A
Natureza e a Vida
Pedro J. Bondaczuk
Os homens estão, literalmente,
destruindo, arrasando, "matando" o único planeta do Sistema Solar que
conta com esse fenômeno maravilhoso, e aparentemente raro, chamado “Vida”. E
agem assim, com tamanha inconsciência e insanidade, por qual razão? Em troca do
quê? Comportam-se dessa maneira em nome de algo vago e mutante, de significado
variado de pessoa para pessoa, denominado de "progresso" (na língua
portuguesa. Em outros tantos idiomas tem variadas denominações, mas todas com o
mesmo significado: vago e indefinido). Inúmeras regiões da Terra estão passando
por processos contínuos de desertificação. Dessa forma, sua área habitável,
essa casquinha de solo – de silicatos e outras rochas – cercada de água salgada
por todas as partes, a cada dia se torna menor, no que se refere à
habitabilidade. Ou seja, o Planeta, se encolhe e se restringe mais e mais para
o homem e para milhares de espécies não aquáticas, as não anfíbias.
Florestas inteiras desaparecem,
anualmente, como num piscar de olhos, para dar lugar, na maioria das vezes, a
simples pastagens. Que absurdo! Que insensato desperdício de recursos naturais
que, certamente, irão fazer falta algum dia (aliás, já fazem). É verdade que a
questão preservacionista tem merecido crescente espaço na imprensa. Em vão. A
depredação segue em ritmo acelerado, e se acelera mais e mais, tudo em nome
dessa coisa vaga, chamada de “progresso”. Ao traçarmos ligeiro esboço da
estupidez humana (seriam necessários tratados e mais tratados para relatar seu
real tamanho), surge, mais do que de imediato, a pergunta: “Vale a pena
desequilibrar a natureza apenas para que a nossa locomoção, por exemplo, seja
mais rápida? É lícito que nos arrisquemos a morrer sufocados, só para que
possamos andar elegantemente trajados? É vantajoso trocarmos nossos rios por
mais açúcar (que ademais, em certa medida, é um “doce veneno”) ou papel; ou
tantas outras coisas que nossos antepassados desconheciam e que consideramos
‘essenciais’. Faz sentido trocarmos os peixes dos nossos mares por mais
petróleo?” A resposta me parece óbvia, mas... E chamamos a isso tudo que aí
está de "progresso"!!!
Não temos, individualmente,
condição alguma de deter qualquer mudança. Nem a boa e nem a má. O processo
foge de nosso controle. Somos frágeis demais para interferirmos nele. O que
podemos fazer é apenas nos adaptarmos às mudanças e, quando forem ruins, tornar
seus efeitos o menos perniciosos possíveis. O homem, caso queira legar um mundo
melhor às gerações futuras (isso se elas existirem), deve interferir
positivamente no meio ambiente. Como? Preservando, o mais que possa, os
delicados e frágeis ecossistemas. Cuidando da pureza do ar e da água. Não
depredando e não poluindo. Isso é tão óbvio, que se torna inacreditável
constatar que a maioria parece não entender essa necessidade. Mas não entende.
Precisamos respeitar as inflexíveis leis da natureza, que regem nossa
existência, e jamais tentar mudá-las, sob pena de desaparecermos como espécie.
Hoje a Terra corre o risco, por
exemplo, do chamado "efeito-estufa", perigoso aquecimento planetário,
capaz de provocar uma catástrofe de dimensões imprevisíveis para todos os seres
vivos. A questão é controversa e há teses bem fundamentadas nas duas direções.
Ou seja, a de que o processo já estaria em pleno andamento e seria irreversível.
E a que garante que as alterações que verificamos são naturais e cíclicas e que
a ação humana é insuficiente para alterar algo tão gigantesco. Quem está com a
razão? Não sei! Tomara que sejam os que negam o “efeito-estufa” e, sobretudo,
sua irreversibilidade. Mas...
O Planeta, se o temível
aquecimento global realmente acontecer, frise-se, tem condições de se
regenerar. Todavia, a regeneração, como tudo na natureza, demandaria tempo,
muito tempo, coisa de milhões, quiçá bilhões de anos. Mas a espécie humana tem,
somente, um punhado de milhares de anos de existência, qualquer coisa como 40
mil ou, no máximo, cem mil anos. E a vida? Esta jamais se regenera! Quem
morrer, morreu. Não conheço ninguém que haja “ressuscitado” e que seja eterno.
A natureza "defende-se" dos depredadores e o ser humano é seu elo
mais frágil, embora não se dê conta. Caso desapareça, não fará a menor falta ao
Planeta.
Rios e mais rios mundo afora
estão sendo transformados em cloacas a céu aberto. E isso há já milênios e mais milênios, embora o processo
esteja se acentuando agora, dada a natural multiplicação da espécie. E os
mares? Quanta sujeira acolhem! Vocês já imaginaram o quanto, somente de dejetos
(fezes e urina) os mais de sete bilhões de seres humanos produzem a cada dia?
Podemos apenas imaginar, mas jamais calcular sequer aproximadamente. Suponhamos
que o homem esteja sobre a Terra há 40 mil anos. Quantos já habitaram o Planeta
nesse tempo todo? Também, só podemos imaginar. Suponho que esse número gire por
volta de cem bilhões. E todos eles geraram dejetos (fezes e urina) diariamente,
pelo tanto de anos que viveram. E onde estão esses restos orgânicos? A natureza
regenerou-os. Transformou-os em outras substâncias, muito diferentes das
originais e não nocivas ao homem. Afinal, “na natureza nada se cria e nada se
perde, tudo se transforma”. Não fosse essa lei natural, descoberta pelo
cientista francês Antoine de Lavoisier, há muito o Planeta seria inabitável,
por estar emporcalhado.
Desde o início da Revolução
Industrial, do século XVII, toneladas de enxofre, centenas de vezes superiores
à quantidade que teria varrido do mapa as cidades bíblicas de Sodoma e Gomorra,
junto ao Mar Morto, são lançadas diariamente na atmosfera. E a quantidade
aumenta não de ano para ano, mas de dia para dia. Ainda assim, a natureza
resiste. “Transforma” esses produtos químicos, nocivos à vida, impedindo que
sejamos envenenados. Mas essa regeneração tem limites, tanto quantitativos,
quanto temporais. Será que ele não está próximo de ser atingido? Como saber?
Não há como. O mais prudente é prevenir.
Outras dezenas, quiçá milhares de
agressões ao meio ambiente são cometidas diariamente, em todas as regiões da
Terra. E ninguém parece se preocupar seriamente com isso. Espécies inteiras de
animais e plantas já desapareceram ou estão desaparecendo para sempre e outras
tantas estão fatalmente com dias contados. É a vida que está em perigo e que
pede socorro! Reitero: a natureza se regenera, contando com todo o tempo, quiçá
a eternidade, para tal. E a vida? Esta, depois de desaparecer, certamente não
terá como retornar. Não, pelo menos, a ponto de voltar a gerar outro ser,
supostamente inteligente, como o homem se jacta de ser. Pensemos nisto!
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