Saturday, May 14, 2016

Explosão de juros



Pedro J. Bondaczuk


As taxas de juros andam pela hora da morte. No mercado, chegam aos 40% ou percentual em torno disso. Nos bancos e financeiras extrapolam e atingem estratosféricos 55%. O interessante é que, há cerca de três meses, por exigência do presidente Itamar Franco, os técnicos do Banco Central comprometeram-se a reduzir esse ágio sobre o dinheiro a prazo. Como se vê, tudo ficou na promessa. Economistas do governo argumentam que os juros são o principal instrumento de controle da inflação.

Explicam que seu papel é o de impedir que os comerciantes especulem com estoques e, por conseqüência, façam disparar os preços e o custo de vida. O tiro, contudo, está saindo pela culatra. As taxas proibitivas impedem que o comércio mantenha reservas de mercadorias, a não ser para um máximo de 30 dias ou quando muito 60.

O reflexo na indústria é imediato: demissões. Apenas na terceira semana de outubro, 4.742 trabalhadores industriais foram dispensados e os cortes se repetiram pela quarta semana consecutiva. Desestimulados pelos juros altos, os comerciantes optam por aplicar seu dinheiro no mercado financeiro que, no Brasil, foi completamente desvirtuado, em virtude da necessidade do governo, perdulário e ineficiente, rolar sua impagável e ascendente dívida interna. Daí, as taxas elevadas, para tornar os papéis estatais atraentes. E o custo de vida, como fica? E a inflação? Os quase 36% de outubro mostram que a maquininha de emitir moeda segue sendo operada a todo o vapor. 

(Artigo publicado na página 2, Opinião, do Correio Popular, em 15 de novembro de 1993)

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