Crítica
literária
Pedro
J. Bondaczuk
A
crítica literária, embora possa ser feita (e de fato seja) por
jornalistas (em sua maioria), é um gênero (dos mais nobres e
especializados) de literatura. Tem, contudo, como pressuposto básico,
que quem a faça tenha pleno conhecimento de causa. Ou seja, entenda
profundamente o que se propõe a criticar, o objeto das suas
críticas, a literatura.
Requer-se
que seja não somente leitor compulsivo e atento, mas, e sobretudo,
que conheça plena e profundamente, teoria literária. E que, nas
suas avaliações, aplique esse conhecimento com isenção e
critério. Não é o seu gosto pessoal que deve contar. São
critérios sumamente objetivos na avaliação de determinada obra.
Previno
que não é o que faço aqui, embora volta e meia eu comente livros e
autores. E o verbo “comentar” é o mais apropriado no meu caso,
está muito bem colocado neste esclarecimento espontâneo. Teço
“comentários”, mas não faço crítica literária, insisto. São
coisas muito diferentes.
Então
não sou crítico? Não entendo nada de teoria literária? Sou
crítico sim, e tenho muito orgulho disso. Sem falsa modéstia, não
fico nada a dever a ninguém em termos de conhecimento (prático e
teórico) de literatura. Sempre que fui convocado a desempenhar essa
tarefa, nos jornais em que trabalhei, desempenhei (modéstia a parte)
muito bem. Mas não é o que me proponho a fazer neste espaço
específico (e, de fato, não faço). Daí a razão desta ressalva.
A
crítica literária contém, “sempre”, aspecto valorativo. Quem a
exerce, “avalia” não somente se um livro é bom, mediano ou
ruim, mas apresenta argumentos objetivos, comprobatórios, para
justificar isso. Nos comentários que faço neste espaço, porém, a
subjetividade prevalece e propositalmente.
Ajo
assim de caso pensado. Tenho por critério, por exemplo, jamais
comentar livros que não gosto. Ademais, não comento,
especificamente, tais obras em sua inteireza, mas somente um ou outro
aspecto delas que me sirva de base para reflexões de temas dos quais
trato.
Esclareça-se
que a crítica literária surgiu na imprensa internacional há já
muito tempo, em meados do século XIX. Era feita, no início, tanto
por jornalistas com reconhecidos e notórios conhecimentos de
literatura, quanto por escritores consagrados, como Victor Hugo e
Émile Zola, por exemplo, entre tantos outros. Ou como o nosso
Machado de Assis, que esbanjava conhecimento a propósito. Vários
escritores atuais ainda exercem, com competência e brilho, essa
função na imprensa, mas não citarei nenhum, para evitar injustiças
causadas por eventuais esquecimentos.
Os
meus textos, não tivessem a função específica de serem editoriais
de uma revista literária eletrônica diária, deveriam ser
classificados, caso se pretendesse rigor na classificação, de
ensaios literários. Trazem a “opinião”, e não propriamente
“avaliação”, exclusivamente do autor, isto é, minha. Abrem mão
(e, reitero, propositalmente) da objetividade e são sempre
subjetivos. Já tive a oportunidade de publicar neste espaço
comentários acerca de mais de três centenas de livros e todos
seguindo o mesmíssimo critério.
Faço
essa ressalva para evitar confusão e deixar as coisas bem claras,
para conservar a pureza de conceitos acerca do objeto alvo deste
espaço nobre da internet: a Literatura. Há quem confunda, ainda,
sinopse com crítica literária. São coisas distintas. Uma não tem
nada, mas nada mesmo a ver com a outra.
Outro
ponto que entendo de bom alvitre esclarecer é que não tenho o
mínimo compromisso com qualquer editora ou escritor. Tanto que a
imensa maioria dos livros que comento foi lançada há muitos anos,
vários dos quais com edições até esgotadas.
Não
faço, portanto, propaganda de nenhum deles. O objetivo não é este,
mas, única e exclusivamente, o de ilustrar reflexões sobre
determinados conceitos. Não ganhei nenhum deles (antes os
ganhasse!). Todos, mas todos mesmo foram comprados e integram minha
vasta e caótica biblioteca particular.
Vez
por outra (sempre que o bolso permite) adquiro novidades do mercado
editorial. Pudera, sou “viciado” em leitura! Comento-os (nas
raras vezes que o faço), todavia, somente após lê-los e não raro
relê-los até mais de uma vez e, apenas, se e quando contiverem
subsídios para os temas sobre os quais me proponho a refletir com
vocês.
Reitero,
pois, que nunca fiz e nem faço neste espaço crítica literária.
Não garanto que nunca farei. Mas se e quando fizer, deixarei claro
do que se trata. Porquanto, além de contar com sólida formação
literária, sou e sempre fui antes de tudo jornalista, mais
especificamente editor, comprometido, portanto, com o rigor e a
veracidade dos fatos.
Acompanhe-me pelo twitter: @bondaczuk
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