Thursday, November 12, 2015

O plano e as eleições


Pedro J. Bondaczuk


O ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso, ao que tudo indica, vai mesmo deixar o cargo em 2 de abril próximo, prazo final para a desincompatibilização, e concorrer à Presidência, nas eleições de 3 de outubro. Isto, pelo menos, é o que garante matéria publicada, ontem, no "Jornal do Brasil".

A candidatura seria respaldada por uma aliança com o PFL, o que lhe daria um perfil centrista, com ligeira tendência à esquerda. Ala expressiva do PSDB, porém, defende uma aliança com o PT de Luís Inácio Lula da Silva, mediante o lançamento do presidente do partido, Tasso Jereissati, como vice da chapa.

Esse grupo deseja a permanência de Fernando Henrique no governo, na qualidade de condutor, de guia, de administrador de seu plano de estabilização econômica, que tem na introdução da nova moeda (que se pretende forte), o real, o seu fundamento.

Claro que tudo por enquanto não passa de especulação. Mas a matéria do "Jornal do Brasil" diz que o ministro da Fazenda já teria, inclusive, comunicado sua decisão de se lançar candidato ao presidente Itamar Franco. Dentro dessa hipótese (ou fato consumado?) de afastamento, surgem hipotéticos substitutos na pasta, com a enorme tarefa de fazer o plano dar certo.

Comentários garantem que os nomes mais cotados para o cargo seriam os de Edmar Bacha, integrante da atual equipe, e o presidente do Banco Central, Pedro Malan.

Nós, se tivéssemos o poder de fazer a escolha apostaríamos no secretário da Receita Federal, Osíris Lopes Filho, cujo trabalho à frente da secretaria tem se mostrado de rara eficiência, diante dos resultados positivos, consubstanciados pelo aumento de arrecadação do governo.

Caso Fernando Henrique vá, de fato, se candidatar (e tudo indica que irá), o sucesso do plano econômico será fundamental para as suas pretensões, muito mais do que com que partido o PSDB vai se aliar ou qual será a estratégia de campanha.

Certamente, com sua vasta experiência política, o ministro sabe disso. Caso a inflação caia realmente para um patamar, digamos, de até 5% mensais, até antes das eleições e o preço para essa queda não seja mais recessão, a Presidência terá, fatalmente, como novo dono, o candidato tucano e talvez num único turno. Se fracassar... Bem, o Ibope tem mostrado em suas pesquisas quem ficará com o "mico".

(Artigo publicado na página 2, Opinião, do Correio Popular, em 11 de março de 1994).


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