Monday, January 22, 2018

Como uma guerra civil

Pedro J. Bondaczuk

A violência nas cidades brasileiras, em especial São Paulo e Rio e, em menor medida, Campinas (embora a diferença de população), adquiriu características de autêntica "guerra civil". Cada vez mais, a vida parece perder o valor. Mata-se por dá-cá-toma-lá , ora por causa discussões no trânsito, ora por desavenças sobre futebol, quando não para se roubar um simples par de tênis.

A chacina da madrugada de anteontem, em um bar de Francisco Morato, na Grande São Paulo, em que onze pessoas foram trucidadas e quatro ficaram feridas, após fuzilaria onde foram disparados 91 tiros, foi um caso chocante, que exige a mais rigorosa apuração. A princípio, levantou-se a hipótese de acerto de contas entre traficantes. Agora, a polícia já acha que os autores da 46ª chacina do ano na cidade foram policiais militares.

A ter fundamento a suspeita, o crime reveste-se de muito maior gravidade (é óbvio) do que o caso das agressões na Favela Naval de Diadema, em março do ano passado, que mobilizou o País. A opinião pública deve cobrar urgência nas investigações e o máximo rigor nas punições, para deter a escalada da violência que atormenta a população. Nem na recente guerra civil da Bósnia houve tantos mortos em um único ataque.

(Editorial número dois, publicado na página 2, Opinião, do Correio Popular, em 19 de junho de 1998).


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