Proteger sim, mas por tempo limitado
Pedro J. Bondaczuk
A reserva de mercado da informática, embo0ra esteja em
vigor há um tempo relativamente curto, tem sido atacada por todos os lados,
inclusive por muitos que se beneficiam dela. Alguns,. Por puro modismo, tentam
passar à opinião pública um liberalismo de fachada, que na prática, no
cotidiano de seus negócios, sequer praticam.
Outros, mal informados acerca do
que ocorre lá fora, investem contra a medida, que todos sabem não ser uma
espécie de panacéia para todos os males do ramo, mas que em algumas
circunstâncias é necessária. E há, ainda, os precipitados, que a defendem ou
atacam sem muita análise.
Mas o bom de tudo isso é que o
assunto está sendo debatido. Está se fazendo uma autocrítica, o que sempre é um
exercício saudável. É indispensável que se destaque que os que mais deblateram
contra a reserva de mercado brasileira são justamente aqueles países que mais
se beneficiaram de sistemas protecionistas semelhantes.
Os Estados Unidos, por exemplo,
sempre protegeram setores que eram de seu interesse contra a competição
externa. O mesmo acontecia, e ainda acontece, com a Europa Ocidental, o Japão e
vai por aí afora. Essa medida está muito distante de ser uma invenção nossa. E
nem mesmo é a primeira vez que o País age dessa maneira. A própria indústria
automobilística nacional auferiu benefícios de um processo parecido, que ainda
está em vigor.
Ademais, a reserva de mercado no
Brasil não está prevista para ser eterna. Tem o seu prazo limitado até 1992,
quando será repensada e rediscutida. Se vai ser renovada, é muito cedo para se
dizer. Mas uma coisa é certa: as restrições atuais serão em muito atenuadas,
para que as empresas que nasceram sob esse guarda-chuva protetor se fortaleçam
mediante o saudável exercício da competição.
Quem souber aproveitar o tempo,
desenvolver tecnologia própria, equacionar custos para tornar os preços dos
seus produtos menos proibitivos do que atualmente, estará salvo. Não terá nada
a temer de possíveis concorrentes, venham de onde vierem. Quem não agir
assim...
(Artigo escrito por mim, sob pseudônimo, publicado na página 11, Editoria
de Informática do Correio popular, em 8 de julho de 1988).
Acompanhe-me pelo twitter: @bondaczuk
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