É
como iniciar a redação de um diário
Pedro
J. Bondaczuk
Estamos
a pouquíssimos minutos da largada para um novo ano, É como se
estivéssemos à espera do tiro de partida da corrida de São
Silvestre, em São Paulo, em sua versão antiga, quando a competição
era realizada à noite. Agimos (nem todos, é verdade) como atletas
de ponta, postados, ansiosos, nos simbólicos umbrais de novo período
de 365 dias, caminhando, lentamente, passo a passo, para iniciar a
nova jornada.
Um
amigo que muito estimo (e essa declaração chega a ser redundante,
pois se não o estimasse não haveria amizade entre nós) lembra que
o novo ano não está tão perto assim como afirmei, ou seja, a
minutos de começar. Está, segundo ele, a uma hora e os minutos
citados acima, tendo em conta o (para mim) chatíssimo horário de
verão.
Ora,
ora, ora, deixa de ser chato, amigão! O “defeito” desse amigo
(que ele, todavia, considera virtude) é ser excessivamente
detalhista. Está bem! Que seja! Falta mais de uma hora para o início
do novo ano aqui neste nosso “país tropical, abençoado por Deus e
bonito por natureza”, como diz a letra da famosa composição do
repertório de Jorge Benjor. Façamos, pois, a coisa certa.
Não
quero ser detalhista também. Se quisesse, poderia lembrar ao meu
amigo que o ano novo já é realidade, e em há já treze horas, em
boa parte da Ásia e da Oceania, por exemplo. Ou essas regiões acaso
não fazem parte do mesmo Planeta em que estamos? Vimos, inclusive,
pela TV, a intensa queima de fogos na Austrália, na Nova Zelândia
etc.etc.etc., como ocorre sempre nestas ocasiões neste mundão
globalizado. Mas… Vamos dar uma pausa de pouco mais de uma hora,
conforme quer o meu amigo, para considerarmos o início de fato do
ano novo aqui entre nós…
Bem,
amável (e paciente) leitor, imagine que tenha passado uma hora da
minha interrupção deste texto, de olho no relógio (e você só
pode imaginar isso, pois não há como configurar em palavras essa
pausa de silêncio de 60 minutos) e conte os segundos que agora
faltam para o ano novo começar de verdade, em se considerando o
horário de verão. Façamos juntos a contagem regressiva:
Dez...nove...oito...sete...seis...cinco...quatro...três...dois...um!!!
FELIZ ANO NOVO!!!! Entre abraços, votos de felicidade e o espoucar
das rolhas de champanhe, podemos ouvir, em fundo, o estúpido ruído
do estouro de rojões, morteiros, bombinhas e bombonas, para
desespero de nossos cães e gatos. É em momentos como estes que fico
com raiva dos chineses por haverem inventado a pólvora (e dizem que
inventaram, também, os fogos de artifício)!!! Temo que a cada ano
que passa, o tal do Homo Sapiens fica cada vez mais “Homo Demens”.
Se
você está participando da algazarra, certamente está acordado
neste exato momento(o que, convenhamos, é o óbvio dos óbvios, ou,
como diria Nelson Rodrigues, o “óbvio ululante”). A esse
propósito lembro-me de uma declaração do saudoso escritor
norte-americano Bill Vaugh, que li há algumas horas, quando buscava
“inspiração”, para estas descompromissadas (e nada literárias)
considerações. O referido “escrevinhador” (com todo respeito)
declarou o seguinte, em um de seus tantos textos: “Um otimista fica
acordado até meia-noite para ver a entrada do Ano Novo. Um
pessimista fica acordado para ter a certeza de que o ano velho se
foi”. E você, caríssimo leitor, o que o motivou a essa vigília?
Você está no rol dos otimistas ou dos pessimistas? Quis saudar com
alegria (alegria mesmo) o novo ano ou desejou somente ter a certeza
de que o velho se foi?
Da
minha parte, não sou dado a pessimismo (e você que me lê com
assiduidade é testemunha). Mas… o ano que acabou foi tão tenso,
tão repleto de fracassos e de decepções, que fiquei acordado para
ter a certeza de que, de fato, ele foi embora. É certo que tive,
também, alegrias inesperadas e sucessos surpreendentes. Mas bem que
o ano findo poderia ter sido um “pouquinho” melhor. Não sei se
feliz ou infelizmente (a gente nunca sabe), ele enfim acabou. Levou o
bom e o ruim para o passado, cristalizando-os em meras lembranças.
Muitas vão doer quando emergirem à memória. Outras tantas virão
acompanhadas de saudades. Nosso desafio, porém, é construirmos um
novo ano, se possível, perfeito.
Já
que citei acima o escritor Bill Vaugh, e para demonstrar que não sou
um sujeito machista, peço licença para citar, também, a declaração
de uma escritora, no caso a também norte-americana Edith Lovejoy
Pierce. Ela comparou o novo ano a um diário (não especificamente,
mas nas entrelinhas, já que se referiu a um livro em branco, com 365
páginas). Compete-nos escrever seu enredo. Todavia, não
propriamente com palavras, como ela declara, mas, sobretudo, com atos
(conforme minha interpretação). É certo que o que for “escrito”
(na verdade feito) dependerá muito pouco da nossa vontade. Estará
por conta das tais “circunstâncias”. Nós, todavia, com
persistência e inteligência, poderemos modificá-las a nosso favor
(caso sejam negativas). Talvez nem todas possam ser alteradas, mas
pelo menos boa parte delas.
A
declaração literal de Edith Lovejoy Pierce foi a seguinte: “Nós
abriremos o livro. Suas páginas estão em branco. Nós vamos pôr
palavras nele. O livro chama-se ‘oportunidade’
e seu primeiro capítulo é o dia
de ano novo”. Ou
seja, é hoje. Para uma jornada de sucesso, nada como um primeiro
passo positivo. Se começarmos a caminhada tropeçando nas próprias
pernas, teremos um ingrediente a mais contra nós: o pessimismo para
a sequência.
Iniciemos,
pois, a trajetória dos próximos 365 dias, que pretendemos que seja
vitoriosa, construindo um HOJE perfeito, mesmo que estejamos de
ressaca (o que é bastante provável). Com tudo e por tudo, só
posso desejar-lhe, querido parente e precioso amigo (virtual ou/e
presencial) um FELIZ ANO NOVO, começando já, neste momento, sem
tardança e nem preguiça, a
construir
um primeiro dia à prova de imperfeições.
Acompanhe-me pelo twitter: @bondaczuk
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