Estrela em ascensão
Pedro
J. Bondaczuk
A cidade espanhola de
Barcelona (talvez fosse melhor caracterizá-la como catalã, já que a Catalunha,
embora já seja comunidade autônoma, batalha pela independência completa) é, sob
qualquer aspecto que se a encare, a segunda em importância da Espanha, abaixo,
apenas, de Madri, a capital do país. Há tempos, freqüenta as manchetes, por uma
série de razões, entre as quais a política, mas também a esportiva, artística e
cultural.
Seu principal clube de
futebol, por exemplo, é considerado, na atualidade, o melhor do mundo e conta
com o jogador que, por seu turno, igualmente detém essa primazia (e há já
quatro temporadas), ou seja, o argentino Lionel Messi. Conta, ainda, com um
segundo time de ponta, o Espanyol, que, todavia, está muitos furos abaixo do
seu famoso rival da cidade, embora dispute a primeira divisão espanhola da
chamada “Liga das Estrelas”.
Até aí, não disse nada
de novo. Qualquer pessoa razoavelmente bem informada sabe isso, e de sobejo.
Bem, lembremos mais alguns detalhes. Barcelona, no século passado, foi uma das
sedes do Campeonato Mundial de Futebol de 1982, promovido pela Espanha. Aquele
em que a Seleção Brasileira do técnico Telê Santana foi eliminada, nas semifinais,
pela Itália, no jogo que passou para a nossa história futebolística como o
“Desastre do Sarriá”, nome do estádio barcelonês que sequer existe mais, já que
foi demolido.
Ainda na área
esportiva, destaque-se que a cidade sediou os Jogos Olímpicos de 1992. Nesse
aspecto, também traz recordações a nós, brasileiros, mas desta vez muito boas,
ao contrário das da Copa. Afinal, foi ali que o vôlei masculino do Brasil se
consagrou, conquistando sua primeira medalha de ouro olímpica, após memorável
vitória, na final, contra a Holanda. As Olimpíadas deixaram importante legado a
essa importante metrópole européia dada a recuperação de importante área
degradada, hoje uma das mais nobres de valorizadas de Barcelona.
Bem, a essa altura o
leitor está questionando onde quero chegar trazendo à baila fatos tão
conhecidos e corriqueiros dessa tão importante e populosa cidade (que na sua
área metropolitana tem cerca de cinco milhões de habitantes e é a sexta mais
populosa da Europa, abaixo apenas de Paris, Londres, da Zona do Vale do Ruhr,
de Madri e Milão). Ela é a terra natal da nova sensação literária
internacional, Carlos Ruiz Zafón, além de cenário dos enredos de alguns dos
seus principais romances.
Ah, vocês não o
conhecem? Eu também não o conhecia até o mês passado, quando ganhei de presente
de Natal um dos seus principais livros, lançado na Espanha, onde vendeu um
milhão e quinhentos mil exemplares, em 2008 e que acaba de chegar às livrarias
do Brasil, em lançamento da Editora Objetiva, com primorosa tradução de Eliana
Aguiar. Trata-se de “O jogo do anjo”, que integra uma trilogia que tem, ainda,
os romances “A sombra do vento” e “O prisioneiro do céu”. O interessante é que
os três livros podem ser lidos em qualquer ordem, sem comprometer o
entendimento do enredo central. Li o volume que ganhei, de pouco mais de 400
páginas, em um só sopro, em duas noites seguidas, sendo minha derradeira
leitura de 2012. E fiquei fascinado.
De imediato, veio-me
súbita inspiração. Pensei: “Por que não escrever um ensaio a respeito, arquitetado
sobre três pilares: a cidade em que a história se dá, no caso Barcelona (que
também é a cidade natal do autor), o romancista que o escreveu e o livro
propriamente dito? É o que já estou fazendo. Decidi, ainda, partilhar com vocês
o esboço desse texto (não ele completo, porém, mas seus trechos mais
representativos) como tenho feito com tantos outros assuntos atinentes à
Literatura, até para indicar a eventuais interessados quais são meus métodos de
produção.
E por que divido algo
que me é tão particular, ou seja, a forma com que planejo e desenvolvo meus
trabalhos literários? Por várias razões, mas, principalmente, para ter um
“feedback” seu, caríssimo leitor – ou pelo espaço destinado a comentários aqui
no Literário (o que seria o ideal, mas, infelizmente, pouquíssimo utilizado) ou
por e-mail, a maneira mais comum com que os que me lêem comentam, sugerem,
criticam, elogiam etc. o que escrevo.
Como informação
preliminar, antes de desenvolver, detalhadamente, o tema (mas apenas nos
próximos dias), aduzo que Carlos Ruiz Zafón nasceu em Barcelona (informação que
já dei, mas que não custa reforçar), em 25 de setembro de 1964. Completará,
portanto, em 2013, 49 anos de idade. Jovem, como se vê, e já com sete romances
de sucesso no currículo. Desde 1993, o escritor catalão reside em Los Angeles,
onde atua, em Hollywood, como roteirista de cinema (com a desenvoltura que
escreve só poderia ser), embora viaje, com freqüência, para a terra natal,
onde, certamente, encontra inspiração. Seus livros foram traduzidos para
diversos idiomas e são a atual sensação literária na Europa. Daí ser pertinente
e oportuna uma avaliação mais cuidadosa e extensa a seu respeito, e
principalmente sobre sua produção literária, por se tratar de estrela em franca
ascensão.
Acompanhe-me pelo twitter: @bondaczuk
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