Modernidade de fato
Pedro
J. Bondaczuk
O mais recente livro da
inglesa Lindsey Kelk, lançado no Brasil pela Editora Fundamento, “Eu amo New
York”, mesmo sendo um romance (alguns classificam-no como novela, o que dá no
mesmo e, portanto, é de ficção), suscita-me uma série de reflexões que vão
muito além do mero enredo. Nem todas (eu diria que raras) obras do gênero se
prestam a algo mais do que mero entretenimento.
Confesso que estou cada vez mais apaixonado pelos escritores da nova
(quando não novíssima) geração, que chegam ao cenário editorial com garra,
inteligência, capacidade de observação e comunicabilidade, de olho na conquista de seu espaço. Claro que
nem todos são geniais e talentosos, porquanto talento e criatividade não são
questões de sexo, raça, idade ou outros fatores quetais. São características
individuais e as pessoas as têm ou não, independente de tudo isso.
Essa jovem inglesa –
nascida na cidade de Doncaster, região de South Yorkshire, em 3 de outubro de
1980, que está, portanto, com 33 anos de idade – tem, e utiliza, todos os ingredientes para
prender os leitores e oferecer-lhes algo mais do que uma boa história (o que já
é um lucro). No livro “Eu amo New York”, além de um enredo palpitante, oferece
descrições detalhadas e perfeitamente integradas no contexto, dos principais
pontos da “Big Apple”, que fascinam, sobretudo, os turistas. Não contente com
isso, fornece, no apêndice de seu romance, uma espécie de mini-guia dessa fascinante
metrópole, como hotéis, restaurantes, bares, lojas, padarias e outros tantos
locais do tipo, sem esquecer de indicar casas de espetáculo que promovem
excelentes baladas. Pudera! É jovem!
O livro em questão é
parte de uma série que tem, ainda (com títulos em inglês e que devem tardar um
pouquinho para chegar ao Brasil): “I heart Hollywood”, “I heart Paris”, “I
heart Vegas” e “I heart London”. Se tiverem os mesmos ingredientes de “Eu amo
New York” (acredito que tenham) serão, com certeza, best-sellers também em
nosso País, já que nos Estados Unidos e na Europa já são. Uma das novidades que
Lindsey Kelk apresenta – e que tanto cobro dos escritores contemporâneos – é o
fato dela caracterizar com perfeição nosso tempo, com os avanços tecnológicos
com que a modernidade nos brinda. Seus personagens usam celulares de última
geração, fazem selfues para postá-los nas redes sociais (como o Facebook,
Twitter, Instagram e demais), publicam textos em blogs e vai por aí afora.
A maioria dos
escritores que li, ultimamente, ignoram esses elementos da vida moderna. Seus
personagens transitam em cidades que mais lembram burgos medievais do que as
barulhentas, tensas, violentas e poluídas metrópoles contemporâneas, com suas
vantagens e desvantagens. A personagem central, a heroína da história, é
Ângela, jovem londrina, de 26 anos, toda certinha e convencional. Isso muda,
todavia, quando a moça flagra o noivo com outra mulher, em uma cerimônia de
casamento de amigos. Claro que rompe, sem vacilar, o relacionamento. Mas não se
limita ao rompimento. Foge de Londres e vai para New York, para não dar nenhuma
chance de reconciliação.
Na “Big Apple”, Ângela
sofre uma metamorfose total. Muda o estilo de vestir, de se pentear, de se
comportar, de se divertir, enfim, torna-se, virtualmente, outra pessoa,
disposta a viver novas experiências. De cara, faz amizade com Jenny,
recepcionista do hotel em que se hospedou, que não tarda em se tornar sua
melhor amiga e guia para lhe mostrar, e lhe fazer usufruir, tudo o que a
cidade, paradigma da modernidade, tem a oferecer. Bem, mais do que isso, eu não
conto. Não sou estraga prazeres de nenhum leitor. Só acrescento que a “nova
Ângela” não só se entrega a novas aventuras novaiorquinas, como resolve
partilhar essas experiências com os leitores de um blog de uma revista famosa.
O mais, deixo por conta da sua imaginação. Ou, melhor, da aquisição e leitura
desse instigante livro.
Todos (ou quase todos)
nós temos cidades a que “amamos” e... outras tantas que detestamos. Eu, por
exemplo, caso fosse situar algum romance nas de minha preferência, priorizaria,
sem dúvida, Campinas (o que não é novidade para nenhum dos meus leitores).
Viriam, certamente, na sequência, pela ordem, Rio de Janeiro, Recife e
Curitiba. Quanto às que detesto, prefiro não citar nenhuma, parz não ficar mal
com nenhum dos seus moradores, que, eventualmente, as ame. E você, caro leitor,
como agiria nessa hipótese? Qual é a cidade que mais ama? Em suma, o livro “Eu
amo New York”, de Lindsey Kelk, faz jus à modernidade, tratando da vida
contemporânea da forma que ela realmente é, o que confere verossimilhança à sua
narrativa.
Acompanhe-me pelo twitter: @bondaczuk
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