País merece respeito
Pedro J. Bondaczuk
As campanhas para as eleições
presidenciais de outubro próximo mal começaram e já surgem as
primeiras acusações de caráter pessoal entre os candidatos. Caso
seja essa a tônica que mais uma vez irá predominar, o eleitorado
continuará tão confuso quanto sempre esteve na hora de votar e
correrá o risco de se equivocar de novo na escolha de seu candidato.
Luís Inácio Lula da Silva,
por exemplo, está sendo acusado de usar carro de som do sindicato
dos metalúrgicos em comícios. Já as acusações contra o tucano
Fernando Henrique Cardoso referem-se à utilização de aparelhos de
fax e telefones do Senado para aliciar eleitores.
Não é isso, porém, que o
cidadão quer saber dos principais postulantes à Presidência. Caso
algum deles esteja burlando a lei eleitoral, que seja punido com as
penalidades previstas. Todavia, é inadmissível que mais uma vez as
campanhas sejam esvaziadas, mediocrizadas, diminuídas mediante a
ênfase em picuinhas e bobagens, como ocorreu em eleições
anteriores, com os resultados desastrosos que todos conhecemos.
O que precisamos ouvir é o
que os candidatos pensam fazer para resolver a crise social do País.
Queremos saber quais suas estratégias de governo, quais são as suas
propostas para melhorar a educação, resgatar o falido sistema de
saúde, garantir a segurança pública e promover a estabilidade
econômica com desenvolvimento, entre outros itens.
Interessa-nos tomar ciência
das propostas para não somente evitar que aumente o contingente de
famintos no País, mas para acabar com essa vergonha nacional. O que,
os que aspiram ao posto mais elevado e de maior responsabilidade na
República, pensam fazer para tirar milhões de crianças abandonadas
das ruas, dando-lhes uma oportunidade de futuro, longe da
marginalidade e do vício.
Como se vê, assuntos para as
campanhas não faltam. O ideal é que, ao eleger um dos candidatos,
os eleitores escolham, igualmente, um programa de governo, que no seu
entender seja o mais adequado para as atuais condições e o atual
momento.
Para isso, todavia, é preciso
que eles de fato existam. Não importa saber se um dos postulantes
teve algum caso extraconjugal na juventude ou coisas desse tipo. Por
isso, procede o desabafo de Fernando Henrique Cardoso, feito na
quinta-feira, em Maceió, quando disse: "Não podemos fazer
campanha na base de picuinhas. O País merece mais respeito".
(Artigo publicado na página
2, Opinião, do Correio Popular, em 28 de maio de 1994).
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