Monday, January 18, 2016

As redes sociais seriam só outro modismo?


Pedro J. Bondaczuk

As redes sociais, pelo menos para mim, constituem-se em enorme decepção, em frustração sem tamanho, pelos rumos que tomaram e pelo retorno que me dão. Admito que a culpa, neste caso, seja (ou pelo menos possa ser) minha, por acalentar expectativas se não absurdas (pois têm potencial para ser o que esperava e ainda espero), pelo menos irreais. É o preço que pago por ser sonhador. E de sonhar não abro mão a despeito da educação cartesiana que recebi e que determina minha personalidade. Tenho intuição que esses  canais democráticos de livre expressão para quem quiser se utilizar deles não passam de meros modismos, como tantos outros que existiram e que se acabaram, e que logo também vão ter fim. Espero estar equivocado. Pois se isso acontecer... será uma pena!

Frequento redes sociais há já doze anos, desde 2003, quando fui “apresentado” ao Orkut. Na sequência, aderi ao Gazzag. Não tardou, todavia, para estes dois canais de contato e, supostamente, de aproximação de pessoas, minguarem (talvez enjoarem os usuários, sabe-se lá!) e... deixarem de existir. Há uns seis anos, utilizo-me do Facebook e do Twitter. Meus objetivos ao passar a me utilizar dessas duas redes sociais são diferentes. A finalidade de me valer da primeira é a de divulgar (exclusivamente, ou quase) minha produção literária e, da segunda, para opinar sobre política, futebol, comportamento e tudo o mais que constitui o campo de trabalho da minha principal profissão, o jornalismo.

Sou obcecado por organização e creio que essa separação de assuntos satisfaz (pelo menos para mim) essa finalidade. No Facebook partilho, com potenciais leitores, crônicas, ensaios, contos e reflexões literários. Ou seja, exibo minha “face” de escritor. E reservo o twitter “apenas” para o jornalista Pedro, buscando ser o mais correto e responsável possível, ciente de estar tratando de e com pessoas, sem recorrer, pois, a nada que comprometa o bom jornalismo: o construtivo, positivo, em suma, “o que crê”, que é como entendo que deva ser essa atividade e como pautei minha longa carreira, de quase meio século. Nunca fiz, não faço e comprometo-me a jamais fazer o tal do “jornalismo marrom”, que beneficia a muitos às custas da honra, da tranqüilidade e até do futuro de milhões.

Abomino, portanto, o sensacionalismo, a meia-verdade, a parcialidade, as irresponsáveis insinuações e os meros boatos sem a menor prova, apresentados como “notícias”. Não são! Não me utilizo de estúpidos estereótipos, de jargões, de “apelidos” dados ao que os que se valem desse recurso entendem (será que entendem mesmo?) como “informações”, tipo “mensalão”, “Operação Lava Jato”, “pedaladas” e quejandos, que se tornaram verdadeiras pragas, como se fosse a disseminação de tiriricas em gramados que poderiam e deveriam ser saudáveis. Convenhamos, este é um procedimento para lá de comum, e não de hoje (e não somente no Brasil), mas de longa data, e em todo o mundo, praticamente desde os primórdios do jornalismo (cuja gênese, aliás, foi sensacionalista, que priorizava escândalos, crimes e violência de toda a sorte) atividade, por sinal, relativamente recente: de uns dois séculos ou pouco mais, se tanto.

Minha decepção com as redes sociais já começa a partir do “alcance” que elas me proporcionam, que poderia ser quase “infinito”, mas que é anos-luz aquém do que os jornais em que trabalhei me proporcionavam (já nem falo em rádio, atividade que exerci por cerca de uma década). Minhas colunas diárias (literárias ou não) eram lidas por dezenas de milhares de leitores, como se apurou em pesquisas. No Facebbok e no Twitter, todavia, a cifra de leitores mal chega ao milhar (no primeiro) e a meras e irrisórias seis centenas (no segundo).

Os tais “seguidores” (cuja maioria não segue coisíssima alguma) representam, nas duas redes sociais, percentualmente, qualquer coisa como 0,00001% dos seus milhões de usuários, e olhem lá. Destes, os que comprovadamente me lêem são menos ainda. Chegam á pífia e ridícula cifra de uma dezena no máximo!!! Os amigos que freqüentam minha casa e que têm acesso físico ao que escrevo (não raro na própria telinha do computador), são, no mínimo, três vezes mais. É ou não é, pois, monumental perda de tempo esfalfar-me em pesquisas, redação, revisão etc. para produzir textos que praticamente ninguém vai ler?!! Ora, ora, ora... E nem preciso lembrar que não faz o mínimo sentido ser escritor ou jornalista sem a existência de leitores que consumam o “produto”. Vai daí...   


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