Wednesday, January 17, 2018

“INSPIRAÇÃO” DEVERIA SER CARACTERIZADA COMO “IDEIA SÚBITA”

Há que se ter certo perfeccionismo, uma perpétua insatisfação, um aguçado e implacável senso de ridículo, sem nenhuma espécie de concessão, em relação ao que se escreve para ser escritor pelo menos razoável. É preciso escrever, reescrever, tornar a escrever, cortar, acrescentar, burilar o texto, tornar a escrever tudo outra vez, e assim por diante, quantas vezes julgar oportuno ou necessário, num exaustivo processo que só termine quando a autocrítica (que deve sempre acompanhar quem se aventure nesse instável e perigoso pântano da criação), der o veredito de relativa excelência. Autran Dourado observa, a propósito desse processo de trabalho que respeita a inteligência do leitor e preserva quem escreve dos riscos do fiasco: "Não gosto da palavra inspiração, pelo que ela tem de mistifório, preferindo a ela a expressão 'ideia súbita'. Esse meu desgosto chega a tal ponto que, quando estou escrevendo com muita fluência e facilidade, paro, certo de que alguma coisa de errado está acontecendo". E, em geral, está mesmo ocorrendo.


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CITAÇÃO DO DIA:

Nem quatro amigos 

Para mim é um fato que, se todos os homens soubessem o que os outros dizem deles, não haveria quatro amigos no mundo. Isto resulta das contendas que referências indiscretas ocasionalmente originam.

(Blaisé Pascal).

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