Tuesday, January 12, 2016

Fogueira de vaidades


Pedro J. Bondaczuk


O jogador Marcelinho Carioca, do Corinthians, depois de receber recentemente duas oportunidades (nas quais marcou dois gols), na seleção brasileira, é mais uma vez barrado,  por falta disciplinar cometida em seu clube, pelo técnico Wanderley Luxemburgo. Ambos voltaram a se desentender, na véspera do clássico contra o São Paulo. É a segunda briga dos dois, que têm temperamento forte e vaidade exacerbada, em menos de um mês. É certo que o atleta cometeu ato grave de indisciplina, pondo em xeque a autoridade e a ascendência do treinador sobre o grupo (no futebol ainda impera o autoritarismo). Mas faltou, de parte a parte, bom-senso e ânimo para o diálogo, com prejuízos para a imagem de ambos.

 Possivelmente foi em virtude desse temperamento difícil que o ex-técnico da seleção, Zagallo, barrou sistematicamente o craque em tantas convocações, inclusive em ocasiões em que este ostentava forma física e técnica até melhor do que a atual. Luxemburgo, por sua vez, tem antecedentes de atritos com comandados em outros clubes por onde passou, como Edmundo, Edilson e Romário, para citar apenas três casos. Nenhum dos dois é, portanto, "flor que se cheire". A lista dos convocados para o jogo contra a Rússia, em 18 de novembro próximo, em Fortaleza, mostra coerência por parte do treinador. À exceção de Marcelinho Carioca (suspenso "sine die" pelo seu clube), a base da equipe que atuou nos dois amistosos anteriores (Iugoslávia e Equador) foi mantida.

Depois de muitos anos, Amoroso ganha nova chance de vestir a camisa titular da seleção, a terceira de sua carreira, pelo excelente desempenho na pequena Udinese, onde é o principal destaque e o vice-artilheiro do competitivo campeonato italiano, superando astros de primeira grandeza do futebol mundial como Zidane, Salas, Zamorano, etc. Elber é mantido no comando do ataque e deve ser efetivado, mesmo depois que (ou se) Ronaldinho --- tido e havido ainda como o melhor jogador do mundo --- se recuperar da atual má fase física e técnica. Denílson continua prestigiado e Rivaldo ganha nova função. A briga entre Marcelinho e Luxemburgo, por outro lado, reacende a polêmica sobre se o técnico, reconhecidamente o mais bem preparado (em termos de conhecimento tático) do País pode atuar, simultaneamente, em seu clube e na seleção. Entendemos que não...Ele (e alguns comentaristas) afirmam que sim...E você, o que acha?

(Artigo divulgado na revista eletrônica "Barão Virtual", na Internet, na primeira semana de janeiro de 1999)


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