Como uma guerra civil
Pedro J. Bondaczuk
A violência nas cidades
brasileiras, em especial São Paulo e Rio e, em menor medida,
Campinas (embora a diferença de população), adquiriu
características de autêntica "guerra civil". Cada vez
mais, a vida parece perder o valor. Mata-se por dá-cá-toma-lá ,
ora por causa discussões no trânsito, ora por desavenças sobre
futebol, quando não para se roubar um simples par de tênis.
A chacina da madrugada de
anteontem, em um bar de Francisco Morato, na Grande São Paulo, em
que onze pessoas foram trucidadas e quatro ficaram feridas, após
fuzilaria onde foram disparados 91 tiros, foi um caso chocante, que
exige a mais rigorosa apuração. A princípio, levantou-se a
hipótese de acerto de contas entre traficantes. Agora, a polícia já
acha que os autores da 46ª chacina do ano na cidade foram policiais
militares.
A ter fundamento a suspeita, o
crime reveste-se de muito maior gravidade (é óbvio) do que o caso
das agressões na Favela Naval de Diadema, em março do ano passado,
que mobilizou o País. A opinião pública deve cobrar urgência nas
investigações e o máximo rigor nas punições, para deter a
escalada da violência que atormenta a população. Nem na recente
guerra civil da Bósnia houve tantos mortos em um único ataque.
(Editorial número dois,
publicado na página 2, Opinião, do Correio Popular, em 19 de junho
de 1998).
Acompanhe-me pelo twitter: @bondaczuk
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