Wednesday, July 16, 2014

A Natureza e a Vida

Pedro J. Bondaczuk

Os homens estão, literalmente, destruindo, arrasando, "matando" o único planeta do Sistema Solar que conta com esse fenômeno maravilhoso, e aparentemente raro, chamado “Vida”. E agem assim, com tamanha inconsciência e insanidade, por qual razão? Em troca do quê? Comportam-se dessa maneira em nome de algo vago e mutante, de significado variado de pessoa para pessoa, denominado de "progresso" (na língua portuguesa. Em outros tantos idiomas tem variadas denominações, mas todas com o mesmo significado: vago e indefinido). Inúmeras regiões da Terra estão passando por processos contínuos de desertificação. Dessa forma, sua área habitável, essa casquinha de solo – de silicatos e outras rochas – cercada de água salgada por todas as partes, a cada dia se torna menor, no que se refere à habitabilidade. Ou seja, o Planeta, se encolhe e se restringe mais e mais para o homem e para milhares de espécies não aquáticas, as não anfíbias.

Florestas inteiras desaparecem, anualmente, como num piscar de olhos, para dar lugar, na maioria das vezes, a simples pastagens. Que absurdo! Que insensato desperdício de recursos naturais que, certamente, irão fazer falta algum dia (aliás, já fazem). É verdade que a questão preservacionista tem merecido crescente espaço na imprensa. Em vão. A depredação segue em ritmo acelerado, e se acelera mais e mais, tudo em nome dessa coisa vaga, chamada de “progresso”. Ao traçarmos ligeiro esboço da estupidez humana (seriam necessários tratados e mais tratados para relatar seu real tamanho), surge, mais do que de imediato, a pergunta: “Vale a pena desequilibrar a natureza apenas para que a nossa locomoção, por exemplo, seja mais rápida? É lícito que nos arrisquemos a morrer sufocados, só para que possamos andar elegantemente trajados? É vantajoso trocarmos nossos rios por mais açúcar (que ademais, em certa medida, é um “doce veneno”) ou papel; ou tantas outras coisas que nossos antepassados desconheciam e que consideramos ‘essenciais’. Faz sentido trocarmos os peixes dos nossos mares por mais petróleo?” A resposta me parece óbvia, mas... E chamamos a isso tudo que aí está de "progresso"!!!

Não temos, individualmente, condição alguma de deter qualquer mudança. Nem a boa e nem a má. O processo foge de nosso controle. Somos frágeis demais para interferirmos nele. O que podemos fazer é apenas nos adaptarmos às mudanças e, quando forem ruins, tornar seus efeitos o menos perniciosos possíveis. O homem, caso queira legar um mundo melhor às gerações futuras (isso se elas existirem), deve interferir positivamente no meio ambiente. Como? Preservando, o mais que possa, os delicados e frágeis ecossistemas. Cuidando da pureza do ar e da água. Não depredando e não poluindo. Isso é tão óbvio, que se torna inacreditável constatar que a maioria parece não entender essa necessidade. Mas não entende. Precisamos respeitar as inflexíveis leis da natureza, que regem nossa existência, e jamais tentar mudá-las, sob pena de desaparecermos como espécie.

Hoje a Terra corre o risco, por exemplo, do chamado "efeito-estufa", perigoso aquecimento planetário, capaz de provocar uma catástrofe de dimensões imprevisíveis para todos os seres vivos. A questão é controversa e há teses bem fundamentadas nas duas direções. Ou seja, a de que o processo já estaria em pleno andamento e seria irreversível. E a que garante que as alterações que verificamos são naturais e cíclicas e que a ação humana é insuficiente para alterar algo tão gigantesco. Quem está com a razão? Não sei! Tomara que sejam os que negam o “efeito-estufa” e, sobretudo, sua irreversibilidade. Mas...

O Planeta, se o temível aquecimento global realmente acontecer, frise-se, tem condições de se regenerar. Todavia, a regeneração, como tudo na natureza, demandaria tempo, muito tempo, coisa de milhões, quiçá bilhões de anos. Mas a espécie humana tem, somente, um punhado de milhares de anos de existência, qualquer coisa como 40 mil ou, no máximo, cem mil anos. E a vida? Esta jamais se regenera! Quem morrer, morreu. Não conheço ninguém que haja “ressuscitado” e que seja eterno. A natureza "defende-se" dos depredadores e o ser humano é seu elo mais frágil, embora não se dê conta. Caso desapareça, não fará a menor falta ao Planeta.

Rios e mais rios mundo afora estão sendo transformados em cloacas a céu aberto. E isso há já  milênios e mais milênios, embora o processo esteja se acentuando agora, dada a natural multiplicação da espécie. E os mares? Quanta sujeira acolhem! Vocês já imaginaram o quanto, somente de dejetos (fezes e urina) os mais de sete bilhões de seres humanos produzem a cada dia? Podemos apenas imaginar, mas jamais calcular sequer aproximadamente. Suponhamos que o homem esteja sobre a Terra há 40 mil anos. Quantos já habitaram o Planeta nesse tempo todo? Também, só podemos imaginar. Suponho que esse número gire por volta de cem bilhões. E todos eles geraram dejetos (fezes e urina) diariamente, pelo tanto de anos que viveram. E onde estão esses restos orgânicos? A natureza regenerou-os. Transformou-os em outras substâncias, muito diferentes das originais e não nocivas ao homem. Afinal, “na natureza nada se cria e nada se perde, tudo se transforma”. Não fosse essa lei natural, descoberta pelo cientista francês Antoine de Lavoisier, há muito o Planeta seria inabitável, por estar emporcalhado.

Desde o início da Revolução Industrial, do século XVII, toneladas de enxofre, centenas de vezes superiores à quantidade que teria varrido do mapa as cidades bíblicas de Sodoma e Gomorra, junto ao Mar Morto, são lançadas diariamente na atmosfera. E a quantidade aumenta não de ano para ano, mas de dia para dia. Ainda assim, a natureza resiste. “Transforma” esses produtos químicos, nocivos à vida, impedindo que sejamos envenenados. Mas essa regeneração tem limites, tanto quantitativos, quanto temporais. Será que ele não está próximo de ser atingido? Como saber? Não há como. O mais prudente é prevenir.

Outras dezenas, quiçá milhares de agressões ao meio ambiente são cometidas diariamente, em todas as regiões da Terra. E ninguém parece se preocupar seriamente com isso. Espécies inteiras de animais e plantas já desapareceram ou estão desaparecendo para sempre e outras tantas estão fatalmente com dias contados. É a vida que está em perigo e que pede socorro! Reitero: a natureza se regenera, contando com todo o tempo, quiçá a eternidade, para tal. E a vida? Esta, depois de desaparecer, certamente não terá como retornar. Não, pelo menos, a ponto de voltar a gerar outro ser, supostamente inteligente, como o homem se jacta de ser. Pensemos nisto!


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