Friday, May 24, 2013

Batalha perdida

Pedro J. Bondaczuk

Longas batalhas, que travei sozinho.
Travo amargo e ácido da derrota!
Encontros com a madrugada,
sinistra ronda dos fantasmas.

Procuro-a, ingentemente,
com afinco e com afã.
Perdi-a ontem! Não a encontro hoje!
Espero alcançá-la amanhã!

Luto comigo, com minhas lembranças.
Morro de desgosto e de saudade
para renascer, quiçá, fênix gloriosa,
no alvorecer de renovadas esperanças,
nas promessas incertas de felicidade
dos seus lábios de rosa e de romã.

A brasa arrasadora da indiferença,
seu riso de mofa, escarninho,
a ira cega e o ciúme daninho,
a covarde fuga do nosso ninho,
seu desleixo e o atual desalinho,
imensa distância, embora pertinho,
cruel desamor, ausência de carinho,
terrível engano, mútua desavença,
longa batalha que travo sozinho.

Os soldados ilusões,
os cabos fantasias,
os sargentos ideais,
tenentes emoções,
capitães altruísmo,
coronéis entusiasmo,
generais esperanças,
e o marechal amor,
 (Exército de virtudes),
tombaram, todos,
mortos no combate,
atravancando o caminho,
pois esta batalha do adeus
travei, e perdi, sozinho.

(Poema composto em Campinas, em 23 de novembro de 1977).

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