Administrador
ideal
Pedro J. Bondaczuk
As campanhas para as eleições municipais de outubro
próximo entram em sua fase decisiva, em uma disputa que promete ser das mais
renhidas e que dificilmente vai se definir em um único turno. O eleitor é
assediado por todos os lados pelos candidatos a prefeito e vereador e mostra-se
indeciso quanto a quem escolher. Todos falam bem, fazem promessas mirabolantes,
apontam falhas dos adversários e dão a entender que são os autênticos
salvadores da pátria.
O cidadão, no entanto, precisa refletir desde já na
escolha que vai fazer, pois não irá votar em um simples nome, mas eleger o
indivíduo que vai cuidar das ruas em que trafega, da escola em que seu filho
estuda, da conservação das praças que freqüenta, do centro de saúde a que
recorre nas emergências, da segurança da sua comunidade, do lazer, etc.
O administrador municipal não é uma figura distante,
como a do governador, que tem mais de 500 municípios com que se preocupar ou a
do presidente da República, isolado na distante Brasília, tendo que administrar
os anseios e conflitos de 160 milhões de brasileiros. Está próximo de nós. É
passivo de ser cobrado quando não age com eficiência e de ser apoiado nas ações
que beneficiem a cidade.
Qual seria o perfil do prefeito ideal? O simpático,
bem falante, jovem, com boa aparência, mas que só se preocupa com obras, muitas
das quais suntuosas e desnecessárias, às vésperas de novas eleições? Claro que
não. Uma característica que lhe é essencial é a absoluta honestidade. Suas ações
administrativas devem ser transparentes, com constante prestação de contas aos
munícipes.
Suas prioridades têm que ser sociais, notadamente
nas áreas de habitação, saneamento, educação e saúde. Precisa, enquanto
candidato, elaborar um programa realista, em que aponte as obras que pretende
fazer e a fonte de recursos para o seu financiamento. Depois de eleito, deve
desenvolvê-lo integralmente, com a consciência de que o vitorioso não foi
exatamente ele, mas o conjunto de idéias que apresentou.
O objetivo maior de uma campanha é propiciar ao
eleitor uma avaliação correta das potencialidades e condições daquele que vai
administrar sua cidade. Suas ações vão influenciar diretamente na valorização
ou não do patrimônio de cada cidadão.
Um município mal cuidado, estagnado, com aspecto de
abandono espanta investimentos. As casas, mesmo que mansões, ficam
desvalorizadas no caso de eventual venda. Portanto, essas eleições não são
aquela "chatice" que muitos entendem erroneamente que sejam. No
aspecto puramente prático, são muito mais importantes do que as presidenciais.
Afinal, é no município que a vida de um país realmente ocorre.
(Artigo
escrito em 31 de julho de 1996)
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