Explosão
de juros
Pedro J. Bondaczuk
As taxas de juros andam pela hora da morte. No
mercado, chegam aos 40% ou percentual em torno disso. Nos bancos e financeiras
extrapolam e atingem estratosféricos 55%. O interessante é que, há cerca de
três meses, por exigência do presidente Itamar Franco, os técnicos do Banco
Central comprometeram-se a reduzir esse ágio sobre o dinheiro a prazo. Como se
vê, tudo ficou na promessa. Economistas do governo argumentam que os juros são
o principal instrumento de controle da inflação.
Explicam que seu papel é o de impedir que os
comerciantes especulem com estoques e, por conseqüência, façam disparar os
preços e o custo de vida. O tiro, contudo, está saindo pela culatra. As taxas
proibitivas impedem que o comércio mantenha reservas de mercadorias, a não ser
para um máximo de 30 dias ou quando muito 60.
O reflexo na indústria é imediato: demissões. Apenas
na terceira semana de outubro, 4.742 trabalhadores industriais foram
dispensados e os cortes se repetiram pela quarta semana consecutiva.
Desestimulados pelos juros altos, os comerciantes optam por aplicar seu
dinheiro no mercado financeiro que, no Brasil, foi completamente desvirtuado,
em virtude da necessidade do governo, perdulário e ineficiente, rolar sua
impagável e ascendente dívida interna. Daí, as taxas elevadas, para tornar os
papéis estatais atraentes. E o custo de vida, como fica? E a inflação? Os quase
36% de outubro mostram que a maquininha de emitir moeda segue sendo operada a
todo o vapor.
(Artigo publicado na página 2, Opinião, do Correio
Popular, em 15 de novembro de 1993)
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