Mortes
na gravidez e no parto
Pedro J.
Bondaczuk
Um dos direitos mais sagrados da mulher é o de
acesso aos meios de preservação da sua saúde, principalmente no momento mais
importante e sublime da sua vida, o da maternidade. A maioria, no entanto, não dispõe
desses recursos de fica entregue à própria sorte, com conseqüências terríveis,
que abreviam a sua vida e põem em risco a sobrevivência dos filhos.
A Organização das Nações Unidas para a Infância,
Unicef, informou, em seu relatório relativo a 1996, que cerca de 600 mil
mulheres do Terceiro Mundo morrem, anualmente, ao dar a luz, sem receber ajuda
médica ou em hospitais mal aparelhados. Isso equivale a l.600 mortes diárias!
De lá para cá, as coisas não se alteraram muito.
Mais de 140 mil mães morrem anualmente em
conseqüência de hemorragias e outras 100 mil de septicemia, ou seja, infecção
generalizada, por causa da presença no útero de fragmentos da placenta que não
são expulsos e apodrecem. Outras 75 mil acabam mortas, anualmente, em abortos
praticados por elas mesmas e outras 75 mil em conseqüência de danos cerebrais e
renais relacionados com a gravidez sem assistência médica.
Quarenta mil mulheres morrem anualmente por causa do
chamado "parto obstruído". As contrações uterinas comprimem o crânio
do bebê, asfixiado contra uma pélvis demasiadamente pequena. Para cada mulher
que morre, outras 30 sofrem lesões, em alguns casos permanentes, pela ruptura
do útero, doenças inflamatórias da pélvis e perda do controle da urina.
Estes dados da Unicef foram compilados com a ajuda
da Universidade John Hopkins, dos Estados Unidos, e da Organização Mundial da
Saúde e são, portanto, da maior credibilidade. A conclusão é que pelo menos 15
milhões de mulheres sofrem, anualmente, algum tipo de dano na gravidez ou no
parto, que terá profundos efeitos em suas vidas.
Uma em cada 13, na África subsaariana; e uma em cada
35, no Sul da Ásia, morrem de complicações da gravidez ou do parto. Na América
Latina, a taxa de mortalidade materna vai desde 650 mortes para cada 100 mil
nascimentos, na Bolívia, a 55 por 100 mil no Panamá e na Costa Rica.
A média regional mais elevada se registra na África
subsaariana, onde a assistência médica às mulheres grávidas ou não existe, ou é
extremamente deficiente. Essa área registra 980 mortes para cada 100 mil
nascimentos. É seguida pela média da Ásia Central (560), Ásia-Pacífico (390),
Oriente Médio e Norte da África (300). De uma forma ou de outra, conclui-se
que meio bilhão de mulheres morrem todos
os anos, por causas relacionadas com a gravidez.
Do livro “Guerra dos Sexos”,
Pedro J. Bondaczuk, 1999, Inédito.
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