Tuesday, November 24, 2015

Nossa dívida eterna


Pedro J. Bondaczuk


O pacote de ajuda ao Brasil, coordenado pelo Fundo Monetário Internacional, envolvendo quatro organizações multilaterais e governos de 22 países (EUA e outros 21 da Europa), no valor total de US$ 41,5 bilhões, foi anunciado na  "sexta-feira 13" passada (seria um mau agouro?), oficialmente, em Washington, na sede do FMI. Membros do governo deram um enorme suspiro de alívio e a mídia tratou o empréstimo externo (pois é disso que se trata) como a "salvação" nacional. Até seria, se o dinheiro fosse aplicado onde deveria ser. Não é preciso ser profeta para adivinhar que não será.

O Brasil já nasceu endividado. Em 1825, tomou seu primeiro empréstimo externo, de dois milhões de libras esterlinas, junto à poderosa casa Rotschild, em Londres, para "pagar" a independência a Portugal, conforme termos do tratado de paz firmado em 29 de agosto desse ano com o governo português. Dizem as más línguas que essa dívida não foi resgatada até hoje.  Depois disso, o País se endividou mais e mais, em valores muito maiores e condições cada vez piores, tendo desembolsado, em juros, um montante várias vezes superior ao total de dinheiro já emprestado. Desta vez, a "mordida" foi colossal: US$ 41,5 bilhões!

Serão as gerações futuras de brasileiros que terão que arcar com o "deslumbramento" do governo atual (que vai passar, como tantos outros) com a chamada "globalização", que vem dilapidando o já parco patrimônio nacional. Pode-se afirmar, com toda a certeza, que a dívida do Brasil não é externa, mas "eterna". Diante de tudo o que foi dito e escrito (de positivo), na imprensa (cada vez mais com o "rabo preso"), sobre o pacote do FMI, me lembro das palavras de James Baker III, na oportunidade secretário do Tesouro dos EUA, em 17 de janeiro de 1987, sobre um pedido de novo empréstimo do governo José Sarney naquela ocasião: "Dar dinheiro aos países devedores não solucionaria os seus problemas. Poderia, inclusive, piorar a sua situação, se o novo financiamento não pudesse ser produtivamente absorvido". E os US$ 41,5 bilhões atuais podem? Certamente que não! É possível que sirvam apenas para aplacar (se é que vão) a voracidade dos especuladores.

(Artigo divulgado na revista eletrônica "Barão Virtual", na Internet, na segunda semana de fevereiro de 1999)


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