O plano e as eleições
Pedro J. Bondaczuk
O
ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso, ao que tudo indica, vai mesmo
deixar o cargo em 2 de abril próximo, prazo final para a desincompatibilização,
e concorrer à Presidência, nas eleições de 3 de outubro. Isto, pelo menos, é o
que garante matéria publicada, ontem, no "Jornal do Brasil".
A
candidatura seria respaldada por uma aliança com o PFL, o que lhe daria um
perfil centrista, com ligeira tendência à esquerda. Ala expressiva do PSDB,
porém, defende uma aliança com o PT de Luís Inácio Lula da Silva, mediante o
lançamento do presidente do partido, Tasso Jereissati, como vice da chapa.
Esse
grupo deseja a permanência de Fernando Henrique no governo, na qualidade de
condutor, de guia, de administrador de seu plano de estabilização econômica,
que tem na introdução da nova moeda (que se pretende forte), o real, o seu
fundamento.
Claro
que tudo por enquanto não passa de especulação. Mas a matéria do "Jornal
do Brasil" diz que o ministro da Fazenda já teria, inclusive, comunicado
sua decisão de se lançar candidato ao presidente Itamar Franco. Dentro dessa
hipótese (ou fato consumado?) de afastamento, surgem hipotéticos substitutos na
pasta, com a enorme tarefa de fazer o plano dar certo.
Comentários
garantem que os nomes mais cotados para o cargo seriam os de Edmar Bacha,
integrante da atual equipe, e o presidente do Banco Central, Pedro Malan.
Nós,
se tivéssemos o poder de fazer a escolha apostaríamos no secretário da Receita
Federal, Osíris Lopes Filho, cujo trabalho à frente da secretaria tem se
mostrado de rara eficiência, diante dos resultados positivos, consubstanciados
pelo aumento de arrecadação do governo.
Caso
Fernando Henrique vá, de fato, se candidatar (e tudo indica que irá), o sucesso
do plano econômico será fundamental para as suas pretensões, muito mais do que
com que partido o PSDB vai se aliar ou qual será a estratégia de campanha.
Certamente,
com sua vasta experiência política, o ministro sabe disso. Caso a inflação caia
realmente para um patamar, digamos, de até 5% mensais, até antes das eleições e
o preço para essa queda não seja mais recessão, a Presidência terá, fatalmente,
como novo dono, o candidato tucano e talvez num único turno. Se fracassar...
Bem, o Ibope tem mostrado em suas pesquisas quem ficará com o "mico".
(Artigo
publicado na página 2, Opinião, do Correio Popular, em 11 de março de 1994).
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