Homem polui sua última fronteira de alimentação
Pedro
J. Bondaczuk
Os mares já foram
apontados por muitos renomados cientistas como a última fronteira alimentar do
Planeta. Poderiam ser. Até não faz muito, era comum aparecer na Imprensa alguma
previsão, ou mais do que isso, detalhado estudo nesse sentido. Vários
escritores de ficção científica imaginaram florescentes civilizações
submarinas, com imensas cidades submersas, modelos de progresso e de
convivência comunitária. Isso apenas em suas fantasias, é claro.
Na verdade, o que
vemos, são os oceanos cada vez mais inseguros e poluídos. A insegurança fica
por conta de atos de sabotagem, iniciados pela CIA norte-americana em portos da
Nicarágua e imediatamente imitados (as coisas ruins quase sempre são copiadas)
por terroristas do Oriente Médio, através da até aqui inexplicada minagem das
águas do Canal de Suez e do Mar Vermelho. E, principalmente, da chamada “Guerra
dos Petroleiros”, no conturbado Golfo Pérsico, onde Irã e Iraque disputam um
louco campeonato de insensatez, envolvendo patrimônio de outros países em seu
conflito de mútuo desgaste, que no próximo dia 19 de setembro completa 4 anos.
A poluição deve-se a imprudências de toda a sorte, que vão desde gigantescos
derrames de petróleo nas águas, ao uso dos oceanos como depósitos de lixo
atômico.
A cada nova agressão
contra esse meio natural, que representa dois terços da superfície da Terra, vêm
os desmentidos (que soam a ostensivas inverdades), e palavras tranqüilizadoras, tipo “essa
substância x derramada nas águas não representa nenhum perigo para o meio
ambiente”, ou “80% do óleo derramado foi neutralizado com solvente” e coisas
semelhantes. Mentiras, claro. O que se vê, na verdade, é uma agressão crescente
à natureza, cada vez mais judiada pelo seu principal beneficiado: o ho,em.
Rios são transformados
em esgotos a céu aberto, lagos têm morte decretada por irresponsáveis, que os
entopem de detritos, mananciais são irreversivelmente comprometidos. Todo esse
vandalismo é praticado em nome de uma palavra fluida, ambígua, chamada
“progresso”, que esses agressores do meio ambiente sabem sequer definir. O
desbragado e voraz consumismo, a sociedade do prêt-á-porter, do descartável, do
desperdício, seria a noção correta da evolução? Isso seria o tal progresso?!
É hora (mais do que
isso, já estamos atrasados décadas nesse mister) de todos se conscientizarem
que nada é mais importante do que a preservação da nossa fonte de vida: o ar, a
água e o solo, para que não venha a ocorrer a irônica situação de estarmos
todos preocupados com o holocausto nuclear e acabarmos mortos por um
envenenamento planetário causado por nós mesmos. Estamos na situação daquele
condenado à morte que tem colocada diante de si, por seus executores, a absurda
alternativa: “Você prefere morrer fuzilado ou envenenado?”. É claro que sua
preferência será não morrer. Assim como a de todos nós.
(Artigo publicado na
Editoria Internacional do Correio Popular em 28 de agosto de 1984).
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