Tradição
marca festas da Semana Santa na região
Pedro J. Bondaczuk
As comemorações da Semana Santa atraem, todos os
anos, milhares de pessoas de várias partes do Estado para a região de Campinas.
Muitos são os atraídos por eventos já tradicionais, como os casos da famosa
malhação do Judas de Itu, ou das encenações da Paixão de Cristo em várias
cidades, como Piracicaba, Vinhedo, Louveira, Sumaré, Hortolândia, Arthur
Nogueira, Salto e Vinhedo, entre outras.
A maioria das representações desse drama que se desenrolou
na Judéia, há quase dois mil anos, é promovida pelas respectivas paróquias. Há,
no entanto, algumas iniciativas particulares. Os “atores” são membros da
comunidade, que se esmeram em decorar papéis, elaborar figurinos, realizar
exaustivos ensaios (em geral à noite, após um dia de trabalho), para que tudo
saia a contento no dia da apresentação. E em geral sai.
Claro que há um ou outro “escorregão”, algum
esquecimento da fala, alguma inesperada gaguejada ditada pelo nervosismo, ou
algum tropeção no palco improvisado. Ninguém dá importância a esses deslizes. O
que conta é o congraçamento e a lembrança do sacrifício do Deus que se fez
homem.
Trata-se de uma tradição, de algo que vem dos
primórdios da fundação das várias cidades da região, pelos bandeirantes, que
nem o propalado progresso e nem as mudanças de comportamento, características
deste fim de milênio, conseguiram acabar.
A vinda de imigrantes de várias partes do mundo
acrescentou um ou outro novo ingrediente às comemorações. Mas tais acréscimos logo
foram incorporados aos costumes regionais, enriquecendo-os.
Tradicionais, também, são as malhações de Judas, no
Sábado de Aleluia. Em geral, são programadas. Cada comunidade organiza,
espontaneamente, a sua. Grupos de crianças e de adolescentes reúnem-se, na
maioria das vezes na sexta-feira, elaboram bonecos, com roupas velhas que
enchem de palha e capim e, no dia seguinte, penduram-nos em postes, para que
sejam devidamente espancados.
Alguns, são muito criativos. Revelam o espírito
crítico do brasileiro e mostram a quantas anda o descontentamento popular com
os homens públicos. Muitos desses bonecos ganham cartazes com nomes de
políticos que tenham desagradado a população. Essas festividades são um campo
riquíssimo de estudos do folclore, dos usos e costumes deste país tão peculiar,
e com um povo tão religioso e criativo.
(Artigo publicado na página 2, do caderno
Metropolitano, do Correio Popular, em 13 de abril de 1995)
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