Heroica resistência de um milênio
Pedro J. Bondaczuk
Atravessou praticamente
quinhentos anos travando guerras quase que ininterruptas, tanto contra os
belicosos povos nórdicos, quanto contra os ávidos Estados germânicos anteriores
à formação da Alemanha ou o expansionista império russo.
As terras da Polônia já foram
divididas entre suecos, finlandeses, alemães (em várias oportunidades) e
dezenas de outros conquistadores. Mas, no correr da sua atribulada história, o
povo polonês jamais se dobrou diante da força. Sempre encontrou meios para
sobreviver, senão como país, pelo menos como nação.
Isto é, conservou costumes,
crenças e tradições. Manteve acesa aquela chama de ideal que determina a
existência de sociedades nacionais, contra tudo e contra todos, mesmo que sob o
controle de tirânicos dominadores. E estes, reiteramos, foram abundantes.
A Polônia, em 1945, mais uma vez,
acabou sendo partilhada. Tornada independente em 1918, invadida pelos nazistas
em 1939, teve que se submeter a um poder maior no final da Segunda Guerra
Mundial: a URSS.
É fato que o Exército Vermelho
soviético livrou o país do pesado jugo imposto pelas tropas de Hitler e lhe
concedeu relativa autonomia. Mas não a desejada liberdade pretendida pela maior
parte do seu povo.
Hoje, a despeito de ser4, há já
quatro décadas, uma sociedade dita comunista, a Polônia conserva a própria
identidade. Não aceita, por exemplo, o ateísmo, tido como uma das
características do regime sob o qual tenta, “realisticamente”, sobreviver.
Conserva a fé cristã (estima-se
que 97% dos poloneses sejam católicos praticantes), seus costumes cristalizados
em um milênio de existência e sua determinação de, um dia, apesar de situar-se
no “meio do caminho” dos poderosos da Europa, ter o próprio espaço0, sem
precisar pedir permissão a ninguém para existir.
(Artigo publicado na
página 11, Internacional, do Correio Popular em 23 de julho de 1985).
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