As leis da física, que mentes brilhantes e inquisitivas
descobriram (pois sempre existiram, criadas que foram por uma mente muito
maior) e sistematizaram, deixam-me cada vez mais pasmo, à medida que as aprendo
e analiso. Elas apenas aumentam as dimensões do grande mistério, que é esse
universo, com número inconcebível (à parca e tão limitada inteligência humana)
de quantificar de mundos. Matéria e energia são dois fatores fascinantes e
incríveis e agem como miragens. Parecem uma coisa e na verdade são outras. O
que nos parece absolutamente sólido, como a madeira da escrivaninha que utilizo
para escrever estas reflexões, por exemplo, na verdade, quando analisado ao
microscópio, se revela oco, com mais espaços vazios do que matérias concretas
(no caso, os átomos). Quanto mais aumentasse o poder das lentes e penetrasse
mais e mais no âmago desse objeto (aparentemente inteiriço) menos rígido,
certamente, ele se apresentaria. Jorge Luiz Borges induz os leitores a esta
instigante reflexão, neste trecho do seu livro “História da Eternidade”: “No
terceiro livro da Eneida, lemos que a matéria é irreal: uma simples e oca
passividade que recebe as formas universais como um espelho as receberia: estas
a agitam e povoam sem alterá-la. Sua plenitude é precisamente a de um espelho,
que aparenta estar cheio e está vazio; é um fantasma que nem sequer desaparece,
porque não tem nem ao menos a capacidade de cessar. O fundamental são as
formas”. Tudo é questão de ponto de vista.
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Um exemplo da imperfeição imperceptível é o que ocorre
com uma pintura de algum grande mestre (Ticiano, Rafael, Rembrandt ou Leonardo
da Vinci, por exemplo). Se observarmos um determinado quadro, a uma boa
distância, este se revelará íntegro e perfeito, sem nenhum hiato ou falha no
espalhar das tintas. Ao nos aproximarmos bastante da tela, todavia,
observaremos os rastros do pincel, que antes não podiam ser vistos. Poderemos,
se formos especializados na matéria, determinar até o estilo de pincelada de
cada artista, que é diferente um do outro. Veremos, sobretudo, que a tinta não
está espalhada com tanta uniformidade assim como antes parecia. Se submetermos
a pintura a análise microscópica, descobriremos outras tantas imperfeições que
jamais nos passariam pela cabeça que houvesse. Faltou talento ao artista? Muito
pelo contrário! Há excesso dele, por saber criar a “ilusão” de perfeição quando
observamos a tela na distância ideal. O mesmo, guardadas as devidas proporções,
ocorre com a matéria. Vista bem de pertinho, ela se torna tão irreal ao ponto
de, como Borges ressalta, se constituir num “fantasma que nem sequer
desaparece, porque não tem ao menos a capacidade de cessar”. Portanto, na
física (e na pintura), como assegura o escritor argentino, “o fundamental são
as formas”.
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