Fogueira de vaidades
Pedro J. Bondaczuk
O
jogador Marcelinho Carioca, do Corinthians, depois de receber recentemente duas
oportunidades (nas quais marcou dois gols), na seleção brasileira, é mais uma
vez barrado, por falta disciplinar
cometida em seu clube, pelo técnico Wanderley Luxemburgo. Ambos voltaram a se
desentender, na véspera do clássico contra o São Paulo. É a segunda briga dos
dois, que têm temperamento forte e vaidade exacerbada, em menos de um mês. É
certo que o atleta cometeu ato grave de indisciplina, pondo em xeque a
autoridade e a ascendência do treinador sobre o grupo (no futebol ainda impera
o autoritarismo). Mas faltou, de parte a parte, bom-senso e ânimo para o
diálogo, com prejuízos para a imagem de ambos.
Possivelmente foi em virtude desse
temperamento difícil que o ex-técnico da seleção, Zagallo, barrou
sistematicamente o craque em tantas convocações, inclusive em ocasiões em que
este ostentava forma física e técnica até melhor do que a atual. Luxemburgo,
por sua vez, tem antecedentes de atritos com comandados em outros clubes por
onde passou, como Edmundo, Edilson e Romário, para citar apenas três casos.
Nenhum dos dois é, portanto, "flor que se cheire". A lista dos
convocados para o jogo contra a Rússia, em 18 de novembro próximo, em
Fortaleza, mostra coerência por parte do treinador. À exceção de Marcelinho
Carioca (suspenso "sine die" pelo seu clube), a base da equipe que
atuou nos dois amistosos anteriores (Iugoslávia e Equador) foi mantida.
Depois
de muitos anos, Amoroso ganha nova chance de vestir a camisa titular da
seleção, a terceira de sua carreira, pelo excelente desempenho na pequena
Udinese, onde é o principal destaque e o vice-artilheiro do competitivo
campeonato italiano, superando astros de primeira grandeza do futebol mundial
como Zidane, Salas, Zamorano, etc. Elber é mantido no comando do ataque e deve
ser efetivado, mesmo depois que (ou se) Ronaldinho --- tido e havido ainda como
o melhor jogador do mundo --- se recuperar da atual má fase física e técnica.
Denílson continua prestigiado e Rivaldo ganha nova função. A briga entre
Marcelinho e Luxemburgo, por outro lado, reacende a polêmica sobre se o
técnico, reconhecidamente o mais bem preparado (em termos de conhecimento
tático) do País pode atuar, simultaneamente, em seu clube e na seleção.
Entendemos que não...Ele (e alguns comentaristas) afirmam que sim...E você, o
que acha?
(Artigo
divulgado na revista eletrônica "Barão Virtual", na Internet, na
primeira semana de janeiro de 1999)
Acompanhe-me pelo twitter: @bondaczuk
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