Problemas que inibem produção em
alta escala
Pedro J.
Bondaczuk
A indústria de informática no
Brasil, a despeito de dificuldades – algumas gerais, inerentes a vários outros
setores (como a incerteza gerada pelo Plano Verão), e outras setoriais –, está
avançando. É verdade que ainda falta muito para o computador, em especial o
micro, ser um produto popularizado, ao alcance de qualquer cidadão médio.
Uma das dificuldades para isso é
o seu preço. Nós mesmos, analisando isto, recentemente, atribuímos o fato à
ausência de uma produção em escala. Todavia, um informe da Associação
Brasileira da Indústria de Computadores e Periféricos, divulgado recentemente,
mostra que a questão não é tão simples quanto se possa supor a princípio.
A Abicom revelou que está procedendo
a um levantamento sobre custos, tendo já chegado a algumas conclusões. Uma
delas é que os impostos chegam a representar quase 50% do seu faturamento. Ou
seja, o governo acaba sendo o principal “sócio” das empresas.
Em 1988, por exemplo, de US$ 2,4
bilhões faturados, mais de US$ 1 bilhão foram destinados aos tributos. Assim
não dá mesmo para tornar os produtos acessíveis a todos. Por outro lado, dois
terços do custo da indústria de informática são provenientes da área
eletrônica. Esta, aliás, sob o pretexto da promoção do desenvolvimento
regional, está concentrada, em boa parte, na Zona Franca de Manaus.
Com isso, seus produtos acabam
saindo caro, dado o fator transportes. Os componentes eletrônicos para
computadores, por exemplo, chegam a custar de duas a oito vezes mais do que
aquilo que é cobrado no mercado internacional.
Produzir em escala, nessas circunstâncias, chega a ser não
somente uma grande dificuldade, mas até uma impossibilidade. Detectado o
problema (pelo menos parte dele) é indispensável que se procurem soluções. Caso
contrário, os produtos de informática “made in Brazil” jamais serão
competitivos no Exterior, e nem internamente, assim que a lei de reserva de
mercado for revogada (e um dia, fatalmente, ela será).
(Artigo meu, publicado sob pseudônimo na página 11, Editoria de
Informática do Correio Popular, em 7 de abril de 1989).
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