Agressor
é estranho
Pedro J.
Bondaczuk
Um dos casos mais conhecidos de estupradores,
desconhecidos das vítimas, no Brasil, é o do motoboy Francisco de Assis
Pereira, apelidado de "Maníaco do Parque", preso em 1998, no Sul do
País, e atualmente encarcerado no presídio de segurança máxima em Taubaté, no
Vale do Paraíba, aguardando julgamento por seus crimes.
O famoso "serial-killer" matava suas
vítimas, depois de consumar o estupro, para não ser posteriormente
identificado. Responde por pelo menos sete assassinatos, embora tenha admitido
que possa ter assassinado onze mulheres ou mais.
O maníaco atraía suas vítimas, apresentando-se como
publicitário, em busca de modelos. Convidava-as para alegadas sessões de foto e
as levava para o Parque do Estado, na periferia de São Paulo, onde as
estuprava, e depois matava, enterrando seus corpos.
Raros, porém, são os estupradores que matam suas
vítimas. Na maioria das vezes, confiam na eficácia das ameaças de morte que
fazem. Assaltantes têm recorrido a estupros, quando querem que o assalto não
seja denunciado à polícia. Em muitos casos, a ação tem sortido efeito, já que
por uma questão até de preconceito, a família prefere manter o caso em segredo.
Estatísticas, revelam, por outro lado, que ataques
sexuais contra mulheres aumentam em noites frias, em especial as de fim de
semana. Os agressores atacam em locais onde a probabilidade de serem flagrados
é pequena, como terrenos baldios, casas abandonadas, matagais e locais isolados
da cidade. Nas noites frias, o número de pessoas circulando pelas ruas é bem
menor e a chance do criminoso ser pego é muito mais remota.
Desde 1999, houve sensível um aumento na média
mensal de crimes sexuais, como estupros, tentativas de estupro e atentados
violentos ao pudor, da ordem de 16,7% em todo o País. Oitenta por cento das
vítimas desse crime, no Brasil, são meninas entre 10 e 16 anos.
Todavia, os crimes sexuais estão entre os de menor
notificação, por causa do medo ou do constrangimento das pessoas agredidas.
Entre 80% e 95% das ocorrências nunca chegam ao conhecimento das autoridades.
A incidência maior de crimes sexuais no Brasil recai
sobre adolescentes (31,6% na faixa etária de 15 a 19 anos) e adultas jovens
(22,4% na faixa de 20 a 24 anos). Mas em nenhuma idade a mulher é poupada desse
tipo de violência sexual. A imprensa já noticiou casos envolvendo desde recém
nascidas até idosas centenárias.
Do livro ‘Guerra dos Sexos”,
Pedro J. Bondaczuk, 1999, inédito.
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