Fator de riqueza
Pedro J. Bondaczuk
Conquanto a energia nuclear
tenha tudo para, um dia, beneficiar amplamente o homem no setor
energético sem os perigos sobejamente conhecidos, há bons motivos
para se acreditar que o petróleo continuará imbatível. Basta
reforçar este ponto de vista com a inexistência de um avião
movimentado a energia atômica. Menos ainda um automóvel que possa
ser utilizado sem problemas, na base do átomo.
Já no início do século
dizia-se que o petróleo era "rei", responsável pela
movimentação de tudo o que se move como obra do homem e a seu
serviço, a exemplo de locomotivas, automóveis, aviões, navios. A
consequência dessa força do óleo é visível na luta que se travou
e se trava pela sua obtenção. Mesmo porque, sobretudo a partir da
Segunda Guerra Mundial, a petroquímica avançou velozmente.
No mais, o petróleo vai
ingressar no século XXI com a mesma importância com que iniciou o
atual. E não se esgotará alguns anos além da virada do milênio,
contrariando previsão alarmista, feita há 30 anos, pelo Clube de
Roma. O recente conflito no Oriente Médio confirmou que ainda existe
muito petróleo e que, ao mesmo tempo, é disputado ou defendido a
qualquer custo.
O Brasil, ao incentivar a
constituição da Petrobrás, reservou para si o monopólio da
exploração do óleo em território nacional. A empresa estatal, que
sempre teve fortes defensores e, ao mesmo tempo, ferrenhos críticos,
está em evidência além do habitual.
Chegou-se a noticiar que ela
entraria para a lista das companhias privatizáveis, com o pronto
esclarecimento de que isso por enquanto não está em cogitações;
pelo menos a curto prazo. Agora vem a público a opinião do chefe de
Planejamento Energético da Coordenação de Programas de
Pós-Graduação em Engenharia da Universidade Federal do Rio de
Janeiro, Adriano Rodrigues, que sugere à Petrobrás o abandono da
ideia de que um de seus principais objetivos é dar ao País
autossuficiência em petróleo. Porque, ele pondera, nada indica que
surgirá novo choque petrolífero e o preço do óleo não irá além
de US$ 25 o barril, pelo menos até o próximo ano.
O fato de existir uma
preocupação com o papel exercido pela Petrobrás deixa claro que se
trata de companhia importante. Tão importante que precisará
continuar desempenhando o seu papel, cada vez com maior eficiência,
mesmo que, eventualmente, passe para o setor privado. Mas, até lá,
existe um longo caminho a ser percorrido, porque não será fácil
desvinculá-la da área estatal, e mais difícil ainda retirar da
empresa --- hoje a maior do País --- o monopólio garantido por
texto constitucional.
(Editorial publicado na página
2, Opinião, do Correio Popular, em 25 de janeiro de 1992).
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