Thursday, May 30, 2013

Heroica resistência de um milênio


Pedro J. Bondaczuk

 A Polônia, situada na verdadeira encruzilhada da Europa, entre o Leste e o Oeste, teve toda a sua história marcada por sangrentos conflitos e sucessivas partilhas do seu território, desde a sua aparição como país, ocorrida no século, quando da união de diversas tribos eslavas que habitavam aquela região.

Atravessou praticamente quinhentos anos travando guerras quase que ininterruptas, tanto contra os belicosos povos nórdicos, quanto contra os ávidos Estados germânicos anteriores à formação da Alemanha ou o expansionista império russo.

As terras da Polônia já foram divididas entre suecos, finlandeses, alemães (em várias oportunidades) e dezenas de outros conquistadores. Mas, no correr da sua atribulada história, o povo polonês jamais se dobrou diante da força. Sempre encontrou meios para sobreviver, senão como país, pelo menos como nação.

Isto é, conservou costumes, crenças e tradições. Manteve acesa aquela chama de ideal que determina a existência de sociedades nacionais, contra tudo e contra todos, mesmo que sob o controle de tirânicos dominadores. E estes, reiteramos, foram abundantes.

A Polônia, em 1945, mais uma vez, acabou sendo partilhada. Tornada independente em 1918, invadida pelos nazistas em 1939, teve que se submeter a um poder maior no final da Segunda Guerra Mundial: a URSS.

É fato que o Exército Vermelho soviético livrou o país do pesado jugo imposto pelas tropas de Hitler e lhe concedeu relativa autonomia. Mas não a desejada liberdade pretendida pela maior parte do seu povo.

Hoje, a despeito de ser4, há já quatro décadas, uma sociedade dita comunista, a Polônia conserva a própria identidade. Não aceita, por exemplo, o ateísmo, tido como uma das características do regime sob o qual tenta, “realisticamente”, sobreviver.

Conserva a fé cristã (estima-se que 97% dos poloneses sejam católicos praticantes), seus costumes cristalizados em um milênio de existência e sua determinação de, um dia, apesar de situar-se no “meio do caminho” dos poderosos da Europa, ter o próprio espaço0, sem precisar pedir permissão a ninguém para existir.

(Artigo publicado na página 11, Internacional, do Correio Popular em 23 de julho de 1985).


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