Friday, August 31, 2018

Reflexão do dia


MEUS POEMAS SÃO “FOTOGRAFIAS INSTANTÂNEAS” 

DE 

DETERMINADO MOMENTO

Não posso dizer que meus poemas são “escritos” em meio à multidão, ao vozerio, ao corre-corre, ao lufa-lufa ou seja lá o que vocês queiram pensar. São, como a totalidade dos meus textos, produzidos, de fato, isto é, na versão final com que os “apresentarei” ao mundo, no mais rigoroso silêncio e não raro, na absoluta, opressora, dolorosa e opressiva solidão. E porque escrevo na primeira pessoa e apresento, a título de exemplo, a minha experiência pessoal e não de alguém mais famoso ou conhecido? Porque o escritor responsável e maduro não sai por aí fazendo suposições. Assume suas ideias e as expõe do jeito que elas são, nua e cruamente. Mas apega-se, fanaticamente, ao que “conhece”, e nunca ao que apenas “imagina” (e alguns levam essa imaginação a extremos) conhecer. Como posso, amável leitor, falar de “seus” sentimentos, alegrias, tristezas, expectativas, crenças, temores e idiossincrasias se não os conheço? Só posso falar de mim e do meu mundo. Estes me são familiares desde que me conheço por gente. Meus poemas, por exemplo, são “fotografias instantâneas” do momento em que estou compondo. Se estiver alegre, revelarão alegria; se triste, tristeza; se confiante, confiança; se otimista, otimismo; se pessimista, pessimismo e assim por diante. Não quer dizer que sou assim o tempo todo. Meu humor e meus sentimentos variam como os de todo mundo.

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PESCA EM ÁGUAS TURVAS

Prosseguindo em minha tentativa de “pesca em águas turvas”, tenho uma nova proposta a fazer às editoras. Diz-se que a internet dá visibilidade a escritores e facilita negócios. É isso o que venho tentando, há algum tempo, conferir. Tenho mais um livro, absolutamente inédito, a oferecer. Seu título é: “Dimensões infinitas”, que reúne 30 ensaios sobre temas dos mais variados e instigantes. Abordo, em linguagem acessível a todos, num estilo coloquial, assuntos tais como as dimensões do universo (tanto do macro quanto do microcosmo), o fenômeno da genialidade, a fragilidade dos atuais aparatos de justiça, o mito da caverna de Platão, a secular busca pelo lendário Eldorado, o surgimento das religiões, as tentativas de previsão do futuro e as indagações dos filósofos de todos os tempos sobre nossa origem, finalidade e destino, entre outros temas. É um livro não somente para ser lido, mas, sobretudo, para ser refletido. Meu desafio continua sendo o mesmo de quando iniciei esta tentativa de “pesca em águas turvas”. Ou seja, é o de motivar alguma editora a publicá-lo, sem que eu precise ir até ela e nem tenha que contar com algum padrinho, mas apenas pela internet, e sem que eu precise bancar a edição (já que não tenho recursos para tal). Insistirei nesta tentativa todos os dias, sem limite de tempo. Para fecharmos negócio, basta que a eventual editora interessada (e espero que alguma se interesse, pois o produto é de qualidade) entre em contato comigo no inbox do Facebook ou pelo e-mail pedrojbk@gmail.com. Quem se habilita?


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CITAÇÃO DO DIA:


Crise de parto 

O Brasil está numa crise de parto. É um parto muito demorado. As coisas são surpreendentes. A revolução militar prendeu, torturou, etc., mas não regrediu o país. O país cresceu. Agora, com a liberdade, está parado. O Collor, por exemplo. Conheci-o em Dakar, uma noite, ficamos conversando a noite toda. É inteligente, bem intencionado. Quer mudar o país, mas não deixam. Se puser o homem mais genial do mundo no governo, os estamentos burocráticos e os políticos reacionários não deixam. O Brasil tem de ser conhecido aos pedaços e consertado aos pedaços. À medida que você conhece bem uma coisa, fica mais difícil generalizar. Até a carta de Pero Vaz Caminha dava para ter ideias panorâmicas, depois...

(João Cabral de Mello Neto).


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DIRETO DO ARQUIVO - A volta à poupança


A volta à poupança

Pedro J. Bondaczuk

Ressente-se até agora o setor da poupança dos efeitos provocados pela aplicação do Plano Collor. Segundo esclarecimento de Luís Felipe Soares Batista, presidente da Associação Brasileira de Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança, houve uma perda líquida de cerca de Cr$ 60 bilhões só nas duas últimas semanas de março último. Também no mês de abril o volume de retiradas não abrandou, tudo levando a crer possa o sistema ganhar certa estabilidade neste mês de maio. Assim, não foi sem razão alguma o esforço desenvolvido pelo governo na tentativa de atrair a população para essa modalidade financeira, chegando inclusive a Caixa Econômica Federal a destinar a verba de Cr$ 27 milhões para cobertura de intensa campanha publicitária. Aliás, o próprio presidente Fernando Collor de Mello, juntamente com a ministra Zélia Cardoso de Mello, ambos participaram desse evento, abrindo cadernetas de poupança em Brasília, apesar do reduzido valor das importâncias depositadas.

Certamente, com o correr do tempo, a confiabilidade do sistema será restabelecida, mesmo sem campanhas através dos veículos de comunicação social. De fato, a poupança está profundamente arraigada nos costumes de nossa gente. Pelo visto, o abalo provocado pelas implicações do Plano Collor tem apenas aspecto temporário. As pessoas irão chegar à conclusão pura e simples de não existir outra alternativa para a guarda de suas economias, até porque, sejamos francos, nem todos possuem propensões de caráter consumista. Certa feita, em visita a São Paulo, quando o processo inflacionário se achava em ritmo ascendente, o então ministro Camilo Penna responsabilizou a população pelo acontecimento, lamentando não ter o povo o hábito de poupar. Houve exagero evidentemente nessa afirmativa. E tanto isso é verdade, que o sistema sempre cresceu, acumulando um volume respeitável de moeda. Ainda nessa fase de contratempos, apesar da baixa rentabilidade dos depósitos, por força de uma inflação na marca zero, a Caixa Econômica Federal, por exemplo, no período de 19 de março a 24 de abril, recebeu mais de Cr$ 25 bilhões em depósitos na poupança.

Portanto, a volta da população ao sistema acontecerá bem mais cedo daquilo que muitos imaginam. Seria dispensável até toda essa campanha publicitária em desenvolvimento, isto porque dificilmente o hábito de poupar desaparecerá do espírito dos brasileiros. Se amanhã ou depois o governo lançar fórmulas de estímulos à modalidade, não tenhamos dúvidas, a poupança voltará a desfrutar no mercado financeiro daquele antigo prestígio. Toda essa procura ficará restrita, pois, a uma simples questão de tempo.

(Editorial publicado na página 2, Opinião, do Correio Popular, em 3 de maio de 1990)



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CRÔNICA DO DIA - Do sociológico ao psicológico


Do sociológico ao psicológico

Pedro J. Bondaczuk

O escritor e dramaturgo austríaco, Hugo Laurenz August Hofmann, que assinava suas obras com o pseudônimo de Hugo von Hofmannsthal, um dos expoentes da brilhante geração de artistas do seu país em fins do século XIX e que, entre outras coisas, foi amigo pessoal, parceiro e colaborador do compositor alemão Richard Strauss, escreveu, em um de seus ensaios: “Os males que afligiam a humanidade tenderam a se deslocar do domínio público e sociológico para o privado e psicológico”.

Concordo, mas apenas em parte, com essa observação. Não houve nenhum deslocamento na natureza dos problemas que afetam o homem neste raiar de novo milênio. Isso poderia, até, ter acontecido, e por curtíssimo período, na época em que o escritor fez essa afirmação. Hoje, o que ocorre é um acúmulo de males. Ou seja, os de domínio público não foram sanados e, por isso, se agravaram e, a eles, vieram se juntar os desajustes individuais, privados e psicológicos.

Creio que sequer preciso fundamentar em provas essa constatação, tão óbvia ela é para pessoas minimamente informadas e com capacidade mediana de observação. Quando Hofmannsthal escreveu seu ensaio, a humanidade não havia, ainda, conhecido os horrores das duas guerras mundiais, que deixaram, somadas, um número estimado de mais de 50 milhões de mortos, pelo menos o triplo dessa cifra de feridos e prejuízos materiais tão grandes, que nunca puderam ser quantificados (sequer aproximadamente).

Não havia ocorrido o maior massacre da história, com o lançamento das bombas atômicas sobre Hiroshima e Nagasaki, que, literalmente, incineraram, em questão de minutos, edifícios, monumentos, praças, casas etc. e cerca de 200 mil pessoas. Foi, até hoje, o ataque mais pavoroso, o ato de maior insânia e insensibilidade praticado pelo homem contra seus semelhantes.

As duas guerras mundiais deixaram a Europa, berço da civilização, em frangalhos, em escombros, em dantescas ruínas, tanto política, quanto econômica, social e até moralmente. A economia do continente se recuperou em pouco tempo, é verdade, graças ao famoso Plano Marshal. Mas o que se perdeu, material e espiritualmente... Foi irreversível e irrecuperável. Hoje, esses recursos, desperdiçados nesses dois surtos de horror e insânia, fazem muita falta à humanidade.

Concordem ou não comigo, o fato é que a recuperação europeia se deu quase que exclusivamente às custas dos países miseráveis – da África, da Ásia e, sobretudo, da América Latina – de onde foram drenadas riquezas, sobretudo as naturais, para que os europeus pudessem se ressarcir dos danos causados por sua própria falta de juízo, de duas guerras selvagens, estúpidas e sem senso. Os problemas econômicos que afligiam a humanidade naquele tempo, que agravaram os de caráter sociológico a ponto de os tornar virtualmente insolúveis, não foram, portanto, resolvidos. Estão aí, para quem quiser ver, e cada vez mais graves.

É verdade que o século XIX esteve longe de ser pacífico. Muito sangue foi derramado, principalmente em solo europeu, com as guerras napoleônicas, os vários conflitos na Rússia, as múltiplas insurreições populares como a Comuna de Paris, o confronto franco-prussiano, e vai por aí afora. A China viveu um período de instabilidade e caos, oportunidade em que Estados Unidos, França, Grã-Bretanha e Rússia procederam a uma sistemática e continuada pilhagem nesta que é, sem dúvida, uma das mais antigas civilizações remanescentes, com cerca de cinco milênios de existência. As potências da Europa apoderaram-se das comunidades africanas como se tivessem direito a elas, drenando para seus países os por si sós escassíssimos recursos desse sofrido continente.

Como se vê, no tempo de Hofmannsthal o que não faltavam eram problemas: políticos, econômicos, militares e sociológicos. Além do que, começaram a emergir os de ordem privada, de caráter psicológico, que hoje competem palmo a palmo com os primeiros.

A Revolução Bolchevique de 1917, já em pleno século XX, foi uma esperança, uma alternativa para, senão a eliminação, pelo menos a redução das desigualdades sociais, principalmente na Rússia. Se funcionasse ali, certamente seria abraçada por outros povos. Não funcionou.

Não tardou para que essa utopia de uma sociedade sem classes, com a abolição total da propriedade privada, frustrasse os idealistas. O que na sua concepção original era para ser uma coisa, se transformou em outra, muito diferente, que nada tinha a ver com os ideais de igualdade e fraternidade dos seus mentores. Tornou-se uma férrea ditadura do Estado sobre o indivíduo, e muito mais intolerável do que o liberalismo cínico do “laissez faire” e seu selvagem sistema capitalista. Não durou (como não poderia durar) sequer um século.

Quanto aos problemas psicológicos (que um amigo muito chegado classifica, de forma irreverente e até um tanto escatológica de “frescuras de riquinhos desocupados”), vêm crescendo, de forma exponencial. Milhões de pessoas mundo afora, no afã de fugir de seus fantasmas e demônios interiores, recorrem ao álcool, às drogas e a tantos outros expedientes de fuga, inutilmente. Multidões superlotam os consultórios dos especialistas (quando não gabinetes de gurus e de charlatães), em busca de auxílio.

É certo que quem é afetado por esses males quase nunca é o desvalido, o pobre, o miserável ou o indigente. Estes já têm aflições de sobra para garantir pelo menos a refeição do dia. As estatísticas comprovam, por exemplo, que os mais altos índices de suicídio são registrados em países ricos – notadamente Suécia, Estados Unidos e Japão – cujo estilo e, principalmente, qualidade de vida são invejados por todos os povos. O problema do pobre é, aparentemente, mais simples: comida num primeiro instante. E, claro, moradia decente, educação, saúde, segurança etc.etc.etc.

Uma coisa é certa: as sociedades que aí estão são um fracasso, a despeito da sofisticada tecnologia de que dispõem. Injustas, excludentes e preconceituosas, não asseguram relacionamentos sequer minimamente civilizados entre as nações e, muito menos mesmo que um arremedo de felicidade para a imensa maioria da população mundial. Urge, pois, que se encontre (e se concretize) uma nova utopia, de igualdade, fraternidade e, sobretudo, de solidariedade neste violento, poluído, judiado e sumamente depredado Planeta. Seremos competentes para isso?


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Thursday, August 30, 2018

Reflexão do dia


MEU MÉTODO DE COMPOSIÇÃO DE POEMAS

A maioria dos meus mais de um mil poemas (alguns premiados em âmbito nacional), foi “gerada” em meio ao burburinho, ao corre-corre, ao alarido e vozerio de lugares públicos. Notem bem, esses textos foram “concebidos” nessas circunstâncias, mas não “acabados” assim. Se o fizesse, certamente estaria agindo de forma suicida em relação à minha imagem e minha reputação. É certo que já redigi poemas e mais poemas em bares, restaurantes, churrascarias e até em estádios de futebol. Tenho uma gaveta repleta desses rascunhos, à espera de criteriosa análise, cautelosa revisão e meticulosos “remendos” e cortes, antes de dá-los por concluídos. Aliás, em relação à poesia, nunca me deixo levar por impulsos. Antes de dar qualquer poema por concluído, deixo seus esboços por noventa dias ou mais na tal gaveta de espera. Passado esse período, releio o que escrevi. Faço os necessários reparos, com os devidos cortes (mais estes) e acréscimos (em menor quantidade). Isso em relação ao que seja aproveitável. Setenta por cento não é. E como procedo nesses casos? Simplesmente destruo esses esboços, para não correr o risco de que “vazem” e deponham contra mim, inclusive quando eu não estiver mais vivo.

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PESCA EM ÁGUAS TURVAS

Prosseguindo em minha tentativa de “pesca em águas turvas”, tenho uma nova proposta a fazer às editoras. Diz-se que a internet dá visibilidade a escritores e facilita negócios. É isso o que venho tentando, há algum tempo, conferir. Tenho mais um livro, absolutamente inédito, a oferecer. Seu título é: “Dimensões infinitas”, que reúne 30 ensaios sobre temas dos mais variados e instigantes. Abordo, em linguagem acessível a todos, num estilo coloquial, assuntos tais como as dimensões do universo (tanto do macro quanto do microcosmo), o fenômeno da genialidade, a fragilidade dos atuais aparatos de justiça, o mito da caverna de Platão, a secular busca pelo lendário Eldorado, o surgimento das religiões, as tentativas de previsão do futuro e as indagações dos filósofos de todos os tempos sobre nossa origem, finalidade e destino, entre outros temas. É um livro não somente para ser lido, mas, sobretudo, para ser refletido. Meu desafio continua sendo o mesmo de quando iniciei esta tentativa de “pesca em águas turvas”. Ou seja, é o de motivar alguma editora a publicá-lo, sem que eu precise ir até ela e nem tenha que contar com algum padrinho, mas apenas pela internet, e sem que eu precise bancar a edição (já que não tenho recursos para tal). Insistirei nesta tentativa todos os dias, sem limite de tempo. Para fecharmos negócio, basta que a eventual editora interessada (e espero que alguma se interesse, pois o produto é de qualidade) entre em contato comigo no inbox do Facebook ou pelo e-mail pedrojbk@gmail.com. Quem se habilita?


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CITAÇÃO DO DIA:


Características do conto 

O conto é sintético (abreviado) e monocrômico (singular), enquanto o romance é analítico (extensivo) e sincrônico (simultâneo). O conto desenvolve-se no espírito como um fato pretérito, consumado; o romance como atualidade dramática e representativa. No conto, os fatos filiam-se e percorrem uma direção linear; no romance apresentam-se no tempo e no espaço, reagem uns sobre outros, constituindo trama mais ou menos complicada. A forma do conto é a narrativa; a do romance é a figurativa.

(Araripe Júnior).


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DIRETO DO ARQUIVO - Potencial inexplorado


Potencial Inexplorado



Pedro J. Bondaczuk



O Brasil, pelas suas belezas naturais, é o país com o maior potencial turístico do mundo. Conta com praias maravilhosas, com cidades históricas que são patrimônios da humanidade, com o Pantanal, com a floresta amazônica, com Foz do Iguaçu etc. Além disso tem festas populares de grande apelo, como o Carnaval do Rio, o Boi Bumbá do Amazonas ou o Círio de Nazaré em Belém.

Apesar disso e dos esforços da Empresa Brasileira de Turismo (Embratur) para atrair visitantes do Exterior, a quantidade desses turistas está muito aquém do desejável e cai de ano para ano. Apenas belezas naturais ou grandes eventos são insuficientes. O País carece de uma infraestrutura turística que proporcione conforto e segurança aos visitantes.

Dados divulgados pelo Banco Central, no dia 15 passado, revelam que em 1997 os brasileiros deixaram cinco vezes mais recursos no Exterior (US$ 5,446 bilhões) do que os estrangeiros no Brasil (US$ 1,069 bilhão).

Não se critica os que se aproveitam das boas ofertas das agências de viagens para visitar outros países. O intercâmbio entre povos é sempre saudável. Quem dera que todos brasileiros pudessem ter essa oportunidade! O que se cobra é que o turista seja bem tratado (e protegido) no Brasil. Que não seja explorado e nem vítima de assaltos. Só assim voltará sempre. A melhor propaganda que um país pode fazer no Exterior é a boa acolhida que dá aos visitantes.

(Editorial número dois publicado na página 2 do Correio Popular em 21 de janeiro de 1998).



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CRÔNICA DO DIA - A importância da pesquisa


A importância da pesquisa

Pedro J. Bondaczuk
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O escritor, além de precisar ser criativo e sempre exato em seu linguajar, necessita da mesma precisão quando se refere a lugares, fatos, pessoas etc. que menciona em seus textos. Para isso, todavia, tem que cultivar o saudabilíssimo hábito da pesquisa. Quem confia só na memória, quase sempre resvala para o irremediável ridículo.

Muitas vezes, o escritor arruína um bom livro por falta de capricho, apenas por causa de mero detalhe que deixou escapar e que estava ao seu alcance evitar ou corrigir, após meticulosa revisão. Mas os críticos, e principalmente os leitores, detectam esses senões, que poderiam ser evitados com um tiquinho, um pouquinho a mais de cuidado.

Fontes de pesquisa é que não faltam. O ideal é contar com boa e variada biblioteca, que tenha um pouco (se possível muitíssimo) de todos os assuntos. Uma hemeroteca bem organizada tende, igualmente, a ser providencial “pronto-socorro” nos momentos mais inesperados. Reitero, não confie cegamente na memória. Não é preciso. Hoje há fartura de informações e você não pode ser preguiçoso e deixar de acessá-las.

Se você não tiver biblioteca nem hemeroteca, não será por isso que ficará na mão. Há inúmeras alternativas para suprir essa deficiência. Mas você terá que se deslocar, que andar um pouquinho. Vá, por exemplo, à biblioteca pública da sua cidade. Ali encontrará auxílio nas horas de necessidade. Algumas (as melhores, obviamente) contam com coleções dos principais jornais do País para consulta. Consulte-as, sobretudo as mais antigas. Faça anotações. Se possível, tire cópias do que estava procurando.

Ah, você não tem biblioteca e nem hemeroteca e em sua cidade não há biblioteca pública? Não é motivo para desespero. Você tem seu computador que, se bem utilizado, lhe traz toda e qualquer informação que lhe der na veneta. Há uma infinidade de sítios de consulta. Da minha parte, prefiro o “Google”, que nunca me deixou na mão.

Apenas a título de exemplificação, peço licença para narrar outro caso pessoal que, creio, irá servir para muitas pessoas que enfrentem as mesmas circunstâncias que enfrentei. Estou concluindo meu primeiro romance (até aqui, minhas “especialidades” tinham sido o conto, a crônica, a poesia e o ensaio), já em fase de revisão, mas ainda sem título definitivo.

A história se passa na Holanda dos anos 90. Quando comecei a empreitada, confrontava-me com um obstáculo gigantesco, que me parecia intransponível: nunca estive, nem em sonhos, nesse país. Como dar, pois, cor local aos cenários, personagens e costumes se não os conhecia? E o enredo, da maneira que o concebi, só poderia se passar ali, em solo holandês, mais especificamente na cidade de Roterdã.

Quanto aos personagens e costumes, a dificuldade não era tão grande. Afinal, moro em Campinas, praticamente vizinha de Holambra, município de colonização holandesa. Passei a frequentar, pois, essa cidade, enturmei-me com o pessoal de lá, perguntei tudo o que me veio na veneta (e muito mais) sobre esse país e sua gente e anotei, louca, compulsiva e furiosamente tudo o que me diziam.

Tive sorte. Consegui, em Holambra, um bom vídeo promocional de Roterdã. Fui a diversas agências de turismo e trouxe tudo quanto era folheto de viagem que se referisse à Holanda. Minha sorte foi maior ainda: deram-me um guia completo da cidade de Roterdã, com tudo quanto era mapa de ruas, praças, avenidas, canais etc. dali. Estudei todo esse material com o máximo cuidado antes de começar a elaborar o texto final de cada capítulo. Previamente, havia feito, claro, um “copião”, resumindo toda a história, como se faz com roteiros de cinema (que há um bom tempo havia aprendido a fazer).

Quando pensava que não precisaria de mais nada para escrever, afinal, meu romance, percebi que não era bem assim. Recorri, pois, ao “Google”. Não uma e nem duas vezes, mas dezenas, centenas, milhares de vezes. Não fiquei na mão uma única ocasião.

Em resumo, dei os originais não-revisados (muita coisa será evidentemente cortada, pois o romance previsto para 250 páginas, ficou com 500) para um amigo holandês ler e este caiu de costas. Não acreditou que nunca fui à Holanda e que não tenha nenhuma ascendência holandesa (não tenho mesmo, pois meu pai e minha mãe são russos).

Por que o livro saiu tão bom? Por causa do meu eventual talento? De jeito nenhum!! Até porque esta é minha primeira experiência nesse complexo gênero. Foi por causa da pesquisa. Vá por mim, portanto, amigo escritor: pesquisar o que quer que seja para seu novo livro não é, em absoluto, nenhum luxo e muito menos perda de tempo. Dá um trabalhão dos diabos, não tenha dúvidas, mas compensa. Creia-me, é uma providência de primeiríssima necessidade que você terá que tomar. E, ao longo da pesquisa, tenho certeza de que você ficará fascinado e irá gostar demais dessa trabalhosa, mas fascinante e compensadora aventura.



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Wednesday, August 29, 2018

Reflexão do dia


RARAMENTE ESCRITOR E LEITOR SE CONHECEM 

PESSOALMENTE

É de se notar que raramente essas duas figuras, que compõem o teorema da comunicação – um como emissor de determinada mensagem e outro como seu receptor – ou seja, o escritor e o leitor, se conhecem pessoalmente. Nunca se encontraram e, salvo raras exceções, jamais se encontrarão. Não raro, estão separadas por distâncias enormes, por continentes até, mas em decorrência do “encolhimento” do mundo, ditado pelo avanço da tecnologia da comunicação, logram manter contato. Anônimo, é verdade. Nunca sabemos quem está lendo aquele nosso texto, gerado nas entranhas da angústia (não raro, do desespero), na absoluta e aterradora solidão do nosso gabinete de trabalho. Muitos dirão, certos de que me pegaram no pulo, que estou errado, pois eles mesmos já escreveram textos em meio ao burburinho de dezenas, centenas e até milhares de pessoas, dependendo do lugar em que estavam. Duvido que tenham feito, nessas circunstâncias, a versão final. Podem ter rascunhado, sim, algum poema, alguma crônica, ou mesmo um desses contos curtos, de dois ou três parágrafos. Mas textos definitivos, que não careçam de acréscimos e nem cortes, e já revisados?!!! Duvido, com toda a força, a máxima possível, do meu ceticismo! Estes só podem ser gerados no silêncio e na solidão.

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PESCA EM ÁGUAS TURVAS

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CITAÇÃO DO DIA:


Extensão e rascunho 

Quanto mais curta é a história, mais longo é o seu rascunho. 

(Rudyard Kipling).



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DIRETO DO ARQUIVO - Benesses para o campo


Benesses para o campo

Pedro J. Bondaczuk

Foi muito concorrida em Brasília a posse do pecuarista Antônio Cabrera Mano Filho, no comando da pasta da Agricultura. Apesar do informe de não pertencer ao movimento da UDR, como se chegou a anunciar, cerca de mil pessoas compareceram àquela solenidade, no geral todas elas ligadas às atividades do campo. Houve não só a presença de tratores, mas também se notou junto ao edifício do ministério um caminhão carregado de bois, numa demonstração evidente de apoio político ao novo titular daquela importante pasta ministerial.

Assinalou o novo ministro, em seu discurso de posse, o detalhe de que a democracia, no atual governo do presidente Fernando Collor de Mello, chegou ao campo, prometendo desde já a introdução de muitas inovações na política agrícola, até porque, como disse, estamos no início da década do cooperativismo. Também foi muito claro na afirmativa de que a reforma agrária será meta prioritária deste governo, "isto porque precisamos aumentar a renda no campo e o País não suporta mais o vergonhoso êxodo rural".

Todos sabem que uma nação não será suficientemente forte se contar com uma agricultura fraca. Comentou-se, certa feita, com abundância de pormenores, estar o Brasil na iminência de representar o papel de autêntico celeiro do mundo, levando em conta os recursos invejáveis proporcionados pela natureza ao País. Ironicamente, no entanto, a cada dia que passa, as condições de trabalho no campo pioram de maneira dramática. Tudo se realiza entre nós na base da improvisação ou do chutômetro. De há muito, por exemplo, o Estado de São Paulo se transformou em imenso canavial, ficando a população paulista na dependência da produção de alimentos de outros Estados.

Muito se tem falado a respeito da reforma agrária, chegando inclusive o saudoso presidente Tancredo Neves a criar um ministério próprio para a implantação de medidas adequadas nesse setor. O certo é que pouco ou nada se fez de prático nesse sentido, a não ser o confronto generalizado entre trabalhadores rurais e proprietários de terras, levando apreensões e provocando mortes em tantas regiões. Aliás, fica realmente um tanto difícil o propósito de fixar o homem no campo, quando os centros urbanos oferecem toda a sorte de vantagens e atrativos. Existe muita gente por aí pensando que a simples entrega de um pedaço de terra a qualquer cidadão é o suficiente para encher de vez a panela de alimentos dos brasileiros.

O novo ministro está anunciando farta e generosa ajuda ao setor agrícola. Serão liberados ainda neste mês cerca de Cr$ 14 bilhões para o custeio das atividades desenvolvidas no campo. Vamos aguardar pois nesta época de "vacas magras", de escassez de dinheiro, como se processará a distribuição de tantas benesses e regalias.

(Editorial publicado na página 2, Opinião, do Correio Popular em 7 de abril de 1990)



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CRÔNICA DO DIA - Como escrever?


Como escrever?

Pedro J. Bondaczuk

O ato de escrever, principalmente quando seu objetivo não é o de se limitar a produzir textos perecíveis, que fiquem “velhos” praticamente no dia seguinte ao da sua produção, mas que se conservem sempre atuais, como se fossem escritos no dia em que você o ler (mesmo que o leia décadas depois de escritos), requer uma série de aptidões. Uma delas, talvez a principal, é a capacidade de despertar empatia no leitor, de torná-lo seu cúmplice, de fazê-lo sentir-se seu parceiro, embora sem o ser, por você ter redigido exatamente o que ele gostaria de redigir.

A isso, classifico de “astúcia”. Claro que a correção, quer (e principalmente) a gramatical, é condição sine qua non. Textos eivados de erros tendem a expô-lo ao ridículo, mesmo que seu conteúdo seja dos mais ricos e originais.

Você tem que criar um estilo próprio, todo seu, de escrever, de sorte que quem vier a ler suas produções literárias as identifiquem de imediato como suas, mesmo que seu nome não apareça sob o título. Embora não pareça, isso é muito mais difícil do que o leigo possa supor.

Bom ou mau (não me cabe julgar minha própria produção, até porque não teria a necessária isenção para fazê-lo), tenho a minha forma peculiar de redigir. Não temo, por exemplo, assumir minhas colocações sempre e invariavelmente na primeira pessoa. Há quem condene essa prática, acusando quem a adota de arrogante, imodesto, convencido e outros quetais. Bobagem. Entendo que se trate de manifestação de personalidade, de autoconfiança, de certeza quanto ao que escreve.

Meus textos (que caracterizo como crônicas, mas que os críticos juram que são ensaios), têm, todos, no aspecto formal, o mesmíssimo desenho. São como teoremas de geometria: começam com uma hipótese, da qual emerge determinada tese, seguida da respectiva demonstração. São, sobretudo, didáticos (vezo de um professor que, por “n” razões, conhecidas de todos, se recusou a abraçar o magistério).

Sou uma pessoa sumamente intuitiva e confio sem restrições na minha intuição. E esta me sugere que, mais dia, menos dia, haverei de me tornar, se não unanimidade, um escritor bastante requisitado, pelas ideias que veiculo. Convencimento? Não! Longe disso. É algo parecido, todavia positivo: é convicção.

Caso não estivesse convicto do meu valor, sequer me aventuraria neste complicado e não raro frustrante mundo das letras. É provável que sequer tenha a ventura de testemunhar meu sucesso. Não faz mal.

A probabilidade maior é que ele seja póstumo e aconteça muitos anos depois da minha partida deste mundo. Tudo bem, submeto-me a mais esta sacanagem das circunstâncias, se for preciso. Mas quando o sucesso vier... este texto, que hoje causa espanto em muitos e irritação nos hipócritas, irá testemunhar o quanto estou convicto do que faço e dos resultados que hão de advir disso.

O exercício do texto é solitário. Requer isolamento, silêncio e o que James Joyce classificava de “exílio”. É incompatível, portanto, com a exposição pessoal continuada, com os aplausos efêmeros, com a “glorícola” dos incompetentes, mas que se julgam os tais (há uma infinidade deles por aí). A obra, para se perpetuar, precisa ter um sem-número de características, entre as quais, conteúdo sólido e inteligente, passando pela clareza, concisão, exatidão do que é exposto e originalidade.

Posso, é verdade, ser original pisando as pegadas de outros escritores. Para isso, porém, preciso descobrir ângulos novos, inusitados, inexplorados no que já foi cansativamente explorado. Aí é que está o grande desafio de quem é, verdadeiramente, criativo. A originalidade, pois, não está no tema a abordar, mas na forma com que o abordamos.

O meu relativo sucesso de hoje, quando, graças à bendita internet, já sou lido em pelo menos dez países (conforme pude constatar pelo Google), será pífio, irrisório, medíocre face ao que pressinto que possa conseguir num futuro que não sei se será remoto, remotíssimo ou próximo.

Só peço a Deus a ventura de poder testemunhar pelo menos o início desse processo, cheio de idas e vindas, de quedas e recuperações sucessivas, de surpresas maravilhosas e decepções inesperadas. Para isso, porém, terei que manter autodisciplina, personalidade, convicção, além de contar com o fator sorte.

É pouco? É muito? Está além da minha capacidade? Não sei! O que sei é que o essencial, para que minha intuição seja verdadeira e não mero engodo da vontade e da imaginação (ou seria megalomania?) é jamais perder a “astúcia”, na hora solitária, dolorida e tensa em que estiver escrevendo.


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Tuesday, August 28, 2018

Reflexão do dia


A SOLIDÃO DO ESCRITOR.

Nada é mais solitário do que o “fazer” literário. Para redigir seus textos, o escritor precisa de solidão e de silêncio. É quando passa pela angústia de ter que encarar seus fantasmas e suas limitações, quando vive a incerteza se vai ou não conseguir transmitir o que lhe passa na alma e se logrará fazer (ou não) com que o anônimo destinatário do seu texto (claro, o leitor) pelo menos o entenda, e depois se convença de que está certo. E, se convencido, concorde ou não com o que leu. E se concordar, passe a ser seu amigo, posto que secretamente. E se discordar, torne-se seu crítico (em casos extremos, até inimigo), mas não fique indiferente ao que leu. A indiferença é o pior veneno, o mais fulminante e letal, para as ambições e sonhos de qualquer escritor. Como comunicador que é, consciente ou inconscientemente, seu ato solitário e tenso tem um único objetivo: comunicar.

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PESCA EM ÁGUAS TURVAS

Prosseguindo em minha tentativa de “pesca em águas turvas”, tenho uma nova proposta a fazer às editoras. Diz-se que a internet dá visibilidade a escritores e facilita negócios. É isso o que venho tentando, há algum tempo, conferir. Tenho mais um livro, absolutamente inédito, a oferecer. Seu título é: “Dimensões infinitas”, que reúne 30 ensaios sobre temas dos mais variados e instigantes. Abordo, em linguagem acessível a todos, num estilo coloquial, assuntos tais como as dimensões do universo (tanto do macro quanto do microcosmo), o fenômeno da genialidade, a fragilidade dos atuais aparatos de justiça, o mito da caverna de Platão, a secular busca pelo lendário Eldorado, o surgimento das religiões, as tentativas de previsão do futuro e as indagações dos filósofos de todos os tempos sobre nossa origem, finalidade e destino, entre outros temas. É um livro não somente para ser lido, mas, sobretudo, para ser refletido. Meu desafio continua sendo o mesmo de quando iniciei esta tentativa de “pesca em águas turvas”. Ou seja, é o de motivar alguma editora a publicá-lo, sem que eu precise ir até ela e nem tenha que contar com algum padrinho, mas apenas pela internet, e sem que eu precise bancar a edição (já que não tenho recursos para tal). Insistirei nesta tentativa todos os dias, sem limite de tempo. Para fecharmos negócio, basta que a eventual editora interessada (e espero que alguma se interesse, pois o produto é de qualidade) entre em contato comigo no inbox do Facebook ou pelo e-mail pedrojbk@gmail.com. Quem se habilita?


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CITAÇÃO DO DIA:


Porque é curto 

Um conto é curto porque, mesmo tendo uma ação longa a mostrar, essa ação é melhor mostrada numa forma contraída ou numa escala de proporção contraída.

(Norman Friedman).



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