Região
sofre efeito das deficiências carcerárias
Pedro J. Bondaczuk
A região foi afetada, nos últimos dias, por
rebeliões de presos em pelo menos duas cidades: Hortolândia, que teve duas
consecutivas e Limeira, cujos detentos da Cadeia Pública promoveram um
quebra-quebra, prontamente sufocado pela Polícia Militar, por uma questão
interna entre eles.
O problema carcerário no Brasil é muito grande e não
há perspectivas a curto prazo – sequer a médio – de solução. Mesmo contando com
a quarta população penitenciária do mundo (abaixo, apenas, da China e Estados
Unidos, ambos mais populosos do que nós e da Rússia), há sensível falta de
vagas, o que faz com que pessoas de extrema periculosidade permaneçam à solta
pelas ruas. Isso para não falar do custo de manutenção de um encarcerado, que
não é baixo.
Não faz muito, a questão da violência urbana era
restrita apenas às grandes metrópoles, em geral às capitais. Com rápido
desenvolvimento da região, ela passou a ser pólo de atração de migrantes e, não
somente destes, mas de marginais dos grandes centros, que passaram a vislumbrar
facilidades para cometer seus delitos.
Em pouco tempo, as cadeias públicas, destinadas,
somente, a prisões temporárias, passaram a acolher, também, os já sentenciados,
que deveriam cumprir pena em estabelecimentos apropriados para esse fim e não
cumprem. As razões desse procedimento são de menos. A prática constitui-se em
perigosa aberração e resulta nas sucessivas tentativas de fuga, em rebeliões e
motins que ocorrem ciclicamente. E o que a população tem a ver com isso? Nada!
Se há um tipo de estabelecimento que não traz
vantagem alguma para as cidades que o abrigam, este é uma prisão. Não se trata
de investimento que resulte em retorno financeiro, não gera imposto, sequer
absorve mão-de-obra e, além de tudo, resulta numa série de problemas que o
Poder Municipal não tem condições de tomar qualquer atitude para resolver. Em
geral, os que cumprem pena em determinada penitenciária instalada no município,
não são sequer dali.
São enviados para onde o juiz que os sentencia
determina. Não possuem qualquer vínculo com a comunidade. E, quando conseguem
fugir, o que não é muito raro, não se vêem obrigados a respeitar o patrimônio e
a integridade física de ninguém da cidade. E não respeitam. Afinal, não têm,
ali, nem parentes, nem amigos e nem conhecidos.
Daí não ser entusiasmante para nenhum prefeito a
decisão do governo do Estado de construir presídio em seu município. É problema
puro, do qual todos buscam, justamente, fugir.
(Artigo publicado na página 2, do caderno
Metropolitano do Correio Popular, em 9 de março de 1995)
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