Não quero me esconder
Por
Pedro J. Bondaczuk
Um dia desses comentei
com um amigo, em tom que ele interpretou como sendo de queixa (embora a
intenção nem fosse essa), que nos últimos 14 anos, ou seja, desde agosto de
1998, apenas uma pessoa, uma única, escreveu artigo a meu respeito. É verdade
que esse texto valeu por milhares, por milhões, por um número infinito de
referências sobre mim, tão generoso, posto que preciso, que foi. Seu autor
dispensa comentários. Foi o escritor e jornalista – que considero, sobretudo,
grande amigo, mesmo sem que trocássemos jamais uma única palavra, oralmente, e
sem que nunca nos tenhamos sequer visto, a não ser por fotografias – Urariano
Mota.
É verdade que eu estava
mal acostumado (ou bem acostumado, dependendo do ângulo que se encare). Nas
décadas de 80 e 90, por praticamente vinte anos consecutivos, fiz palestras
sobre os mais variados assuntos, em escolas, universidades, centros culturais
etc., primeiro da cidade de Campinas e, posteriormente, em diversas localidades
do País. Essas preleções, que atingiram, em determinada época, a assombrosa
cifra de oito por mês, foram fartamente divulgadas pela imprensa, por
iniciativa não minha, mas dos que as promoviam. Não havia, pois, semana em que
não houvesse pelo menos uma referência ao meu nome em jornais de várias
cidades.
Quando lancei meu
primeiro livro de contos, “Quadros de Natal”, achei que essa divulgação
facilitaria as vendas. Engano meu. Pitorescamente, minha obra mereceu poucas
referências escritas, a maioria meras notas, e em torno de cinco artigos a
propósito, se tanto. Foi um “banho de humildade” que tive que tomar e que me
devolveu às devidas proporções, fazendo-me “baixar a bola”, como diz a garotada
quando temos a estúpida tentação de nos sentirmos os tais.
Continuei, porém,
fazendo palestras e sendo citado na imprensa. Quando lancei o segundo livro,
“Por uma nova utopia”, cujos direitos comerciais doei, na totalidade, ao Centro
de Defesa da Vida – entidade voltada à prevenção do suicídio – com documento de
doação passado em cartório, para que não houvesse dúvidas, o efeito foi maior
do que aquele do “Quadros de Natal”. Além de várias notas a propósito, essa
obra foi comentada em pelo menos dez artigos, de dez jornalistas e escritores
diferentes. Atribuí essa fartura de referências (desta vez, corretamente), não
ao valor dos textos, mas ao fato de haver, com o fruto do talento que Deus me
deu, ajudado uma instituição benemerente que fazia (e faz) um trabalho
humanitário tão meritório.
Foi exatamente este
livro o objeto do penúltimo comentário escrito a meu respeito, antes do artigo
do Urariano Mota. O autor foi o jornalista e crítico literário Celso Martins.
Seu texto, intitulado “Suicídio? Jamais!”, foi publicado na edição de agosto de
1998 do jornal “Despertador”, órgão oficial da Associação Espírita Despertador.
O articulista, em certo trecho, assim se referiu ao meu livro (e à minha pessoa):
“O Professor
Pedro J. Bondaczuk, jornalista do Correio Popular, bem como do Diário do
Povo, escreveu, e o CDV conseguiu que fosse editada, a excelente coletânea de
artigos atuais e oportunos sob o título de "Por uma Nova Utopia". Li
este livro de uma sentada, porque os artigos são curtos, porém, de uma
admirável oportunidade na análise de temas sobre a ecologia, sobre as drogas, o
analfabetismo, a fome das crianças brasileiras, havendo ainda espaço para os
poetas.
O Professor Pedro J. Bondaczuk tem uma cultura geral muito vasta; entretanto,
escreve com leveza e elegância. Do jeito que sempre apreciei ao pesquisar o
pensamento de Humberto de Campos e de Rubem Braga, os meus cronistas preferidos
desde que me entendo por gente”.
Depois disso... mais nada! É certo que em 1998 pus fim ao ciclo de
palestras, por não conseguir mais conciliar minha agenda profissional com essa
atividade que tanto prazer me dava. Coincidência ou não, nada mais foi escrito
a meu respeito desde então, até 2011, quando Urariano Mota comentou, com tanta
generosidade e tanta oportunidade meus mais recentes livros, “Cronos &
Narciso” e “Lance fatal”. E justo numa época (que se estende até hoje), em que minha
produção literária se multiplicou e ganhou mais qualidade, decorrência natural
tanto da prática quanto do amadurecimento intelectual e espiritual!
É certo que neste período fui entrevistado por canais de televisão,
tanto da TV aberta (como a TVB e a EPTV de Campinas, entre outras), quanto da
fechada, no caso, a AllTV. Mas estas entrevistas nada tiveram a ver com minhas
atividades literárias. Concentraram-se todas em meu trabalho de jornalista.
Sobre meus livros, infelizmente, ninguém escreveu ou disse mais nada. Vaidade a
parte (afinal, conquistei o direito de ser um pouco vaidoso), este silêncio vem
se constituindo em empecilho à venda daquilo que publiquei e, por conseqüência,
tem me fechado portas e mais portas nas editoras.
Estas explicações, que partilho com vocês (embora correndo o risco de
ser mal interpretado), dei ao amigo que citei, para que ele não pense que minha
queixa se deve, somente, à vaidade (claro que, como qualquer ser humano, também
sou vaidoso do que faço). Tem um fundo mais amplo e principalmente prático.
Afinal, como qualquer neófito em publicidade sabe, “quem não divulga, se
esconde”. E meus melhores livros, já escritos e revisados, ainda estão por ser
publicados, na dependência de que os que já o foram reajam no mercado e vendam
o suficiente para motivar as editoras a voltarem a apostar em mim.
Acompanhe-me pelo twitter: @bondaczuk
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