Continente marcado por
ditaduras
Pedro
J. Bondaczuk
A década de 1970, para
a América Latina, em especial para a do Sul, ressaltou, mais do que nunca, a
fragilidade das instituições nos vários países da região. Foi um período de
ditaduras de diversos matizes. Com as honrosas exceções da Colômbia e da
Venezuela, entre as Repúblicas de língua espanhola, e das recém independentes
Guiana e Suriname, no restante do continente houve monótona sucessão de
quarteladas, com militares derrubando civis e, em muitos casos, depondo os
próprios companheiros de armas.
O Paraguai entrou e
saiu da década da mesma forma. Ou seja, sob a ditadura do general Alfredo
Stroessner, que durou 37 anos, até que ele foi deposto por uma reunião
sangrenta em 4 de fevereiro de 1989. O Chile começou os anos 70 sob um governo
civil, o do socialista Salvador Allende, que terminou tragicamente, após o
golpe de 11 de setembro de 1973, apoiado pelos Estados Unidos e liderado por
Augusto Pinochet, cujo regime, imposto a ferro e fogo, duraria 16 tenebrosos
anos.
A Argentina entrou e
saiu da década sob ditaduras, com o breve hiato da volta do peronismo ao poder,
em 1973, com a vitória eleitoral, e posterior renúncia, de Hector Campora, a
volta de Juan Domingo Perón ao país, sua eleição nesse mesmo ano, tendo por
vice a esposa Maria Estela Martinez de Perón, a Isabelita; a morte do caudilho
e a desastrada gestão da mulher, que terminou com o golpe de 24 de março de
1976. Algo parecido ocorreu no Peru, governado por uma junta militar liderada
pelo general Juan Velasco Alvarado, depois da quartelada que levou á deposição
do presidente Fernando Belaunde Terry, em 1968, que voltou ao governo em 1980,
quando da redemocratização do país.
O Equador iniciou a
década sob a gestão do veterano político Josdé Maria Velasco Ibarra, talvez o
governante que mais vezes foi derrubado no mundo. Sua queda nos anos 70 ocorreu
em 1972,. Quando o general brigadeiro Guillermo Rodriguez Lara assumiu,
renunciando em 1976, quando foi substituído pelo almirante Alfredo Poveda
Burbano que, por seu turno, devolveu o poder aos civis em 1979.
O caso mais pitoresco
foi o da Bolívia, país recordista mundial em golpes de Estado – teve 197 em sua
curta história. Até 1969, essa pobre República dos Andes era governada pelo
caudilho René Barrientos que, nesse ano, morreu em um acidente de helicóptero.
A partir daí, os bolivianos tiveram, até 1979, nove governos diferentes.
(Artigo publicado na
editoria Internacional do Correio Popular, em 26 de outubro de 1990)
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