Wednesday, January 10, 2018

Cartas sobre a mesa

Pedro J. Bondaczuk

As "cartas estão sobre a mesa", com vistas às eleições municipais de 1º de outubro próximo, em Campinas, com 24 partidos, de forma isolada ou através de coligações, definindo dez candidatos a prefeito e outro tanto a vice, que postulam a sucessão de Francisco Amaral.

O eleitor campineiro terá, portanto, muitas alternativas de programas e propostas a escolher e é indispensável que deixe preconceitos de lado e analise, com muita cautela, aquele que no seu entender está mais credenciado a solucionar os problemas mais angustiantes e urgentes da nossa cidade. E nada de generalizações para querer justificar uma imperdoável omissão. Nada de afirmações irresponsáveis, e tão comuns, que se ouve a todo o momento por aí, do tipo "nenhum político presta" ou "todos" só pensam em si. Além de não serem verdadeiras, tais opiniões não constroem nada.

Um equívoco na escolha do governante da cidade (todos sabem, mas nunca é demais reiterar), pode custar grandes aborrecimentos e dissabores à população. É indispensável que o cidadão aprenda a votar. Já está mais do que na hora disso ocorrer. É necessário que o eleitor analise o passado de cada postulante, seu currículo político, suas propostas de governo e, sobretudo, a viabilidade da concretização daquilo que propõe. Que não se restrinja a aceitar, sem maiores análises ou considerações, o que os marqueteiros de plantão tentem lhes impingir.

Afinal, o direito do voto foi reconquistado, a duras penas, nas ruas das cidades, após quase três décadas de ditadura e de arbítrio. Votar é, antes de tudo, um direito, um privilégio e um ato de cidadania. Omitir-se é confessar mediocridade. É admitir que não é responsável sequer pelos destinos da própria comunidade em que vive.

A menos que a Justiça eleitoral vete algum candidato, o que não é nada provável, as opções para ocupar a cadeira de Prefeito, no Palácio dos Jequitibás, pelos próximos quatro anos, são as seguintes: Hélio de Oliveira Santos (Coligação PDT/PTB/PC do B/PSH), Roberto Mingone (Coligação PFL/PST/PT do B/PSL/PTN), Luiz Carlos Rossini (Coligação PMDB/PL/PV/PMN), Petterson Prado (Coligação PPS/PCS/PRP), Carlos Sampaio (PSDB), Antonio Costa Santos (Coligação PT/PSTU), Jacó Bittar (PSB), Álvaro Iglésias (PPB), Osmar Simionatto (PSDC), Josias Abom (PRN) e Rejane Halaune Chaves (Prona).

Nos próximos dias, estes ilustres senhores estarão com suas campanhas nas ruas. Farão comícios, serão ouvidos no rádio, vistos na televisão, darão entrevistas aos jornais e espalharão faixas, cartazes e outdoors por toda a cidade, na tentativa de convencer você, eleitor, a lhe conferir uma "procuração" para gerir o nosso patrimônio comum, que é esta progressista, mas bastante problemática, metrópole regional, de cerca de um milhão de habitantes. Afinal, é isto o que o seu voto significa.

Certamente, vão chover promessas e mais promessas, durante a campanha, capazes de fascinar e iludir os mais ingênuos ou incautos. Alguns candidatos, talvez, até digam que vão garantir a segurança da população, detendo a perversa escalada de violência e criminalidade que nos ameaça e apavora, pois este é o assunto do momento, não apenas em Campinas, mas na maioria das cidades brasileiras. Não acredite! Esta é uma área da competência do governo do Estado e não do prefeito.

Este pode, sim, dar a sua parcela de contribuição, embora de forma indireta, mantendo as ruas da cidade iluminadas, por exemplo. Ou cobrando do governador um policiamento efetivo e permanente, não apenas de caráter repressivo, mas principalmente preventivo. Pode ajudar, também, impedindo que o mato cresça em terrenos baldios e não murados, que em geral servem de esconderijo para marginais. Ou mantendo as praças e jardins de Campinas bem cuidados e vigiados por guardas municipais, já que estes são patrimônios públicos do Município. Se fizer pelo menos isso, já estará contribuindo bastante para que nos sintamos um pouquinho mais seguros em nossa própria cidade.

Alguns, certamente, vão propor projetos extremamente dispendiosos, muitas vezes mirabolantes, para não dizer delirantes, que nunca sairiam do papel, caso fossem eleitos, dada a sua irrealidade. Convém manter-se atento a tais promessas e raciocinar com lógica, não se deixando enganar ingenuamente por elas. Outra forma equivocada de escolha do administrador do município é se deixar levar pela boa ou má aparência do candidato. Todos, certamente, se lembram do que ocorreu com Fernando Collor, em 1990. Barganhar o voto, em troca de promessa de emprego, de cesta básica ou de outra vantagem pessoal qualquer, atitude muito comum nas eleições em nosso País, é outro trágico equívoco, muito maior do que os anteriores. Pior: caracteriza crime eleitoral. É "suborno" disfarçado. E tão delituoso quanto o subornador é, evidentemente, o subornado. No mais, é estar atento aos programas de governo, analisá-los friamente, à luz da razão e da lógica, e votar corretamente. Opções, felizmente, é que não nos faltam.


(Editorial da Folha do Taquaral da segunda quinzena de setembro de 2000).


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