Sunday, January 31, 2016

MORRER DE AMOR E CONTINUAR VIVENDO

A falta de correspondência no amor é frustrante, dolorida e brutal. É um sofrimento que não desejo nem para o pior inimigo. Mas quando somos correspondidos! Ah!, os amantes conseguem a façanha de transportar o céu para a terra. As pedras e espinhos não lhes ferem os pés, frio e calor não os incomodam e um vê a vida (como incrível magia) nos olhos do outro. É um delírio! Mário Quintana expressa, em magnífico poema, a ventura de se amar e ser amado, ao exclamar: “Tão bom morrer de amor e continuar vivendo!” Não conheço felicidade maior. Mas, reitero, o amor tem que ser vivido, sempre, no superlativo. Isso me reporta à mágica crônica escrita por Nelson Rodrigues – ironicamente a última da sua vida, que foi publicada na Folha de S. Paulo no mesmo dia e na mesma página em que o jornal anunciou a sua morte – intitulada, justamente, “Amor que morre”. O “anjo pornográfico” encerra o quinto parágrafo desse marcante texto com esta constatação: “Eis a verdade, quem experimenta o verdadeiro amor já não sabe viver sem ele”. Não sabe, mas muitos não cuidam dele. E ele, sem os necessários cuidados, tanto pode morrer, repito, de forma fulminante – em decorrência, por exemplo, de alguma agressão, moral ou física, não importa – ou lentamente, desgastado pela rotina, pelo pouco caso, pelo egoísmo e por tantas e tantas e tantas outras ações e/ou omissões, das quais nos arrependemos muito tarde, quando não mais cabem arrependimentos.


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Moeda aviltada



Pedro J. Bondaczuk


A Casa da Moeda, a continuar na atual escalada inflacionária no País, vai precisar dispor de um imenso cadastro de personalidades a serem homenageadas nas novas cédulas que terá de emitir. É verdade que não faltam os que merecem homenagens, por terem se destacado nos campos da cultura, da ciência, da arte e do esporte. Todavia, a lembrança acaba sendo efêmera demais. Em pouco tempo as notas são recolhidas e substituídas por valores mais altos. Coisas de um país que convive com a absurda taxa de inflação de 35% ao mês.

A Casa da Moeda, por exemplo, já está preparando as novas cédulas de Cr$ 10 mil e de Cr$ 50 mil, que vão entrar em circulação no início de 1994. E vão surgir já valendo bem menos, em termos reais. As previsões são de que a taxa inflacionária no período se mantenha no atual patamar.

A nova nota de Cr$ 5 mil, que entra em circulação no final deste mês e que foi aprovada em julho, irá chegar aos nossos bolsos com um poder de compra de Cr$ 1.510,00! Um absurdo! Os 230% da inflação acumulada no período são responsáveis por esse estrago. Não se pode, portanto, dizer que o País dispõe de uma moeda, no verdadeiro sentido da palavra.

Algumas das cédulas chegam a ter um custo maior do que seu valor nominal. Ou seja, compram menos do que custam. E a população, que não é tola, não confia nelas. Na verdade, à exceção de pequenos negócios triviais do dia-a-dia, são as moedas paralelas, que circulam com fartura, as utilizadas nas várias transações. Até cachorro-quente já é cotado em dólar! Somos, por acaso, um país soberano?  

(Artigo publicado na página 2, Opinião, do Correio Popular, em 18 de outubro de 1993)


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Para atender a leitores

Pedro J. Bondaczuk

O futebol está presente em minha Literatura (e, de certa forma, em minha vida). É verdade que não na mesma proporção do interesse (diria melhor, paixão) que desperta em bilhões de pessoas mundo afora. Longe disso. A estranha veneração que multidões nutrem pelos vários clubes vencedores (raros se interessam pelos meros “coadjuvantes”), e por astros e estrelas consagrados dessa modalidade esportiva, é crescente. Aumenta, praticamente, na mesma proporção do aumento da população mundial. Esse comportamento, claro, me intriga, enquanto intelectual que analisa friamente os costumes do seu tempo. Sobretudo quando analiso a proporção “custo/benefício”. Mas... quem se importa com isso?

Hoje em dia, a imensa maioria das pessoas valoriza muito mais um jogador de futebol do que um cientista que, por exemplo, descubra a cura de alguma doença que tenha sido até então incurável. Aliás, personalidade alguma, do presente ou do passado, e nenhum profissional, seja de que área de atividade for, rivaliza, sequer de longe, em termos de valorização, de popularidade e de idolatria, com os mais hábeis praticantes desse esporte das multidões. Estes contam, além de tudo, com remuneração muitíssimo superior às de um médico, um magistrado, um filósofo e até de um presidente da República, apenas para citar alguns casos. Professores, então... nem é bom comparar. Soa ridícula a comparação, tamanho o desnível. Todavia, quem é mais importante para o futuro da sociedade e da civilização: um mestre ou um jogador de futebol? Ora, ora, ora... Até o mais bronco dos broncos, o soberano dos beócios sabe que é o professor. Comparar com escritores, então, nem pensar!

Estranha (de fato surreal) ou não, o fato é que essa obsessão generalizada com algo de tão escassa importância intrínseca, existe. Portanto, não é façanha alguma o fato de algum escritor fazer dela tema para sua produção literária. Estranhável, sim, é quando um assunto tão evidente é ignorado, como se não estivesse onipresente em nossa vida no cotidiano. Escrevi, porém, muito pouco a respeito. Em termos de ficção, abordei-o, e raramente de forma específica, em cinco de meus contos. E apenas um trata do futebol diretamente. É o que dá título ao meu livro “Lance fatal”, publicado em 2010 pela Editora Barauna.

Em poesia, compus um único e solitário poema sobre o assunto. E não foi dedicado ao consensualmente considerado o mais completo jogador de futebol que já apareceu, Pelé. Foi inspirado na performance de Garrincha na Copa do Mundo de 1962, no Chile, quando foi um dos responsáveis pela conquista do bicampeonato mundial pela Seleção Brasileira. Escrevi-o quase um ano após esse tão comemorado êxito esportivo: em 22 de abril de 1963.        

Para não deixá-lo “no ar”, paciente leitor, transcrevo-o abaixo. Seu título é “Guerreiro alado” e diz:

“Garrincha, pequeno pássaro encantado,
alado guerreiro, ingênuo e inocente,
que faz desfilar, no presente, galhardia,
e humor e graça, as sementes do amanhã,
e que alimenta nossa fragílima fantasia
no palco grandioso do Maracanã.

 Mameluco cavaleiro do sonho,
de auriverde manto sagrado,
corcel veloz, galopa e voa
a felicidade perfeita dos simples
nos gramados da América e Europa.

Pés alados. Pés de anjo. Pés calçados
de couro e poesia, de poder e magia,
na luta heróica, com espírito lúdico,
faz acenos familiares à glória
e, em danças, coreografias, corrupios,
bêbedo de luz, sorve o vinho da vitória.

Líder nato, sem bazófia ou arrogância,
dançando, com dez exímios bailarinos,
tece, com os pés, o painel encantado da vida
no teatro, dramática arena dos bravos,
do Estádio Nacional de Santiago.

A fama é tênue e pesa toneladas.
Heróis despencam no esquecimento
vítimas da ingratidão covarde e infeliz.
Mas Garrincha voa, flutua, ganha alento
e, com arte, com magia e encantamento
desperta, orgulha e enaltece um país”.

Admito que não se trata de nenhuma obra-prima, de eventual jóia rara, que me credencie, exagerando bastante (e põe exagero nisso!) a um Prêmio Nobel de Literatura. Longe (um milhão de anos-luz de distância) disso! Mas, convenhamos, o poema tem lá seu encanto (descontando os exageros que cometi, a pretexto de “licenças poéticas”). Destaco que no terreno da não-ficção, escrevi um livro inteiro sobre futebol, intitulado “Copas ganhas e perdidas”. Foi escrito em 2010 e eu tinha expectativa de publicá-lo antes do traumático Mundial de 2014, “imortalizado” com o vexame da Seleção Brasileira, que fez história sofrendo o inexplicável placar de 7 a 1 diante da implacável Alemanha, mesmo jogando em seus domínios. Esse desastre futebolístico ainda vai dar muito pano para manga, com certeza. Atualizei, claro, o livro com os detalhes da Copa de 2014 e tenho expectativa de publicá-lo antes do Mundial da Rússia, em 2018.


Sinceridade? Não tenho muita esperança (quase nenhuma) de interessar alguma editora, para publicar esse livro, tendo em vista o fracasso nas negociações que mantive com algumas, entre 2011 e 2013. Mas... nunca se sabe. Não sabemos nem mesmo o que pode nos acontecer no minuto seguinte, quanto mais nos próximos três anos, não é mesmo? E por que trouxe esse assunto à baila, neste espaço nobre voltado à Literatura? Não, meus críticos implacáveis, não foi para me vangloriar (até porque, não há motivo para tanto). Foi para atender à solicitação de dezenas de leitores (sem exagero) feita por e-mail, o que, óbvio, me lisonjeia. Faço-o, pois, com inegável satisfação, mesmo correndo o risco de ser mal interpretado (o que é quase certo que serei). É o que tenho a declarar a propósito, por ora

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Saturday, January 30, 2016

AMOR TEM QUE SER VIVIDO NO SUPERLATIVO

O amor tem que ser vivido, sempre, no superlativo. Já escrevi isso “n” vezes e, certamente repetirei essa verdade quantas vezes julgar oportuno, já que se trata de um sentimento que não pode ser “morno”. Se o for, torna-se enjoativo, insosso, intragável. É vibrante (e tem que ser sempre assim) principalmente quando “ferve”. Quanto mais intenso for, mais intensidade devemos tentar lhe imprimir. Para o amor não há e nem pode haver limites. Quem já amou ou está amando sabe do que estou falando. Falo do superlativo dos superlativos. Os poetas criaram, até, estranha metáfora para expressar o absolutismo desse maiúsculo sentimento: morrer de amor. A rigor, convenhamos, ninguém morre dessa causa, claro. E se morresse... seria morte gloriosa. Ninguém morre de amor, mas este, mesmo que alguns não admitam, morre. E seu colapso pode ser tanto instantâneo, fulminante, igual a um raio, quanto a morte pode ser precedida de lenta agonia, que pode durar anos a fio. Ademais, morre-se, também, de amor não-correspondido, o que é outra coisa.


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Novo comando



Pedro J. Bondaczuk


A segurança volta a ser a preocupação número um da população do Estado de São Paulo, conforme mostram recentes pesquisas, superando problemas (tanto ou mais angustiantes para o brasileiro), como o desemprego, a saúde, a inadimplência e outros que sequer precisam ser citados.

Esse quadro agravou-se ainda mais nos últimos dias, com a participação de policiais militares em seqüestros de crianças. Isso é intolerável para a opinião pública, que por isso intensificou a cobrança junto às autoridades (e com razão), para que fatos lamentáveis como esses nunca mais se repitam e os criminosos sejam exemplarmente punidos.

Um desses casos foi mais grave, por ter sido seguido de morte e por haver ocorrido perto de nós, aqui na Capital, bem ao lado de Campinas. Foi o do menino Yves Ota, de oito anos, morto com dois tiros no rosto e enterrado no quarto da casa de um dos seqüestradores (ex-informante da polícia), que mesmo tendo assassinado seu indefeso refém, exigiam resgate da família.

O outro episódio, embora ocorrido em Brasília, pôs mais lenha na fogueira, pelo envolvimento de um tenente da PM, com possibilidades de outros integrantes da corporação terem participado do ato criminoso. Foi o seqüestro da menina Cleucy, de 12 anos, filha do empresário e deputado distrital de Brasília, Luiz Estêvão.

A publicidade negativa desses dois casos certamente pesou na balança para o governador Mário Covas decidir demitir o comandante-geral da Polícia Militar do Estado de São Paulo, coronel Claudionor Lisboa, e substituí-lo por um oficial com fama de disciplinador, embora partidário do óbvio em relação a qualquer problema (e mais ainda quando se trata de segurança), ou seja, a prevenção: coronel Carlos Alberto de Camargo.

A definição das candidaturas para as eleições do ano que vem pesou, certamente, e muito, na balança para que ocorresse essa alteração. Desde o episódio da Favela Naval de Diadema, em fins de março passado, a PM vinha sendo duramente criticada por causa da indisciplina de vários de seus membros, que exorbitavam do poder e descambavam inclusive para a marginalidade, extorquindo, torturando e matando cidadãos aos quais juraram defender.

Ninguém está generalizando e nem se poderia. A maioria dos integrantes da corporação é séria, abnegada e competente. Mas para o público, as "maçãs podres" são as que aparecem. A maior parte das críticas era a de que a PM carecia de uma liderança firme, que fizesse seus integrantes andarem na linha, dentro das rígidas normas disciplinares dos militares.

O governador, na oportunidade em que o caso da Favela Naval ganhou as manchetes, prestigiou Lisboa, resistindo a todas as pressões para que efetivasse, já naquela ocasião, a mudança que ocorre agora.

Como bom político, no entanto, Covas teve que se curvar aos críticos. Até porque, seus prováveis adversários na corrida sucessória, o pepebista ex-prefeito de São Paulo, Paulo Maluf, e o peemedebista Orestes Quércia, certamente vão bater muito nesta tecla durante a campanha. Aliás, já estão batendo e conquistando preciosos pontinhos nas pesquisas.

Espera-se, no entanto, que a mudança no comando não implique apenas em troca de nomes. A expectativa é que toda a filosofia de segurança mude, e para muito melhor.

Diz-se que Camargo é mais policial do que militar. Goza de inegável prestígio junto à tropa e é reconhecido como emérito disciplinador. Tem, portanto, todos os requisitos para se sair bem em mais essa missão (espinhosa, convenhamos): a de reduzir a criminalidade, que atinge índices alarmantes e absolutamente intoleráveis no Estado. Tomara que tenha sucesso.


(Texto escrito em 14 de setembro de 1997 e publicado como editorial na Folha do Taquaral).

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Diante de uma telinha em branco

Pedro J. Bondaczuk

O que escrever? Essa é pergunta constante que o escritor se faz, a todo momento – antigamente diante de uma folha de papel em branco e, nos tempos atuais (salvo exceções) à frente da telinha do computador vazia de caracteres, à espera de ser preenchida. A dúvida, na maioria das vezes, não se prende à falta de assunto, mas, pelo contrário, á sua abundância, ao excesso deles. Há dias, porém, que por maior que seja a variedade de temas pipocando em nossa cabeça, não se destaca nenhum que naquele exato momento se imponha e que consideremos “maduro” para ganhar existência em letras de forma. Essa, aliás, não é uma pergunta que atormenta somente escritores, e nem mesmo é a única (antes fosse), mas, às vezes, se constitui em drama para todo redator  O que escrever?

Caso se trate de tarefa rotineira, a dúvida vem acompanhada de pressão. Aí a coisa pega e se complica de vez!! Digamos que você tenha coluna fixa de crônica (ou de artigo, não importa) em algum jornal de circulação diária e que, para complicar, tenha cometido a imprudência de elaborar o tal texto, aguardado com ansiedade e explicável impaciência pelo editor (que tem que cumprir um deadline) na última hora. Caso não tenha que entregar sua produção no mesmo dia e não esteja convicto sobre o que escrever, pode, simplesmente, adiar a redação para outro dia. Com tempo, portanto, para planejar e decidir. Mas, na hipótese que levantei, isso não é possível. O editor já telefonou três vezes, cobrando o tal texto, e você sequer definiu qual o assunto que vai abordar. O que fazer? Pior, o que escrever?

Essa é uma situação muito mais comum do que o leitor possa imaginar. Volta e meia passo por ela, por mais que me previna. De um jeito ou de outro – nem mesmo sei como – tenho me saído bem. Caso contrário... há muito que minhas colunas teriam sido substituídas pelas de outros redatores e eu teria perdido preciosos espaços para divulgar minha produção. Alguns, sob pressão, não conseguem escrever nada. As idéias embaralham-se, não raro dá um súbito “branco” na mente e não conseguem pensar em absolutamente nada. No meu caso, todavia, tenho longo treinamento no jornalismo.

Nas várias redações pelas quais passei fui condicionado a escrever sob todo tipo de pressão. Mas não a redigir qualquer coisa, mal e porcamente, o que não é solução, mas agravamento do problema, porquanto se o fizesse perderia o emprego. Fui treinado a, mesmo quando pressionado, a escrever com qualidade. Claro que nem todo texto é uma obra-prima, um primor de perfeição. Aliás, no meu caso, e no de tantos e tantos escritores, produções que sobrevivam ao tempo e ao esquecimento, por serem impecáveis, são raras, raríssimas. Dou-me por satisfeito quando as redações saem claras, sem erros de nenhuma espécie (sobretudo gramaticais) e com conteúdo. Têm que sair! É o mínimo dos mínimos que se cobra de um redator.

A maior dificuldade, quando me vejo envolvido nas circunstâncias que descrevi, tão logo defina o assunto a tratar (que, não sei por que sortilégio, brota, como lampejo, de repente na mente) é como iniciar e como concluir o texto. Não sei explicar a razão, mas o “miolo” da crônica (quando é o caso), sai macio e suave, para a minha (agradável) surpresa. Nunca empaquei nessa parte. As coisas são bem mais simples quando o tema a abordar me é imposto por quem encomenda o tal texto. Nessas circunstâncias, nunca encontrei dificuldades em escrever. Mesmo quando se trate de assunto que exija vasto conhecimento. Modéstia a parte, conto, a meu favor, nestes casos, com considerável cultura geral, fruto não somente da minha razoavelmente boa trajetória acadêmica, mas, principalmente, de uma “overdose” de leitura.


Trago isso, hoje, à baila, como modesta contribuição aos escritores novatos, que quando se vêem confrontados com circunstâncias como estas, chegam a duvidar do próprio talento. Acham que esse vazio mental diante de uma folha de papel em branco ou da telinha do computador acontece só com eles e que, portanto, não têm vocação para a atividade que tanto amam. Contam, ingenuamente, que terão na hora que quiserem o que se convencionou chamar de “inspiração”, quando Literatura, na verdade, se faz com pelo menos 99% de transpiração. É um trabalho braçal, exaustivo e quase nunca compensador.  Para estes, que desanimam diante de dificuldades que são generalizadas, informo (e espero que me acreditem) que elas são sumamente comuns para qualquer redator, embora quase todos neguem enfaticamente  já terem passado por algo assim. Mentem desavergonhadamente, claro.

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Friday, January 29, 2016

AS SAUDADES SÃO LIVRES E VELOZES


Nossas saudades são livres e velozes e não se limitam nem pelo tempo e nem pelo espaço. Subitamente, sem nenhum aviso, trazem-nos à mente, mediante a recordação, essas pessoas que muito amamos e das quais nos separamos em decorrência de alguma circunstância. Levam-nos, em suas velozes asas, de volta a períodos e lugares em que fomos felizes e que deixaram marcas indeléveis em nossos corações e mentes. E esses seres especiais, locais marcantes e episódios felizes tanto podem ser bastante remotos, da nossa infância, como recentes, de poucas horas atrás, por exemplo. Às vezes nos deixam nostálgicos, outras, nos servem de consolo. Da minha parte, busco não sofrer com saudades. Agradeço, isto sim, a Deus, pelo privilégio de ter conhecido aquelas pessoas que me marcaram ou de haver vívido aqueles momentos jubilosos e ímpares. Podemos, e devemos, guardá-los para sempre na memória e os homenagear com freqüência, lembrando-nos como eram e o que fizeram. É uma obrigação afetiva que temos com essas pessoas, circunstâncias e lugares.

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Pedro e o lobo


Pedro J. Bondaczuk


A União Soviética, quando se trata de noticiar a morte de alguma autoridade, é como o lobo que “perde o pêlo, mas não perde o vício”. Ou seja, procura esconder a doença dos seus anciãos, como se ficar doente não fosse um fato normal da vida de qualquer ser humano.

Isso ocorreu em relação a Leonid Brezhnev, durante todo o ano de 1982. Repetiu-se com Yuri Andropov, em 1984. Prosseguiu com Dmitri Ustinov, no ano passado. E teve a sua culminância há semanas atrás, com Chernenko.

Todos esses líderes, cujas doenças foram insistentemente negadas e que eram colocados em importantes compromissos públicos pela imprensa soviética, quando na verdade se encontravam em leitos de hospitais, morreram. Foram quatro ocasiões em que os russos foram flagrados mentindo, e como “a mentira tem pernas curtas...”

Bem, agora a história toda se repete com o ministro da Defesa, Sergei Sokholov, de 73 anos de idade, que sucedeu a Dmitri Ustinov em dezembro passado nesse posto. Está certo que ele foi visto nos funerais de Chernenko por todos os que estiveram presentes às cerimônias e, aparentemente, não demonstrava sinal algum de debilidade.

Todavia, em se tratando de uma pessoa de provecta idade, nunca se pode afirmar com segurança que esteja a salvo de riscos. O maior exemplo disso é o que aconteceu ainda agorinha com o presidente eleito brasileiro, Tancredo Neves, tendo que se submeter a uma intervenção cirúrgica exatamente no dia previsto para a sua posse (foi operado na madrugada de ontem), após o País esperar por 21 anos para retornar à normalidade democrática. São coisas que ninguém no mundo pode prever.

Supondo que os rumores, em relação a Sokholov, não tenham procedência, ninguém pode culpar o Ocidente, após os precedentes supra referidos, por desconfiar das informações fornecidas pelos soviéticos. Afinal, eles mentiram à opinião pública, não apenas de seu país, mas do mundo todo, em quatro oportunidades em apenas 28 meses. Nada impede que mintam pela quinta vez consecutiva. Afinal, já adquiriram um verdadeiro “knowhow” de despistamentos.

Caso os boatos acerca do ministro da Defesa soviético tenham procedência, aquele país pode passar por uma situação curiosa. A de contar, num mesmo colegiado de governo, atuando em estreita colaboração, com dois líderes que até segunda-feira disputavam renhidamente a secretaria-geral do PC, cargo máximo que se pode atingir na União Soviética.

É que Grigori Romanov, um “expert” em questões de defesa, foi cogitado para liderança do Cremlin desde a morte de Andropov, perdendo a indicação para Mikhail Gorbachev na sucessão seguinte, a de Chernenko. Ambos, porém, têm linhas de ação andropovianas, ou seja, reformistas. Possuem, portanto, muito mais pontos em comum do que notáveis diferenças.

Romanov, em dezembro, segundo algumas versões, teria recusado o Ministério da Defesa, certamente sonhando um pouco mais alto. Agora, se convidado, dificilmente deixaria de aceitar a incumbência, acomodando, dessa forma, as últimas e aparentes divergências do regime.

Só que os soviéticos, se não quiserem perder a credibilidade internacional, precisam modificar alguns costumes no que diz respeito às informações oficiais. Por exemplo, se Sokholov realmente manteve encontro com o ministro do Laos, conforme a imprensa de lá noticiou, que se exiba na televisão a imagem dessa reunião.

Caso contrário, vai ocorrer com Moscou algo semelhante àquela historiazinha de “Pedro e o Lobo”. De tanto passar trote nos outros, divulgando inverdades, ninguém mais acreditará doravante em suas notícias, mesmo quando estas forem rigorosamente verdadeiras.

(Artigo publicado na página 10, Internacional, do Correio Popular, em 16 de março de 1985).


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Como e por que “nascemos”

Pedro J. Bondaczuk

Quando o Literário completou seu primeiro ano de existência, o Comunique-se, onde essa idéia nasceu – por sugestão do jornalista José Paulo Lanyi – prosperou e se consolidou, publicou, em sua página mais nobre, ou seja, a capa, matéria dessas que se podem classificar de “redondas” (por não conter nem omissões e nem excessos), registrando o evento e apresentando detalhes sobre seu funcionamento e objetivos. A importância dada pelo prestigioso site a essa então sua seção inovadora ficou clara não apenas pelo espaço em que o texto foi publicado, mas pelo seu teor; E, claro, por quem o redigiu. A redação coube ao então editor de conteúdo do Comunique-se, o jornalista Thiago Cordeiro, nome consagrado na imprensa e na área de marketing. Julgo oportuno, neste nosso momento de crise, transcrever, na íntegra, a referida matéria, o que faço com a maior satisfação, abaixo:    


“Em todo jornalista há um escritor. Frustrado ou não, é um escritor que quer publicar seus textos, conquistar o mundo e saber se outras pessoas gostam do que escreve. Verdade ou não, a ‘lenda do escritor recalcado’ (quem sabe isso não rende um livro?) revela a quantidade imensa de jornalistas que querem publicar textos menos jornalisticamente objetivos e mais subjetivos. Seguindo essa necessidade, o Comunique-se criou a seção ‘Literário’, que completa um ano nesta terça-feira (27 de março de 2007) com mais de mil de textos publicados.

‘A idéia nasceu da percepção, ao longo dos anos, de que muitos jornalistas têm ambição e, sobretudo, vocação literária. Um espaço como o Comunique-se seria perfeito para a publicação desses textos de ficção, já que, mais do que um veículo convencional, o Portal é um ponto de encontro em que os jornalistas procuram saber o que os seus colegas estão fazendo’, explica José Paulo Lanyi, colunista do portal e um dos responsáveis pela seção junto com Pedro J. Bondaczuk, editor responsável pela revisão e seleção dos textos.

Já são 1184 textos publicados, sendo 40% destes feitos por estudantes de jornalismo. Poesias, crônicas, contos, críticas e textos que misturam as classificações encontram seu espaço e podem ser lidos por colegas de todo o Brasil. A seção conta com colunistas fixos como a jornalista e escritora Anna Lee e Rosana Herrman, blogueira e redatora do programa humorístico ‘Pânico na TV’.

Convite

‘Quando a Miriam Abreu (editora do Comunique-se) e Lanyi me convidaram para participar na função de editor, aceitei, de pronto. Claro que tinha consciência do tamanho desse desafio e da responsabilidade que ele implicava. Por isso, a sensação que tenho, nesta data, quando esse vitorioso empreendimento completa seu primeiro ano, é o de dever cumprido. Nada é mais gratificante para um profissional do que esse sentimento’, revela Bondaczuk.

Para o jornalista, uma das melhores coisas que a seção trouxe foi o fim do estigma da nova geração de jornalistas de que não saberiam escrever. ‘De fato, há profissionais de texto que escrevem mal, bem como estudantes. Mas, sinceramente, gostaria de ter o privilégio de comandar um dia uma redação que fosse composta apenas pelos participantes e colaboradores do Literário. O jornal que tivesse essa equipe seria imbatível!’, afirma.

Histórico

A primeira colaboração do ‘Literário’ foi a da colunista Anna Lee, autora de “O Beijo da Morte” com Carlos Heitor Cony, intitulado ‘Estranhas Relações’ sobre o ato de escrever. Contudo o primeiro texto publicado por um leitor que não era um colunista fixo foi a poesia do jornalista e professor universitário Luis Martins ‘Oração do Repórter’, que é descrito pelo poeta como um ‘voto de humildade’ do jornalista pelas dificuldades da profissão.

‘O C-se abriu um espaço para o jornalista mostrar uma produção que normalmente ele não consegue exibir’, afirma. Luis Martins lembra que se hoje a profissão de jornalista possui muitos escritores, antes era formada apenas por eles. ‘Já foi uma profissão de escritores, de advogados e, agora, de jornalistas profissionais. Eu diria que o jornalista naturalmente escreve tanto para o jornalismo quanto para a escrita’, opina.

Abrigo

A web é um espaço democrático por vocação. Qualquer escritor iniciante pode criar um blog e começar a publicar seus textos imediatamente. Curiosamente, a ficção na internet ainda é pouco comum apesar de alguns artistas publicarem desde quadrinhos e poesias até contos em sites. O ‘Literário’ é a chance que os usuários possuem de ter toda a audiência do Comunique-se disponível para a leitura de seus textos.

‘Eu acho que a ficção na internet ainda está muito longe do que poderia ser. Fiz uma experiência de videocrônicas e algumas pessoas não gostaram, porque ainda estão acostumadas a usar a internet em silêncio. Ainda acho que tem muita coisa para acontecer’, opina Rosana. A blogueira vê a rede como um sparring de todas as mídias. ‘A gente passa a vida sem poder opinar, comentar ou responder ao que lemos, vemos ou ouvimos. Então na internet a pessoa acaba querendo fazer tudo isso’, explica.

Para Lanyi, a seção contribui com a produção literária de um país com cada vez menos espaço para a publicação de livros. ‘Jornalistas tendem a ser pessoas que trabalham em vários projetos ao mesmo tempo. São pessoas inquietas que sempre inventam algo para fazer. Muitas têm aspiração literária mas não conseguem parar, não conseguem se concentrar para produzir’, descreve o colunista do Comunique-se, que vê o espaço como ‘um catalisador desses anseios dispersos’, onde a possibilidade de ter o texto lido e comentado por um público exigente pode ser recompensador para qualquer aspirante. A seção permanece aberta para novas colaborações, que podem ser enviadas sempre para jornalismo@comunique-se.com.br. Nenhum texto precisa permanecer na gaveta ou na pasta ‘Meus Documentos’”.


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