No
limiar da catástrofe
Pedro J.
Bondaczuk
"O mundo, certamente, jamais será o mesmo
depois deste 11 de setembro de 2001", enfatizou, profeticamente, um
repórter de TV, durante a cobertura dos maiores atentados terroristas da
história, ocorridos quase que simultaneamente em Nova York e em Washington, que
redundaram na destruição de dois dos maiores símbolos da única superpotência do
Planeta: as torres gêmeas, de 110 andares cada, do World Trade Center, o
coração financeiro do mundo globalizado, e o prédio do Pentágono, ícone do
maior e mais avançado sistema militar da Terra.
Quem viu, incrédulo, aquelas imagens, por mais
insensível, desinformado ou alienado que seja, jamais vai conseguir esquecer as
cenas de horror e insânia, testemunhadas por bilhões de pessoas através da
televisão. E tudo leva a crer, infelizmente, que se trata apenas do início de
uma era de turbulências internacionais, de conseqüências imprevisíveis, em que
a emoção tende a prevalecer sobre a razão.
Teme-se, agora, e com razão, a extensão, a
intensidade e o alcance das prometidas e apregoadas retaliações
norte-americanas, tão insensatas em sua essência quanto os atentados, mas que
certamente virão. Retaliar quem? O Afeganistão, por dar abrigo ao principal
suspeito, o milionário Osama Bin Laden? O Iraque, de Saddam Hussein? A Líbia,
de Muammar Khadafy? Qual a certeza que
se tem, além de meras e talvez infundadas suspeitas, quanto à autoria
intelectual e material na carnificina? Certamente nenhuma! Meras hipóteses e
conjecturas.
O terrorismo, assim, atinge proporções paroxísticas.
Se esses atos de ousadia (de loucura, seria mais apropriado dizer) fossem
mostrados nas cenas de qualquer filme de catástrofe, dos tantos que há por aí e
que passam na televisão, é provável que o telespectador até mesmo desligasse,
irritado, o seu aparelho receptor e murmurasse, incrédulo, com seus botões:
"É marmelada! Isso é impossível de acontecer!"
Pois bem, aconteceu. E a realidade, como sempre,
acabou superando, em muito, a ficção. O que falta agora, para esses malucos
fanáticos, que vêem na morte de pessoas inocentes justificativa para seus
delírios paranóicos ou megalomaníacos e que não relutam em sacrificar a própria
vida por uma causa tão absurda e irreal, baseada unicamente na violência e na
destruição? Um atentado com armas químicas ou biológicas? Uma explosão nuclear?
Não seria mais surpresa para ninguém, principalmente para aqueles que se
interessam por questões de segurança, se amanhã ou depois circulasse a
informação que alguma facção se apossou, espetacularmente, de uma bomba
atômica, mesmo que de baixa potência e a detonou em Washington, Paris ou
Londres. Principalmente depois que a União Soviética se esfacelou. Deus que nos
livre de tamanha calamidade!
(Artigo publicado na
página 2, Opinião, do jornal Campinas Hoje, em 19 de setembro de 2001).
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