos, economizam ações e se julgam merecedoras apenas de vantagens e de proteção, sem que façam nada para justificar esse suposto merecimento. Estas, mesmo que não saibam, estão perdendo a batalha para Tanatos. Tento ajudá-las, quando posso, mas...

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CITAÇÃO DO DIA:

Amor na cidade 

E o amor na cidade? (...) Considera esses vastos armazéns com espelhos; onde a nobre carne de Eva se vende, tarifada ao arratel, como a de vaca! Contempla esse velho deus do Himeneu, que circula trazendo em vez do ondeante facho da paixão a apertada carteira do dote! Espreita essa turba que foge dos largos caminhos assoalhados em que os faunos amam as ninfas na boa lei natural, e busca tristemente os recantos lôbregos de Sodoma ou de Lesbos!

(Eça de Queirós, livro "A Cidade e as Serras").

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