Tuesday, May 07, 2013


Lei da oferta e da procura é o caminho


Pedro J. Bondaczuk

A expressão mais citada, ultimamente, nos países marxistas, empenhados em reformar suas caóticas e arrebentadas economias, é “livre mercado”. Ou seja, a velha e natural lei da oferta e da procura, surgida, praticamente, junto com o primeiro ato de intercâmbio de mercadorias, nos primórdios das primitivas civilizações, e que ainda é o melhor caminho (por ser o mais lógico) para o equilíbrio econômico.

As sociedades, ditas comunistas, e as dominadas pelos oligopólios, parecem ter esquecido desse sábio e saudável princípio. Por isso, pagam preços muito altos por essa imprudência e falta de realismo. Nas primeiras, ocorre a escassez de mercadorias, acompanhada da má qualidade dos produtos, por falta de estímulos à sua produção. Nas outras, verifica-se um perverso processo inflacionário, que se mantém renitente e quase imbatível.

Somente no dia de ontem, dois líderes do mundo marxista voltaram a defender. Um de forma total e outro de maneira parcial, o livre mercado. O novo primeiro-ministro da Iugoslávia, Ante Markovic, eleito por unanimidade para o posto no Parlamento do seu país, vê, nesse procedimento, o único caminho para tirar seu país da estagnação e da perversa crise econômica e social que o assola.

Ele defende vigorosamente a não intervenção do Estado na economia, a não ser no papel que lhe cabe. Ou seja, de árbitro do cumprimento das regras que a própria sociedade estabelecer para as transações comerciais.

Já na União Soviética, o presidente Mikhail Gorbachev deseja colocar em vigor a lei da oferta e da procura no setor agrícola como o remédio capaz de pôr fim à crônica escassez alimentar que esse país enfrenta. Para estimular a produção, prega, inclusive, uma limitada privatização das terras e dos seus frutos. Ou seja, quer reintroduzir na URSS, que já foi o celeiro alimentar da Europa, e que agora não dispõe de auto-suficiência nessa campo básico e estratégico de sua vida nacional, a saudável noção de lucro.

Enquanto isso, na nossa triste e sofrida América Latina, determinados políticos, que se arrogam em líderes, pregam um caminho exatamente inverso a esse. Pretendem entrar na contramão da história, como se tal atitude suicida representasse alguma inovação salvadora. Querem é a “socialização da miséria”.

Entre nós, o que deve ser combatido são os oligopólios. Os conchavos entre produtores e distribuidores de um determinado produto, que não aceitam uma concorrência leal e saudável. Com isso, cobram os preços que querem, não se importando se o que vendem vale, realmente, o que pretendem. Ou se os consumidores têm condições de pagar o “quantum” que eles pretendem.

Estão aí exemplos elucidativos de que o livre mercado é o grande regulador da economia. Só não vê o óbvio aquele que não quer enxergar e que, no final das contas, é o pior dos cegos, já que o é por própria escolha.

(Artigo publicado na página 10, Internacional, do Correio Popular, em 17 de março de 1989).

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