Tuesday, October 07, 2014

O nosso nascimento é a culminância de um processo que começou num tempo remotíssimo,  que ninguém tem ciência de “quando” e “como” começou, por não haver o mínimo registro dessa origem. Todavia, a lógica indica que somos descendentes diretos do casal original (foi Adão e Eva? Foi outro? Qual?) que um dia surgiu sobre a Terra. Se ele não existisse, não estaríamos aqui, encarando essa aventura fascinante e misteriosa, da qual desconhecemos o epílogo (embora possamos intuir). Arthur Schopenhauer (citado por Jorge Luiz Borges no livro “História da Eternidade”), levanta, a respeito, instigante questão, que pode não ser prática (e não é), mas que não deixa de ser interessante para reflexão. O filósofo alemão constata, para em seguida indagar: “Uma infinita duração precedeu ao meu nascimento: o que fui eu enquanto isso?”. Nada?! Não pode ser! Afinal, pela lei de transformação da matéria, “na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”. Ademais, só vida pode gerar outra vida. Portanto, existo não a partir da minha concepção (e muito menos do meu nascimento), mas desde o instante em que o primeiro casal humano passou a existir. Ou estou errado?


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Partículas infinitésimas de ADN, do que viriam a ser os meus genes, existiam desde quando surgiu o primeiro casal humano e foram se combinando, através dos milênios, no relacionamento de cada um dos pares que se tornaram meus ancestrais, até desembocar na combinação final dos meus pais. O miraculoso de tudo isso é que em cada ejaculação, bilhões de espermatozóides, potencialmente férteis, podem fecundar cerca de um milhar de óvulos, para formar um novo ser. No entanto, em cada etapa desse milenar processo, apenas um vingou. E isso vale para todos os machos e fêmeas dos quais tenho nem que seja infinitésima característica, a partir do casal original. Daí não ser impróprio, e muito menos errado, concluir que sou “um milagre”. Trago à baila, porém, a pergunta de Arthur Schopenhauer: “O que fui eu enquanto isso?”. E o filósofo alemão responde: “Metafisicamente, poderia talvez responder-me: Eu sempre fui eu; quer dizer, todos que disseram eu durante esse tempo não eram outros senão eu”. Há alguma falha, alguma contradição, algum erro de princípio nesse raciocínio? Claro que não! Mas fica uma nova pergunta no ar (esta apenas minha): Depois de sobreviver, da origem do homem até hoje, minha morte será, de fato, o epílogo dessa tão longa e misteriosa aventura? A intuição sugere-me que não! A realidade dos fatos, porém, indica que sim. Onde a verdade?

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“A Passagem dos Cometas” – Edir Araújo – Contato: edir-araujo@hotmail.com
“Aprendizagem pelo Avesso” Quinita Ribeiro Sampaio – Contato: ponteseditores@ponteseditores.com.br
“Um dia como outro qualquer” – Fernando Yanmar Narciso.  

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