Cartas sobre a mesa
Pedro J. Bondaczuk
As "cartas estão sobre a
mesa", com vistas às eleições municipais de 1º de outubro
próximo, em Campinas, com 24 partidos, de forma isolada ou através
de coligações, definindo dez candidatos a prefeito e outro tanto a
vice, que postulam a sucessão de Francisco Amaral.
O eleitor campineiro terá,
portanto, muitas alternativas de programas e propostas a escolher e é
indispensável que deixe preconceitos de lado e analise, com muita
cautela, aquele que no seu entender está mais credenciado a
solucionar os problemas mais angustiantes e urgentes da nossa cidade.
E nada de generalizações para querer justificar uma imperdoável
omissão. Nada de afirmações irresponsáveis, e tão comuns, que se
ouve a todo o momento por aí, do tipo "nenhum político presta"
ou "todos" só pensam em si. Além de não serem
verdadeiras, tais opiniões não constroem nada.
Um equívoco na escolha do
governante da cidade (todos sabem, mas nunca é demais reiterar),
pode custar grandes aborrecimentos e dissabores à população. É
indispensável que o cidadão aprenda a votar. Já está mais do que
na hora disso ocorrer. É necessário que o eleitor analise o
passado de cada postulante, seu currículo político, suas propostas
de governo e, sobretudo, a viabilidade da concretização daquilo que
propõe. Que não se restrinja a aceitar, sem maiores análises ou
considerações, o que os marqueteiros de plantão tentem lhes
impingir.
Afinal, o direito do voto foi
reconquistado, a duras penas, nas ruas das cidades, após quase três
décadas de ditadura e de arbítrio. Votar é, antes de tudo, um
direito, um privilégio e um ato de cidadania. Omitir-se é confessar
mediocridade. É admitir que não é responsável sequer pelos
destinos da própria comunidade em que vive.
A menos que a Justiça
eleitoral vete algum candidato, o que não é nada provável, as
opções para ocupar a cadeira de Prefeito, no Palácio dos
Jequitibás, pelos próximos quatro anos, são as seguintes: Hélio
de Oliveira Santos (Coligação PDT/PTB/PC do B/PSH), Roberto Mingone
(Coligação PFL/PST/PT do B/PSL/PTN), Luiz Carlos Rossini (Coligação
PMDB/PL/PV/PMN), Petterson Prado (Coligação PPS/PCS/PRP), Carlos
Sampaio (PSDB), Antonio Costa Santos (Coligação PT/PSTU), Jacó
Bittar (PSB), Álvaro Iglésias (PPB), Osmar Simionatto (PSDC),
Josias Abom (PRN) e Rejane Halaune Chaves (Prona).
Nos próximos dias, estes
ilustres senhores estarão com suas campanhas nas ruas. Farão
comícios, serão ouvidos no rádio, vistos na televisão, darão
entrevistas aos jornais e espalharão faixas, cartazes e outdoors por
toda a cidade, na tentativa de convencer você, eleitor, a lhe
conferir uma "procuração" para gerir o nosso patrimônio
comum, que é esta progressista, mas bastante problemática,
metrópole regional, de cerca de um milhão de habitantes. Afinal, é
isto o que o seu voto significa.
Certamente, vão chover
promessas e mais promessas, durante a campanha, capazes de fascinar e
iludir os mais ingênuos ou incautos. Alguns candidatos, talvez, até
digam que vão garantir a segurança da população, detendo a
perversa escalada de violência e criminalidade que nos ameaça e
apavora, pois este é o assunto do momento, não apenas em Campinas,
mas na maioria das cidades brasileiras. Não acredite! Esta é uma
área da competência do governo do Estado e não do prefeito.
Este pode, sim, dar a sua
parcela de contribuição, embora de forma indireta, mantendo as ruas
da cidade iluminadas, por exemplo. Ou cobrando do governador um
policiamento efetivo e permanente, não apenas de caráter
repressivo, mas principalmente preventivo. Pode ajudar, também,
impedindo que o mato cresça em terrenos baldios e não murados, que
em geral servem de esconderijo para marginais. Ou mantendo as praças
e jardins de Campinas bem cuidados e vigiados por guardas municipais,
já que estes são patrimônios públicos do Município. Se fizer
pelo menos isso, já estará contribuindo bastante para que nos
sintamos um pouquinho mais seguros em nossa própria cidade.
Alguns, certamente, vão
propor projetos extremamente dispendiosos, muitas vezes mirabolantes,
para não dizer delirantes, que nunca sairiam do papel, caso fossem
eleitos, dada a sua irrealidade. Convém manter-se atento a tais
promessas e raciocinar com lógica, não se deixando enganar
ingenuamente por elas. Outra forma equivocada de escolha do
administrador do município é se deixar levar pela boa ou má
aparência do candidato. Todos, certamente, se lembram do que ocorreu
com Fernando Collor, em 1990. Barganhar o voto, em troca de promessa
de emprego, de cesta básica ou de outra vantagem pessoal qualquer,
atitude muito comum nas eleições em nosso País, é outro trágico
equívoco, muito maior do que os anteriores. Pior: caracteriza crime
eleitoral. É "suborno" disfarçado. E tão delituoso
quanto o subornador é, evidentemente, o subornado. No mais, é estar
atento aos programas de governo, analisá-los friamente, à luz da
razão e da lógica, e votar corretamente. Opções, felizmente, é
que não nos faltam.
(Editorial
da Folha do Taquaral da segunda quinzena de setembro de 2000).
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