Sunday, September 14, 2014

Conversando com o espelho

Pedro J. Bondaczuk

O espelho é uma dessas tantas invenções às quais não damos o devido valor, mas que sentiríamos uma falta imensa caso não tivessem sido inventadas. Já imaginaram qual seria nossa aparência se não tivéssemos esse objeto, para nós tão trivial, para nos orientar? Seria um horror!!! Mas quem o inventou? Quem teve essa genial idéia, para favorecer nossa inegável e onipresente vaidade? Bem, isso não sei! Aliás, duvido que alguém saiba. O espelho está entre as tantas invenções essenciais cujos inventores ignoramos. Exemplo? A forma de fazer fogo, a roda, a escrita, o conceito abstrato do zero etc.etc.etc. Um dia ainda escreverei a respeito.

Meu não hoje. O assunto deste dia não é bem este. Aliás, é e não é. Refere-se a espelho, não nego, mas não especula sobre sua utilidade e nem sobre seu ignorado inventor. Tem a ver, isso sim, com a conversa que todos nós, uma vez ou outra, mantemos com  esse trivial objeto, embora neguemos enfaticamente, para não sermos rotulados de malucos. Mais especificamente: tem a ver com arte. Não com música, pintura ou escultura, mas com a mais complexa (na minha avaliação) e mais nobre de todas: a literatura.

O tema que me proponho a comentar, posto que com forçada brevidade, como este espaço requer, me é dos mais caros, e por vários motivos. Entre estas razões destaco minha paixão pelas letras e minha admiração e respeito por uma determinada escritora (e também jornalista, ou vice-versa), no caso, Celamar Maione. O gancho para falar a seu respeito é o lançamento do seu novo livro (o segundo, se não estou enganado) cujo título é, justamente, “Conversando com o espelho”. Trata-se de um romance, baseado em fatos reais, ou seja, misto de jornalismo literário e de ficção. Sua obra anterior foi “Só as feias são fiéis” (Editora Multifoco), reunindo vários de seus contos, gênero que ela confessa estar no seu “sangue”, embora assegure que sua predileção literária é a poesia. A minha também é.

“Conversando com o espelho” será lançado, oficialmente, em 23 de setembro, às 18 horas, no Espaço Multifoco. Para quem não sabe onde fica, informo: fica na “Avenida Mem de Sá, 126, Lapa, Rio de Janeiro”. Bem, se você, leitor, é de outra cidade e por isso não puder comparecer ao evento, não se aflija. Poderá adquirir o livro, sem grandes problemas –.aliás, até antes dos que comparecerem ao lançamento oficial. Como? Acessando a página “Conversando com o espelho” no Facebook (aproveite para “curti-la”), onde obterá informações específicas de como adquiri-lo.

Mesmo que talvez pecando por falta de exatidão, resumo, em poucas palavras, o teor dessa história verídica, contada, reitero, com a precisão de uma jornalista (que também é radialista), e com o talento literário de uma competente ficcionista. O livro narra episódios da vida do ex-policial militar José Carlos Costa, preso desde 2007 na Unidade Prisional da PM, condenado a 23 anos de prisão por extorsão mediante seqüestro. Celamar relata passagens desse personagem real da infância até o cárcere. A própria autora destaca que o enredo, dinâmico, com muita ação e suspense, traz à baila a trajetória de um ser humano como todos nós, com sonhos, encantos, desencantos, erros, acertos e contradições. Celamar informa: “O livro conta a trajetória de vida de um ex-policial militar. É um livro visto pelo ponto de vista humano: as dificuldades enfrentadas por um policial, sempre tão criticado pela sociedade. Os erros e acertos cometidos . A infância pobre. A vontade de se tornar policial. O dia a dia nas ruas como agente da lei. A prisão, o julgamento e a condenação. Um livro para repensar a sociedade e a importância de se colocar no lugar do outro. Não é um livro denúncia. Procurei juntar nele duas coisas de que gosto muito : jornalismo e literatura”. E conseguiu fazer essa fusão com rara perícia, ou seja, com competência e talento.

Não preciso sequer ler seu romance-verdade para garantir suas qualidades literárias. Afinal, fui editor de seus textos e por quatro anos, o que me credencia a garantir que conheço (e aprecio) seu estilo. Tive o privilégio e a honra de editar exatos 189 dos seus contos. Pude, pois, aferir a qualidade do seu texto e constatar seus múltiplos dotes, tanto de jornalista, quanto de escritora, sobretudo sua perícia narrativa. Não tenho, pois, a menor dúvida que “Conversando com o espelho” irá agradar em cheio os leitores que o adquirirem. Espero (e farei o que estiver ao meu alcance para que isso ocorra), que o novo livro de Celamar Maione faça o mesmo sucesso que o “hit” do mesmo nome, do Grupo Detonautas, vem fazendo. Estou certo de que fará. Como é bom escrever sobre pessoas que a gente gosta!!!


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