As pessoas que sabem vislumbrar
beleza até onde esta, objetivamente, não exista (ou pareça não existir) são
rotuladas, pelos pessimistas e renitentes derrotistas, de “utópicas”. Confesso
que comungo dessa utopia. Procuro sempre ver o lado positivo, nobre e belo da
vida, sem, contudo, ignorar ou negar a existência do oposto (mas no sentido de
modificá-lo para melhor). O antônimo da utopia é chamado de “distopia”. É o
comportamento de muitos (talvez, infelizmente, a maioria) que só enxergam o
lado perverso, ruim e feio da vida. São, no meu entender, mais alienados do que
os que vêem apenas o aspecto positivo, belo e nobre de tudo. E, na sua
alienação, são infelizes, mesmo que tenham a seu favor tudo o que alguém
necessite para alcançar felicidade.
Muitas pessoas não alcançam a
felicidade por não estarem predispostas a ela. Apostam no negativo e este se impõe
e se manifesta, com todo o vigor, em suas vidas amargas e cinzentas. O poeta
Murilo Mendes fez uma brincadeira, no poema “O utopista”, e caracterizou o
distópico, como sendo utópico. Escreveu:
“Ele acredita que o chão é duro.
Que todos os homens estão presos.
Que há limites para a poesia.
Que não há sorrisos nas crianças
nem amor nas mulheres.
Que só de pão vive o homem.
Que não há um outro mundo”.
Quem nutre estas crenças e se comporta
dessa maneira, reitero, jamais conseguirá ser feliz. Mesmo que o chão não seja
macio, que nenhum homem seja livre, que a poesia seja limitada, que as crianças
sejam sisudas, que as mulheres não saibam amar, que o homem viva somente em
função da comida e que, com a morte, tudo termine, não há mal algum em pensar
no oposto, se isso trouxer alegria e motivação para viver.
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Paulo Lanyi – Contato: jplanyi@gmail.com
“A Passagem dos Cometas” – Edir Araújo – Contato: edir-araujo@hotmail.com
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“Um dia como outro qualquer” – Fernando Yanmar
Narciso.
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