Discriminação
profissional
Pedro J. Bondaczuk
O trabalho da mulher, hoje em dia, da forma em que
está colocado, é mais uma nova e penosa carga sobre os seus frágeis (mas
resistentes) ombros, do que a "retumbante conquista" com que é
apregoado. Ela é discriminada tanto nas promoções, quanto, e principalmente,
nos salários. Trabalha muito mais do que o homem e ganha muito menos.
Quando uma empresa quer reduzir custos, sem afetar a
produção, invariavelmente recorre à maciça mão de obra feminina, mais barata, e
no entanto tão eficaz (quando não mais) do que a masculina. Quando a economia
vai de vento em popa, elas são as primeiras a serem demitidas.
Não raras são aquelas que enfrentam dupla jornada,
nas fábricas, escritórios e universidades, e no lar, nos cuidados da família.
Mas a remuneração é muito, bastante aquém daquilo que produzem. O Escritório
Internacional do Trabalho apurou que, em 1995, 32,5 milhões de meninas
trabalhavam no mundo, sem levar em conta o trabalho doméstico feito por elas,
muitas vezes em regime de escravidão. Estavam, portanto, fora das escolas.
Como se observa, o mercado de trabalho não está
fechado à mão de obra feminina. Muito pelo contrário. As vantagens, no entanto,
são todas dos empregadores. Estatísticas revelam que mais de 45% das mulheres
do mundo trabalham, hoje em dia, fora de casa.
Suas idades variam entre os 15 e os 64 anos.
Representam, atualmente, mais da metade da população ativa nos países
industrializados, contra 37% na Europa Ocidental e 30% nos Estados Unidos.
Raras, no entanto, conseguem completar o tempo necessário para a aposentadoria.
A maioria ganha, em média, três quartos do salário do
homem pelo mesmo trabalho, exceto na agricultura. Esta desigualdade é válida
tanto no chamado Primeiro Mundo, quanto nos países em vias de industrialização.
E a diferença não diminui.
Não é de se estranhar, portanto, que haja crescente
procura pela mão de obra feminina. Não se trata, como se vê, de magnanimidade
ou de ato de generosidade. Mas quando as coisas "apertam", as
mulheres são as primeiras a amargar demissões. A argumentação dos patrões
(falsa, por sinal), é a de que elas não são "chefes de família"
(parte considerável, hoje em dia, é).
Principais vítimas da recessão dos anos 90, as
mulheres desempregadas são entre 50% e 100% mais numerosas do que os homens em
muitos países industrializados. Mas só ocupam 6% dos cargos de altos executivos
no mundo. Justificativa? Nenhuma! No Sudeste e Leste da Ásia, representam até
80% das pessoas empregadas nas indústrias de exploração.
Dez mil empregadas domésticas, de menos de 14 anos,
trabalham apenas em Dacar, no Senegal, e recebem em média US$ 80 por mês. As
mulheres russas, que nos 74 anos de existência da União Soviética ocupavam
"status" privilegiado, e eram por isso invejadas por suas colegas do
Ocidente, são hoje as principais vítimas
do desemprego. Representam, em certas regiões, 90% dos desempregados.
Na Europa Ocidental, as operárias trabalham uma
média de seis horas a mais do que os homens. Na América Latina, a diferença é
de sete horas e na África, de 12 a 13 horas. Mas as mulheres ganham, em média,
no mundo, apenas de 50% a 80% dos salários dos homens.
No Japão e na Coréia do Sul, são inferiores à
metade. Na América Latina, recebem remunerações de 44% a 77% do equivalente
pago aos colegas masculinos. E no conjunto dos países desenvolvidos, ganham
entre 10% e 30% a menos, de acordo com cifras da Organização Internacional do
Trabalho.
Do livro “Guerra dos Sexos”, Pedro J. Bondaczuk,
1999, inédito.
No comments:
Post a Comment