Friday, September 26, 2014

Proteger sim, mas por tempo limitado



Pedro J. Bondaczuk

A reserva de mercado da informática, embo0ra esteja em vigor há um tempo relativamente curto, tem sido atacada por todos os lados, inclusive por muitos que se beneficiam dela. Alguns,. Por puro modismo, tentam passar à opinião pública um liberalismo de fachada, que na prática, no cotidiano de seus negócios, sequer praticam.

Outros, mal informados acerca do que ocorre lá fora, investem contra a medida, que todos sabem não ser uma espécie de panacéia para todos os males do ramo, mas que em algumas circunstâncias é necessária. E há, ainda, os precipitados, que a defendem ou atacam sem muita análise.

Mas o bom de tudo isso é que o assunto está sendo debatido. Está se fazendo uma autocrítica, o que sempre é um exercício saudável. É indispensável que se destaque que os que mais deblateram contra a reserva de mercado brasileira são justamente aqueles países que mais se beneficiaram de sistemas protecionistas semelhantes.

Os Estados Unidos, por exemplo, sempre protegeram setores que eram de seu interesse contra a competição externa. O mesmo acontecia, e ainda acontece, com a Europa Ocidental, o Japão e vai por aí afora. Essa medida está muito distante de ser uma invenção nossa. E nem mesmo é a primeira vez que o País age dessa maneira. A própria indústria automobilística nacional auferiu benefícios de um processo parecido, que ainda está em vigor.

Ademais, a reserva de mercado no Brasil não está prevista para ser eterna. Tem o seu prazo limitado até 1992, quando será repensada e rediscutida. Se vai ser renovada, é muito cedo para se dizer. Mas uma coisa é certa: as restrições atuais serão em muito atenuadas, para que as empresas que nasceram sob esse guarda-chuva protetor se fortaleçam mediante o saudável exercício da competição.

Quem souber aproveitar o tempo, desenvolver tecnologia própria, equacionar custos para tornar os preços dos seus produtos menos proibitivos do que atualmente, estará salvo. Não terá nada a temer de possíveis concorrentes, venham de onde vierem. Quem não agir assim...

(Artigo escrito por mim, sob pseudônimo, publicado na página 11, Editoria de Informática do Correio popular, em 8 de julho de 1988).


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