Conversando com o
espelho
Pedro
J. Bondaczuk
O espelho é uma dessas
tantas invenções às quais não damos o devido valor, mas que sentiríamos uma
falta imensa caso não tivessem sido inventadas. Já imaginaram qual seria nossa
aparência se não tivéssemos esse objeto, para nós tão trivial, para nos
orientar? Seria um horror!!! Mas quem o inventou? Quem teve essa genial idéia,
para favorecer nossa inegável e onipresente vaidade? Bem, isso não sei! Aliás,
duvido que alguém saiba. O espelho está entre as tantas invenções essenciais
cujos inventores ignoramos. Exemplo? A forma de fazer fogo, a roda, a escrita,
o conceito abstrato do zero etc.etc.etc. Um dia ainda escreverei a respeito.
Meu não hoje. O assunto
deste dia não é bem este. Aliás, é e não é. Refere-se a espelho, não nego, mas
não especula sobre sua utilidade e nem sobre seu ignorado inventor. Tem a ver,
isso sim, com a conversa que todos nós, uma vez ou outra, mantemos com esse trivial objeto, embora neguemos
enfaticamente, para não sermos rotulados de malucos. Mais especificamente: tem
a ver com arte. Não com música, pintura ou escultura, mas com a mais complexa
(na minha avaliação) e mais nobre de todas: a literatura.
O tema que me proponho
a comentar, posto que com forçada brevidade, como este espaço requer, me é dos
mais caros, e por vários motivos. Entre estas razões destaco minha paixão pelas
letras e minha admiração e respeito por uma determinada escritora (e também
jornalista, ou vice-versa), no caso, Celamar Maione. O gancho para falar a seu
respeito é o lançamento do seu novo livro (o segundo, se não estou enganado)
cujo título é, justamente, “Conversando com o espelho”. Trata-se de um romance,
baseado em fatos reais, ou seja, misto de jornalismo literário e de ficção. Sua
obra anterior foi “Só as feias são fiéis” (Editora Multifoco), reunindo vários
de seus contos, gênero que ela confessa estar no seu “sangue”, embora assegure
que sua predileção literária é a poesia. A minha também é.
“Conversando com o
espelho” será lançado, oficialmente, em 23 de setembro, às 18 horas, no Espaço
Multifoco. Para quem não sabe onde fica, informo: fica na “Avenida Mem de Sá,
126, Lapa, Rio de Janeiro”. Bem, se você, leitor, é de outra cidade e por isso
não puder comparecer ao evento, não se aflija. Poderá adquirir o livro, sem
grandes problemas –.aliás, até antes dos que comparecerem ao lançamento
oficial. Como? Acessando a página “Conversando com o espelho” no Facebook
(aproveite para “curti-la”), onde obterá informações específicas de como
adquiri-lo.
Mesmo que talvez
pecando por falta de exatidão, resumo, em poucas palavras, o teor dessa
história verídica, contada, reitero, com a precisão de uma jornalista (que
também é radialista), e com o talento literário de uma competente ficcionista.
O livro narra episódios da vida do ex-policial militar José Carlos Costa, preso
desde 2007 na Unidade Prisional da PM, condenado a 23 anos de prisão por
extorsão mediante seqüestro. Celamar relata passagens desse personagem real da
infância até o cárcere. A própria autora destaca que o enredo, dinâmico, com
muita ação e suspense, traz à baila a trajetória de um ser humano como todos
nós, com sonhos, encantos, desencantos, erros, acertos e contradições. Celamar
informa: “O livro conta a trajetória de vida de um ex-policial militar. É um
livro visto pelo ponto de vista humano: as dificuldades enfrentadas por um
policial, sempre tão criticado pela sociedade. Os erros e acertos cometidos . A
infância pobre. A vontade de se tornar policial. O dia a dia nas ruas como
agente da lei. A prisão, o julgamento e a condenação. Um livro para repensar a
sociedade e a importância de se colocar no lugar do outro. Não é um livro
denúncia. Procurei juntar nele duas coisas de que gosto muito : jornalismo e
literatura”. E conseguiu fazer essa fusão com rara perícia, ou seja, com
competência e talento.
Não preciso sequer ler
seu romance-verdade para garantir suas qualidades literárias. Afinal, fui
editor de seus textos e por quatro anos, o que me credencia a garantir que
conheço (e aprecio) seu estilo. Tive o privilégio e a honra de editar exatos
189 dos seus contos. Pude, pois, aferir a qualidade do seu texto e constatar
seus múltiplos dotes, tanto de jornalista, quanto de escritora, sobretudo sua
perícia narrativa. Não tenho, pois, a menor dúvida que “Conversando com o
espelho” irá agradar em cheio os leitores que o adquirirem. Espero (e farei o
que estiver ao meu alcance para que isso ocorra), que o novo livro de Celamar
Maione faça o mesmo sucesso que o “hit” do mesmo nome, do Grupo Detonautas, vem
fazendo. Estou certo de que fará. Como é bom escrever sobre pessoas que a gente
gosta!!!
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