Poluição é a grande "vilã"
Pedro J. Bondaczuk
Os perigos da destruição da Terra, e
conseqüentemente de tudo o que há sobre ela, aumentaram proporcionalmente ao
crescimento do poder do homem sobre a natureza, com o desvendamento de vários
dos seus segredos. O átomo, por exemplo, que pode se tornar fonte energética
inesgotável, desde que explorado de forma correta, prudente e perita, tem o
condão de oferecer a algum insano uma possibilidade destrutiva jamais sonhada
há somente 45 anos.
O chamado "Homo Sapiens" não se contentou
em utilizar esse potencial imenso apenas para trazer mais conforto às
comunidades que criou. Pretendeu ir (e foi) mais longe. Adquiriu um poder que
seus ancestrais jamais atinaram ser possível. Ou seja, o de destruir a Terra. E
não somente isso. Num assomo de insanidade, criou armas em quantidade
suficiente para arrasar não somente um planeta como o nosso, mas uma centena
deles.
A revolução pacífica que se desenrola no Leste
europeu, a sofrida democratização da União Soviética, a distensão que se
verifica na África do Sul e a extirpação de vários focos de tensão no mundo,
não são salvaguardas suficientes para a humanidade de que ela está segura.
Afinal, os monstruosos artefatos nucleares construídos pelas superpotências
ainda repousam em seus arsenais. Sua simples existência torna o momento
presente sumamente precioso, já que ninguém sabe o que pode acontecer no minuto
seguinte. Um acidente, um ataque de loucura do responsável por apertar o
fatídico botão de disparo dos "mensageiros da destruição", têm o
condão de reverter tudo. De explodir, repentinamente, a Terra em monstruosos
cogumelos de fogo que, em segundos, destruiriam o que gerações e mais gerações
levaram cerca de 15 mil anos para construir.
Mas embora esse seja o risco mais iminente, não é o
único e nem a forma mais provável de extermínio da vida no Planeta. O grande
"vilão", após as armas nucleares, ao qual a opinião pública precisa
desesperadamente prestar atenção, é a poluição. A insensata e criminosa agressão
ao meio ambiente. As leis da natureza são inflexíveis. Uma vez rompido o
equilíbrio, ninguém conseguirá restabelecê-lo a não ser em longuíssimo prazo.
Coisa de milhares, quiçá milhões de anos.
A atmosfera fica, a cada dia que passa, mais
irrespirável, dado o lançamento de toneladas de gases tóxicos no ar
diariamente. A camada de ozônio vai rareando, de ano para ano, expondo os seres
vivos aos letais raios ultravioletas. Os mares transformam-se em esgotos, eles
que sempre foram tidos como a derradeira reserva alimentar da humanidade, como
uma espécie de "armazém", de "almoxarifado". São coisas
desagradáveis de se pensar, mas que se não forem cogitadas, podem trazer um mal
maior, posto que irreversível. Podem nos levar a todos à anulação,
inexistência, destruição, jogando por terra todos os nossos sonhos e esforços.
(Artigo publicado na página 12, Internacional, do
Correio Popular, em 8 de março de 1990)
Acompanhe-me pelo twitter: @bondaczuk
No comments:
Post a Comment