Monday, January 11, 2016

Continente marcado por ditaduras


Pedro J. Bondaczuk

A década de 1970, para a América Latina, em especial para a do Sul, ressaltou, mais do que nunca, a fragilidade das instituições nos vários países da região. Foi um período de ditaduras de diversos matizes. Com as honrosas exceções da Colômbia e da Venezuela, entre as Repúblicas de língua espanhola, e das recém independentes Guiana e Suriname, no restante do continente houve monótona sucessão de quarteladas, com militares derrubando civis e, em muitos casos, depondo os próprios companheiros de armas.

O Paraguai entrou e saiu da década da mesma forma. Ou seja, sob a ditadura do general Alfredo Stroessner, que durou 37 anos, até que ele foi deposto por uma reunião sangrenta em 4 de fevereiro de 1989. O Chile começou os anos 70 sob um governo civil, o do socialista Salvador Allende, que terminou tragicamente, após o golpe de 11 de setembro de 1973, apoiado pelos Estados Unidos e liderado por Augusto Pinochet, cujo regime, imposto a ferro e fogo, duraria 16 tenebrosos anos.

A Argentina entrou e saiu da década sob ditaduras, com o breve hiato da volta do peronismo ao poder, em 1973, com a vitória eleitoral, e posterior renúncia, de Hector Campora, a volta de Juan Domingo Perón ao país, sua eleição nesse mesmo ano, tendo por vice a esposa Maria Estela Martinez de Perón, a Isabelita; a morte do caudilho e a desastrada gestão da mulher, que terminou com o golpe de 24 de março de 1976. Algo parecido ocorreu no Peru, governado por uma junta militar liderada pelo general Juan Velasco Alvarado, depois da quartelada que levou á deposição do presidente Fernando Belaunde Terry, em 1968, que voltou ao governo em 1980, quando da redemocratização do país.

O Equador iniciou a década sob a gestão do veterano político Josdé Maria Velasco Ibarra, talvez o governante que mais vezes foi derrubado no mundo. Sua queda nos anos 70 ocorreu em 1972,. Quando o general brigadeiro Guillermo Rodriguez Lara assumiu, renunciando em 1976, quando foi substituído pelo almirante Alfredo Poveda Burbano que, por seu turno, devolveu o poder aos civis em 1979.

O caso mais pitoresco foi o da Bolívia, país recordista mundial em golpes de Estado – teve 197 em sua curta história. Até 1969, essa pobre República dos Andes era governada pelo caudilho René Barrientos que, nesse ano, morreu em um acidente de helicóptero. A partir daí, os bolivianos tiveram, até 1979, nove governos diferentes.


(Artigo publicado na editoria Internacional do Correio Popular, em 26 de outubro de 1990)

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