Lei da oferta e da procura é o caminho
Pedro J.
Bondaczuk
A expressão mais citada, ultimamente, nos países
marxistas, empenhados em reformar suas caóticas e arrebentadas economias, é
“livre mercado”. Ou seja, a velha e natural lei da oferta e da procura,
surgida, praticamente, junto com o primeiro ato de intercâmbio de mercadorias,
nos primórdios das primitivas civilizações, e que ainda é o melhor caminho (por
ser o mais lógico) para o equilíbrio econômico.
As sociedades, ditas comunistas,
e as dominadas pelos oligopólios, parecem ter esquecido desse sábio e saudável
princípio. Por isso, pagam preços muito altos por essa imprudência e falta de
realismo. Nas primeiras, ocorre a escassez de mercadorias, acompanhada da má
qualidade dos produtos, por falta de estímulos à sua produção. Nas outras,
verifica-se um perverso processo inflacionário, que se mantém renitente e quase
imbatível.
Somente no dia de ontem, dois
líderes do mundo marxista voltaram a defender. Um de forma total e outro de
maneira parcial, o livre mercado. O novo primeiro-ministro da Iugoslávia, Ante
Markovic, eleito por unanimidade para o posto no Parlamento do seu país, vê,
nesse procedimento, o único caminho para tirar seu país da estagnação e da
perversa crise econômica e social que o assola.
Ele defende vigorosamente a não
intervenção do Estado na economia, a não ser no papel que lhe cabe. Ou seja, de
árbitro do cumprimento das regras que a própria sociedade estabelecer para as
transações comerciais.
Já na União Soviética, o
presidente Mikhail Gorbachev deseja colocar em vigor a lei da oferta e da
procura no setor agrícola como o remédio capaz de pôr fim à crônica escassez
alimentar que esse país enfrenta. Para estimular a produção, prega, inclusive,
uma limitada privatização das terras e dos seus frutos. Ou seja, quer
reintroduzir na URSS, que já foi o celeiro alimentar da Europa, e que agora não
dispõe de auto-suficiência nessa campo básico e estratégico de sua vida
nacional, a saudável noção de lucro.
Enquanto isso, na nossa triste e
sofrida América Latina, determinados políticos, que se arrogam em líderes,
pregam um caminho exatamente inverso a esse. Pretendem entrar na contramão da
história, como se tal atitude suicida representasse alguma inovação salvadora.
Querem é a “socialização da miséria”.
Entre nós, o que deve ser
combatido são os oligopólios. Os conchavos entre produtores e distribuidores de
um determinado produto, que não aceitam uma concorrência leal e saudável. Com
isso, cobram os preços que querem, não se importando se o que vendem vale,
realmente, o que pretendem. Ou se os consumidores têm condições de pagar o
“quantum” que eles pretendem.
Estão aí exemplos elucidativos de
que o livre mercado é o grande regulador da economia. Só não vê o óbvio aquele
que não quer enxergar e que, no final das contas, é o pior dos cegos, já que o
é por própria escolha.
(Artigo publicado na página 10,
Internacional, do Correio Popular, em 17 de março de 1989).
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