Saturday, January 06, 2018

LUTA ENTRE EROS E TANATOS


 “A vida é, afinal, luta renhida entre Eros e Tanatos. O padecimento do corpo é um berro de Eros, contra as vilanias de Tanatos”. O autor dessa lúcida constatação foi o psicanalista, excelente escritor e poeta mineiro Hélio Pellegrino (casado com a não menos excelente escritora Lya Luft) em deliciosa crônica publicada no jornal Folha de S. Paulo, em 26 de junho de 1983, intitulada “Apologia da dor de dente”. Aliás, exaltar qualidades e criatividade em textos desse homem de extrema lucidez chega a ser redundante. Nunca li nada dele a que pudesse fazer a mínima restrição. Exagero meu? Longe disso. Vejam o que escritores infinitamente mais ilustres, mourejados e melhores do que eu escreveram a seu respeito (conforme nota que consta do livro “Figuras do Brasil. 80 autores em 80 anos de Folha”). Mário de Andrade, por exemplo, escreveu que Pellegrino foi “um dos homens mais vivos da sua geração, um ‘vulcão caótico’”. Otto Lara Resende, por seu turno, classificou-o de “o Maiakovski de batina”. Poderia citar outros tantos autores, com apreciações do mesmo teor, ou ate mais bombásticas, mas não o farei para não cansar o leitor. Até porque, estas reflexões não são, propriamente, sobre Hélio Pellegrino, que morreu em 23 de março de 1988, no Rio de Janeiro, pouco mais de dois meses depois de completar 64 anos de idade. São sobre vida e morte, ou seja, sobre a inevitável vitória de Tanatos.

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CITAÇÃO DO DIA:


Fim simultâneo 

Se duas pessoas começam a se amar ao mesmo tempo, é uma grande felicidade. Porém maior ainda é quando deixam de se amar também ao mesmo tempo.

(Alfred de Musset).

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